Temporal volta a provocar transtornos e estragos em Friburgo

Enxurrada abre cratera em rua e deixa condomínio sem acesso no Vale dos Pinheiros
quinta-feira, 02 de janeiro de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A cratera aberta pela chuva no Vale dos Pinheiros (Reprodução da web)
A cratera aberta pela chuva no Vale dos Pinheiros (Reprodução da web)

O temporal da tarde desta quinta-feira, 2, mais uma vez provocou transtornos em Nova Friburgo. Ruas do Centro, como nas proximidades do Clube de Xadrez, voltaram a alagar, dificultando o trânsito (foto).

No Sítio da Pedra, no Vale dos Pinheiros, a enxurrada abriu uma cratera numa das vias do bairro e deixou um condomínio inteiro sem acesso. Um poste de energia também ficou ilhado, com risco de cair (foto).

Segundo a Prefeitura de Nova Friburgo, uma equipe da Secretaria de Obras esteve no local para avaliar a situação, mas, por conta do poste que ameaça tombar, uma nova avaliação será feita  nesta sexta, na parte da manhã. A concessionária de energia, Energisa, foi acionada para tomar as devidas providências em relação ao poste.

O temporal também deixou duas casas interditadas em Santa Bernadete, em São Geraldo, e prejudicou o itinerário de 12 linhas de ônibus. Segundo informações da Defesa Civil, o Jardim Califórnia, em Conselheiro Paulino, foi o local onde mais choveu. Na cidade inteira o volume da chuva foi calculado em 45 mm.

Imagens que circularam nas redes sociais mostraram ruas alagadas na Vila Amélia, na Praça do Suspiro e Centro. No distrito de Amparo, apesar da tensão dos moradores, até o momento nenhuma ocorrência ou agravamento da situação havia sido registrada. O Nupdec e moradores estão em alerta permanente.

A Defesa Civil informou que foi registrado um pequeno transbordo no encontro entre o Rio Córrego Dantas e o Rio Bengalas, mas a situação foi normalizada ainda na quinta-feira. No Floresta houve um escorregamento de talude, em pequenas proporções. O local está em meia pista. Não houve vítimas em nenhuma das ocorrências.

A concessionária de energia já foi acionada para as devidas providências em relação ao poste. A água das áreas que registraram alagamento escoou rapidamente. Até o momento, não há desalojados ou desabrigados e as sirenes não foram acionadas. Moradores de área de risco devem ficar atentos aos avisos oficiais. O município está em estado de alerta.

A direção da Faol emitiu uma nota informando a alteração no itinerário de linhas de ônibus. Confira as linhas afetadas:

  1. Amparo / Tiradentes: indo até o campo, devido a queda da rua.
  2. Alto do Catete: suspensa por conta da lama na estrada.
  3. Bairro Novo: manobrando até o local da antiga manobra.
  4. Colonial 61: indo até a ponte branca, por conta de buraco na estrada.
  5. Cordoeira (micro): indo e voltando pela Vila Guarani, devido a buraco na estrada.
  6. Perissê: manobrando na Casa Ypu devido a buracos na Rua Campos Sales.
  7. Retiro: manobrando um ponto antes do ponto final, devido a buracos na estrada.
  8. Rio Grande de Cima: Está indo até a ponte devido a buracos na estrada.
  9. Riograndina via Maringá: manobrando no Armazém. Obras da prefeitura no Maringá.
  10. Salinas: indo até o asfalto devido a lama na estrada.
  11. Indo até a ponte devido a buraco no início da subida
  12. Vale dos Pinheiros: indo até a Rua Maria José de Andrade Vieira, manobrando em frente ao Refúgio Kampai, devido a queda de rua.

Mais chuvas nesta sexta

A formação de grandes aglomerados de nuvens do tipo Cumulonimbus e da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), como é chamado o canal de umidade que vem da Amazônia, possibilita grandes volumes  de chuva entre esta quarta e quinta-feira, 2 e 3 de janeiro. São esperadas chuvas de 100 a 150 milímetros para cada 12 horas. Uma depressão subtropical, ou área de baixa pressão, sobre oceano contribui para as áreas de instabilidades sobre a Região Sudeste.

