Queda de balão assusta moradores de Varginha

domingo, 28 de dezembro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Queda de balão assusta moradores de Varginha
Queda de balão assusta moradores de Varginha

Os moradores do bairro Varginha passaram por um momento de muita apreensão na manhã do último domingo, 28. Um grande balão sobrevoou rente a diversas residências até cair num terreno anexo a uma casa numa rua transversal à Oscar Schultz, a principal da localidade. Se o medo de um incêndio — que poderia ser causado pelo balão — já assustava os moradores, o pavor tomou conta quando o bairro foi tomado por dezenas de automóveis e motocicletas, a maioria com placas de São Gonçalo e Itaboraí, em alta velocidade, que transportavam, provavelmente, integrantes de um grupo de baloeiros. Os veículos foram estacionados de qualquer forma próximo ao ponto final do ônibus (Linha Varginha-Centro) e logo após mais de cinquenta pessoas se espalharam na perseguição ao balão e, posteriormente, no seu resgate. Entraram em casas e terrenos sem pedir autorização aos proprietários. Muitos desses desconhecidos usavam camisas com as inscrições "Camélias Confraternização 2015”. Vários moradores do bairro seguiram os prováveis baloeiros, uns movidos pela curiosidade e outros pelo boato espalhado sobre a recompensa de mil reais para quem conseguisse resgatar o balão. O tumulto estava formado. A Polícia Militar já havia sido chamada e chegou junto com alguns veículos do grupo: um carro da patrulha de Mury com apenas dois policiais. "Esses grupos de baloeiros são muito grandes e organizados. Não temos muito o que fazer. O melhor mesmo é deixá-los entrar e resgatar o balão. Só poderíamos prender alguém se ele estivesse, na hora, soltando o balão”, explicava um dos policiais aos moradores. "Pelo menos assim eles retiram o material daí e vão embora”, afirmou, impotente diante da situação e da quantidade de possíveis baloeiros. Um grupo cortou as cordas que prendiam a parte superior do balão, que voltou a ganhar o céu. A decisão, entretanto, parece não ter agradado a todos do grupo, iniciando uma grande discussão, o que quase levou à agressão física. Muitas pessoas da localidade nessa hora resolveram deixar a curiosidade de lado e irem para suas casas, com medo de uma briga generalizada. Partes do balão foram recolhidas e colocadas nos veículos. Um dos integrantes ainda tentou coagir a equipe de A VOZ DA SERRA, quando estavam sendo feitas fotos e anotações das placas dos veículos que, além dos municípios de São Gonçalo e Itaboraí, eram de Maricá, Rio de Janeiro, Petrópolis e até Belo Horizonte e Guarulhos (SP).

O pânico dos moradores

Se por um lado dois policiais, na prática, pouco poderiam fazer, por outro conseguiram acalmar os moradores que viram uma horda de estranhos invadindo ruas e casas. "Fiquei com muito medo, primeiro quando o balão passou pertinho do telhado da minha casa e depois quando esses homens chegaram aqui correndo, gritando. Não sabíamos o que poderia acontecer”, contou uma mulher, cercada por familiares.

A dona da casa vizinha ao terreno que o balão caiu também passou por grandes momentos de apreensão: "Quase que o balão cai sobre a minha casa, numa parte onde tem um chalé de madeira. Felizmente ele acabou caindo no terreno ao lado”, contou uma moradora que preferiu não se identificar. "Poderiam ter causado um incêndio”, reclamou ela.

"Deu muito medo ver o nosso bairro invadido por este monte de homens, chegando em carros e motos, correndo pelas ruas. E depois eles entrando em todos os lugares, sem pedir permissão”, disse uma mulher. "Numa dessa a gente solta os cachorros em cima. E quem tem uma arma até mata um cara desses, já que as casas são invadidas sem a menor explicação. É um absurdo”, disse ela, que também preferiu não se identificar, mas disse morar um pouco distante do ocorrido.

O que diz a lei

Segundo o artigo 42 da Lei Federal nº 9.605, de 1998, a pena por fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, poderá ser detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Como se pode ver, a punição não está condicionada apenas à soltura do balão. Apesar disso, é possível assistir diversos vídeos sobre soltura, resgate e confecção de balões no YouTube. 

Uma das opções para quem gosta de balões mas quer seguir a lei são os chamados "balões ecológicos”, que não usam buchas para sustentar o voo e são confeccionados com materiais biodegradáveis, como papel de seda, fitas, cola e barbantes. Segundo o site www.radioamigosdobalao.com, estes balões não possuem qualquer material ou parte metálica que possam gerar curto-circuito. "O balão é inflado com o ar quente proveniente da queima do gás de cozinha por pequenos maçaricos. O papel do balão absorve a luz solar e isso esquenta o papel. O calor do papel esquenta o ar interno do balão, que fica mais leve que o ar externo e isso faz o balão subir. Quanto mais escuro o papel, mais forte o balão fica. As ondas eletromagnéticas agitam a superfície da folha de papel de seda, fazendo com que a temperatura eleve-se mais rápido. As ondas ultravioletas são o mais importante para a função de combustível solar para a permanência do balão sem fogo durante período longo no ar”, explica a página da internet.

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