Sem pagamento extra, número de PMs cai 20% nas ruas de Friburgo

Crise econômica no estado já começa a afetar o policiamento ostensivo na cidade
terça-feira, 05 de abril de 2016
por Alerrandre Barros
Há menos policiais militares nas ruas de Friburgo (Foto: Amanda Tinoco/Arquivo A VOZ DA SERRA)
Há menos policiais militares nas ruas de Friburgo (Foto: Amanda Tinoco/Arquivo A VOZ DA SERRA)

Os recentes atrasos nos pagamentos aos policiais que aderem ao Regime Adicional de Serviço (RAS) para reforçar o policiamento ostensivo já reduziram em 20% o número de agentes nas ruas de Nova Friburgo nos últimos meses. O extra não é pago aos PMs desde o segundo semestre do ano passado, quando a Polícia Militar começou a cortar gastos por causa da crise financeira pela qual passa o estado.

“Nós tínhamos cerca de 30 policiais militares a mais nas ruas para monitorar áreas com as maiores manchas criminais, principalmente, o Centro; mas, devido ao atraso no pagamento do extra, muitos policiais deixaram de se inscrever no RAS. Há vagas todos os dias, mas não há muito interesse dos agentes por causa disso. Hoje eu mantenho em torno de 150 policiais nas ruas da cidade”, explicou o comandante do 11º BPM, coronel Carlos Eduardo Hespanha. 

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em janeiro e fevereiro deste ano foram contabilizados 23 roubos e 221 furtos em Nova Friburgo. Esses dois crimes aumentaram 15% e 18%, respectivamente, se comparados com o mesmo período de 2015, quando foram registrados 20 roubos e 187 furtos, segundo boletins de ocorrência da Delegacia Legal da cidade, a 151ª DP. 

Para Hespanha, o atraso no pagamento do RAS não afeta expressivamente o trabalho da PM em Nova Friburgo, mas, o comandante tem realizado pelo menos uma vez por semana a “Operação Fecha Quartel” para amenizar o número menor de agentes no policiamento ostensivo. A operação leva para as ruas os policiais que trabalham no setor administrativo do 11º BPM sob comando de oficiais ou graduados. São realizadas abordagens, o conhecido “pente fino”, em busca principalmente de armas e drogas. “Essas ações aumentam a sensação de segurança na população”, disse o comandante. 

PMs sem extra

O RAS foi criado há quatro anos para remunerar policiais militares que trabalham durante as horas de folga. No início do programa, o governo do estado, com dinheiro em caixa, passou a contratar, pelo programa, 1.365 agentes por dia. Esse contingente passou a reforçar o patrulhamento ostensivo em batalhões de todo o estado.

Segundo dados do Estado-Maior da Polícia Militar, compilados pelo jornal Extra, nos primeiros meses do ano passado, as vagas para participar do RAS chegavam a 64 mil, com taxa de ocupação de cerca de 60%. Em abril, quando mais policiais se voluntariaram, 46.034 vagas foram preenchidas, o que significou um reforço de 1.534 PMs por dia nas ruas do estado. O gasto com o extra superou os R$ 7 milhões.

No segundo semestre, após cortes no orçamento, a corporação teve que diminuir as vagas de RAS e passou a abrir pouco mais de 17 mil postos por mês. A taxa de ocupação, contudo, permaneceu em mais de 90%. Em novembro, com o início do atraso nos pagamentos, a taxa passou a diminuir. Hoje, segundo a PM, só 2% das vagas são preenchidas no estado. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Polícia Militar
Publicidade