Distrito de Amparo permanece em vigilância constante

Semana passada a equipe de A VOZ DA SERRA foi até o distrito de Amparo para registrar os estragos que a chuva do último dia 22 havia causado. Constatou-se que um trecho da Estrada do Amparo cedeu na altura da curva da morte, e a passagem ficou interditada para ônibus e caminhões. As crateras abertas por conta da força da água deixou, inclusive, alguns moradores sem poder sair de casa com seus veículos.

A razão do problema apontada por moradores e pelos membros do Núcleo de Proteção e Defesa Civil (Nupdec) de Amparo é o bloqueio das sarjetas que impedem que a água da chuva passe por dentro de um sítio. Com isso, toda a água vai para as manilhas que não comportam o volume e desce pela Estrada de Amparo.

Nesta quinta, 2, nossa equipe foi mais adiante para entender e mostrar ao leitor como a situação do distrito está: a um pequeno passo de um colapso geral. Impossibilitados de seguir pela estrada de carro, nossa equipe foi a pé a um dos locais onde somente motocicletas ou pessoas à cavalo conseguem passar. O trecho da Estrada Velha do Amparo estava interditado para passagem de veículos por conta do afundamento da pista e lama.

Pela manhã, um caminhão de uma empresa de telefonia estava no local para realizar manutenção e reestabelecer o sinal que, desde o temporal do dia 22, estava oscilando. O veículo não conseguiu realizar o serviço porque no trajeto, a rua cedeu e o caminhão atolou. Demorou umas duas horas e meia até que um trator que estava a serviço da prefeitura, nas obras de reparo, foi até o local para ajudar a tirar o caminhão que corria sério risco de tombar.

Cerca de 300 metros de onde o caminhão quase tombou, nos deparamos com os pontos cruciais do tormento dos moradores de Amparo: os desvios das sarjetas. Jonnathan Rodrigues e Otavio Machado, membros do Nupdec, mostraram o trecho em que a água é desviada da sarjeta para as manilhas. Segundo eles, as manilhas são pequenas e para resolver a questão seriam necessárias manilhas maiores.

Unidos para resolver

Dentro do Nupdec, cada membro tem uma função específica. Jonnathan, por exemplo, é socorrista, enquanto Otávio tem a missão de fazer aberturas de vias, desobstrução de caminhos, resgate. 

“Aqui cada um une um pouco a sua habilidade. É necessário alguém que possa manejar uma motosserra, alguém que esteja habilitado para operar um trator, uma máquina que possa permitir que equipes de resgate acessem uma área atingida. Quando a Defesa Civil chega aqui, nós repassamos todas as informações e auxiliamos eles, fazendo isolamento de área, abertura de ruas. Também estamos em constante contato com o Corpo de Bombeiros”, explicam.

Elói Schuenk, morador do Loteamento Tiradentes, explicou que o desrespeito com o meio ambiente também é um dos principais motivos para a degradação da localidade. 

“Além do desvio da sarjeta, sabe por que acontece isso, né? Desmatamento e queimada. A água da chuva cai na estrada com uma força muito grande e como não tem nada pra segurar, acaba fazendo esse estrago”.

No local para acompanhar o serviço de reestruturação do distrito, o secretário de Obras, Jeferson Aragão (foto), informou que a prioridade é reparar as vias danificadas pela chuva. 

“Terminando o serviço aqui na curva da morte, a nossa prioridade é ir até a Estrada do Toledo com o maquinário para liberar o trecho e acabar com os buracos que impedem a passagem dos carros. Liberando esse acesso a gente consegue chegar mais à frente e fazer uma obra para captar a água da chuva e impedir que ela chegue até a estrada. Já temos a autorização do proprietário de um dos sítios porque essa obra vai adentrar o terreno dele.. Também realizamos a limpeza dos bueiros que deu uma amenizada na situação. Vou conversar com o prefeito para saber se essas e outras obras no bairro serão feitas com recursos próprios ou com outros recursos, como o do governo federal”.

O secretário também informou que, diante do flagrante de caminhões andando pela região que está interditada para veículos grandes, vai entrar em contato com a secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana para que o órgão envie placas ao local e sinalize o trecho onde, no momento, somente carros de passeio podem passar.

Em nota, a prefeitura ressaltou que a continuidade do trabalho está sujeita às condições climáticas, tendo em vista que a incidência de chuvas inviabiliza a execução.

 

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