Sem central de esterilização, cirurgias atrasam no Raul Sertã

Pacientes já aguardam por procedimentos há um mês. Prazo para desinterdição do setor não foi divulgado
quinta-feira, 22 de junho de 2017
por Alerrandre Barros
O Hospital municipal Raul Sertã por dentro (Foto: Arquivo AVS)
O Hospital municipal Raul Sertã por dentro (Foto: Arquivo AVS)

Algumas escaras começaram a aparecer nas costas de Tereza Odete Chuenck, que há quase um mês passa os dias deitada em uma cama do Hospital Municipal Raul Sertã, em Nova Friburgo, à espera por uma cirurgia no fêmur. A família da idosa, de 66 anos, não sabe quando será realizado o procedimento porque somente cirurgias de emergência são realizadas na principal unidade de saúde da região.

“Minha tia caiu na casa em que ela mora em Amparo e quebrou a perna. Foi internada no dia 25 de maio e, desde então, aguardamos a cirurgia”, disse a dubladora Josane Schuenck, que veio de São Paulo para acompanhar a tia. “Tive que pedir licença no trabalho. Ela está gripada, anêmica e ainda tem artrite e artrose, reumatismo e disfunções renais. Não sabemos quando será transferida para outro hospital”, reclama.

A Vigilância Sanitária estadual interditou a Central de Materiais e Esterilização (CME) do hospital no último dia 9, atendendo a uma solicitação da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Ministério Público, em Nova Friburgo, que, no dia anterior, havia recomendado a suspensão das cirurgias eletivas (sem caráter de urgência) a partir de denúncia de cirurgiões que trabalham na unidade.

“A interdição não impede o funcionamento da unidade para cirurgias de urgência e emergência, desde que estas sejam realizadas com material esterilizado em outras unidades de saúde em condições de funcionamento, e que o mesmo seja levado ao hospital em transporte adequado. As cirurgias eletivas estão suspensas”, informou a Vigilância.

O MP abriu inquérito civil público este mês para investigar as condições de funcionamento da central de esterilização a partir da denúncia apresentada por médicos do Raul Sertã de que teriam sido pressionados a operar pacientes sob circunstâncias que poderiam elevar a incidência de complicações operatórias infecciosas. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) também apura o caso.

A esterilização para os procedimentos de urgência ou emergência está sendo feita nos hospitais São Lucas e Unimed. Mas até este procedimento está sob suspeita e é investigado pelo Ministério Público. Segundo informação do colunista Massimo, no último dia 13, o material que veio do São Lucas foi transportado em carro particular e em sacos pretos, ou seja, de forma inadequada na avaliação de médicos.

A VOZ DA SERRA perguntou nesta quarta-feira, 21, à Secretaria Municipal de Saúde quantas pessoas aguardam na fila por cirurgias eletivas e de emergência no Hospital Raul Sertã, mas não obteve resposta até o fim da tarde. O jornal também quis esclarecer se há um prazo para a regularização da situação na central de esterilização. O governo, porém, não respondeu ao e-mail.
 

Outra interdição

Os problemas no hospital são antigos. Em abril de 2015, por exemplo, a central de esterilização e a lavanderia do Raul Sertã foram interditadas pela Vigilância Sanitária estadual após uma vistoria. Assim como neste ano, a medida atrasou as cirurgias aguardadas por pacientes em pelo menos dois meses. A situação só voltou ao normal em junho daquele ano, quando o governo atendeu às exigências sanitárias do órgão.

 

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