Série B: Goyta vence jogo recheado de emoções, tensão e clima quente

Mais de 1.300 torcedores testemunharam o maior clássico do interior do Rio
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
por Vinicius Gastin
Torcida do Americano veio em bom número: muitos se exaltaram após o apito final, e tiveram que ser contidos por policiais
Torcida do Americano veio em bom número: muitos se exaltaram após o apito final, e tiveram que ser contidos por policiais

A tarde de sábado foi bem diferente daquelas vividas pelo Friburguense no Estadual da Série B. A competição era a mesma, os dois times de nível muito semelhante, mas o abraço das torcidas envolvidas foi completamente diferente. E o clima de rivalidade também. Ao contrário da torcida do Frizão, que pouco compareceu para incentivar o Tricolor na competição, os fãs de Americano e Goytacaz encararam quatro horas de viagem até Nova Friburgo e vieram em bom número ao Eduardo Guinle. Os mais de 1.300 presentes testemunharam o maior clássico do interior do Rio e o fim de um incômodo jejum pelo lado azul.

O gol de Luquinhas, aos 44 minutos do segundo tempo, colocou fim à agonia de 25 anos do Goyta sem disputar a primeira divisão do Rio de Janeiro. Ou pelo menos a seletiva, se nada mudar até o próximo ano. Ao final do jogo, a emoção tomou conta da torcida, que exagerou na dose, danificou algumas partes do alambrado da parte descoberta e conseguiu invadir o campo. O Eduardo Guinle, de fato, viveu uma tarde diferente daquelas rotineiras no último sábado, 16.

Não foi só futebol...

A invasão da torcida do Goytacaz ao gramado não foi o acontecimento mais grave. Nos arredores do estádio, antes de a bola rolar, um torcedor do Americano foi agredido por membros de uma organizada do alvianil em um bar. Ele sofreu ferimentos na perna e no cotovelo até conseguir fugir. Já na estrada problemas foram registrados: alguns ônibus da torcida do Goyta foram impedidos de seguir viagem na altura de Macuco, pois durante a revista foram encontrados materiais como morteiros, mastros, garrafas de vidro, dentre outros objetos proibidos. A torcida organizada do Cano, que ocupou as sociais, também chegou atrasada e só conseguiu entrar no estádio com 30 minutos de bola rolando. Curiosamente, neste momento, o alvinegro viveu o melhor momento na partida, colocando uma bola no travessão.

No mais, o Goyta teve mais volume de jogo, apesar de criar poucas chances de gol. Prevaleceram a persistência e a estrela de Luquinhas, já no final de partida. Pelo menos nas arquibancadas, enquanto a bola rolou, o duelo foi bonito: cantos dos dois lados, com uma boa dose de provocação, obviamente. Torcedores do Cano relembravam os 25 anos longe da série A e a queda para a série C, enquanto os do Goyta provocavam ao recordar Eduardo Viana, o famoso Caixa D’água, torcedor assumido do Americano que durante anos comandou a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

“Esse clássico, para nós de Campos, vale muito. Durante anos o nosso time foi prejudicado. A rivalidade é grande, e tivemos que aguentar provocações durante todos esses anos. Não foi fácil. Mas agora chegou a nossa vez de comemorar, e eles vão ter que aturar a nossa torcida”, descreveu um torcedor do Goytacaz (trajando uma camisa retrô, relembrando a última vez em que o time jogou a primeira divisão), que preferiu não se identificar.

Tensão após apito final

Enquanto o lado azul comemorava – e provocava -, o lado alvinegro do Eduardo Guinle protestava. O choro de dirigentes, jogadores e membros da comissão técnica, em campo, não foi o suficiente para comover os torcedores, que cobraram de maneira firme. Alguns jogadores do Americano chegaram a discutir com torcedores alvinegros, e por muito pouco a situação não fugiu ao controle. Graças à ação da PM, que impediu que alguns mais exaltados invadissem o campo.

Outro grupo da torcida do Cano, que se concentrava próximo ao banco de reservas do Goytacaz, arremessou alguns objetos em direção a jogadores e membros da comissão técnica do alvianil. O técnico Paulo Henrique, por exemplo, afirma que foi atingido por garrafas. Policiais militares que faziam a segurança da partida também foram atingidos por latas de cerveja e garrafas de água. Algumas pedras também foram lançadas em direção ao local onde torcedores e jogadores festejavam, no campo de jogo. No momento de maior tensão, a torcida do Goyta se aproximou das sociais e começou a provocar os rivais. Sorte que boa parte dos alvinegros já havia deixado as dependências do Eduardo Guinle.

Como ficou?

Goytacaz e Americano estão entre os times que mais investiram na tentativa de voltar à primeira divisão do futebol carioca. Há 25 anos sem jogar a elite estadual, o Goyta está de volta, colocando fim à agonia de gerações. Campeão da Taça Santos Dumont, o time da Rua do Gás ainda pode levar o título da Série B. O adversário na decisão – e o outro classificado para a primeira divisão – sai do confronto entre Audax e América, nesta terça-feira,19, às 15h, em Moça Bonita. O time laranja joga pelo empate.

Já o Americano deixou escapar, pelo terceiro ano consecutivo, a possibilidade do acesso na reta final da segundona. Em 2015, acabou eliminado no triangular final. Já no ano passado, acabou punido por conta de manipulação de resultados e teve o sonho adiado.

 

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