Ruas esburacadas e esgoto a céu aberto no Coelhão

Moradores reclamam da falta de saneamento básico no loteamento que cresceu em meio à mata nativa, em Campo do Coelho
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
por Alerrandre Barros
Moradores abriram calhas em uma das ruas de acesso ao loteamento (Foto: Henrique Pinheiro)
Moradores abriram calhas em uma das ruas de acesso ao loteamento (Foto: Henrique Pinheiro)

Poeira e lama são dois dos transtornos que moradores do loteamento Coelhão estão acostumados a enfrentar para chegar e sair de casa. As duas ruas da localidade, no distrito de Campo do Coelho, são de terra batida desde que a área foi ocupada há mais de 30 anos. Para facilitar a passagem de pedestres e veículos, moradores colocaram por conta própria bica corrida, uma mistura de pedras e resíduos de construção civil e demolição, sobre as ruas, e ainda construíram calhas em alguns trechos para o escoamento de águas das chuvas.  

“É uma dificuldade caminhar nessas ruas devido aos buracos, pedras e a lama, nos dias de chuva”, disse Tatiane Veiga, 26 anos. “Além disso, há alguns postes que estão sem lâmpadas; por causa disso, alguns trechos ficam escuros e me sinto insegura ao passar à noite pela rua”, reclama a jovem, que vive há 17 anos no Coelhão. A moradora se lembrou de promessas não cumpridas feitas por políticos eleitos com apoio da comunidade.

O acesso ao Coelhão é feito pela RJ-130 (Nova Friburgo - Teresópolis). O loteamento fica a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade e não para de crescer. Casas estão sendo construídas e lotes abertos na mata fechada. Alguns moradores questionam, inclusive, a legalidade do desmatamento de árvores nativas que abre espaço para a construção dos imóveis.

Os serviços de saneamento básico não acompanharam a ocupação da área pelos moradores. Não há coleta e tratamento do esgoto das casas. Uma parte dos resíduos gerados por moradores é despejada em fossas, mas também nas calhas das ruas, e escorrem até um riacho que corta o loteamento. A ponte de madeira sobre o rio não tem proteção lateral. “Isso é uma vergonha. O cheiro de esgoto é forte nos dias de sol forte. Nós também não temos abastecimento de água potável. Consumimos água de nascentes”, contou a professora Maria Francisca Barroso.

Ônibus não circulam pelo Coelhão, mas não seria possível, de qualquer forma, por causa do estado das estreitas ruas do loteamento. Os pontos mais próximos de parada dos coletivos estão na rodovia. “A gente também não recebe correspondências. Apesar das ruas terem nomes, eu preciso ir até a agência dos Correios no Centro de Campo do Coelho”, lembrou Tatiane. Os moradores disseram que o serviço de coleta seletiva é prestado com eficiência.

O serviço de abastecimento de água potável e esgoto na zona rural da cidade não é responsabilidade da Águas de Nova Friburgo. Segundo o contrato de concessão, a empresa administra o serviço somente na área urbana da cidade. A VOZ DA SERRA enviou as reivindicações dos moradores do Coelhão para a Prefeitura, mas até o fechamento desta reportagem o governo municipal não havia respondido o e-mail.

  • Moradores armazenam água de nascente em cisternas (Foto: Henrique Pinheiro)

    Moradores armazenam água de nascente em cisternas (Foto: Henrique Pinheiro)

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