Quando a mãe é também a melhor amiga

Mulheres modernas tornam-se grandes parceiras dos filhos, dentro e fora de casa
domingo, 14 de maio de 2017
por Karine Knust
As irmãs Camila e Zanie tomam chope com a mãe, Vera, na noite friburguense (Foto: Arquivo pessoal)
As irmãs Camila e Zanie tomam chope com a mãe, Vera, na noite friburguense (Foto: Arquivo pessoal)
Todo mundo tem aquela amiga para compartilhar segredos, ouvir desabafos, dar conselhos ou mesmo aquela bronca quando preciso, curtir uma balada e se aventurar por aí. Mas e se essa sua melhor amiga fosse a sua mãe? Elas amam incondicionalmente, se dividem em mil para dar conta de tantas tarefas e precisam ter um coração forte o bastante para lidar com todas as emoções da missão eterna que é zelar por outra pessoa. No entanto, já foi época que ser visto por aí com a matriarca da família era sinônimo de “mico”.

A gente se dá super bem e não tem problema nenhum para escolher para onde ir. Ela é mais animada que a maioria dos meus amigos”
Modernas, as mães têm saído do perfil cuidadora em tempo integral para também se tornarem grandes parceiras dos filhos, não só dentro de casa como também fora dela. Há pelo menos sete anos, a artesã Vera Lucia Pecli Barcellos, de 47, moradora do Cônego, sai com as filhas Zanie, 29, e Camila, 25, para assistir a shows, tomar cerveja em barzinhos da cidade e, até, acampar.

Vera conta que o interesse de saírem juntas surgiu quando os gostos se tornaram cada vez mais parecidos. “Temos perfis diferentes, mas gostamos basicamente de fazer as mesmas coisas, e isso acaba facilitando nossa união. Zanie tem uma personalidade forte, é sempre muito sincera, mas tem muito amor no coração e demonstra sua felicidade quando estamos juntas. Já Camila é uma pessoa mais tranquila, com seu jeito sereno, sempre com sorriso no rosto e olhar alegre. Eu me considero uma pessoa amiga, companheira, me preocupo em saber como minhas filhas estão, dou conselhos e, quando necessário, chamo a atenção. Mas, apesar de sermos mãe e filhas, também me relaciono com elas como se fôssemos amigas”, diz Vera.

Zanie, primeira filha de Vera, nasceu quando ela tinha 18 anos. Para a mãe, a idade de sua primeira gravidez acabou por fortalecer ainda mais a relação de parceria. “O fato de eu ter tido filho mais nova e ter aparência jovial nos aproximou mais. Meu jeito de ser tem grande influência, pois sou cabeça aberta. Eu não proíbo, e sim aconselho e mostro o melhor caminho”, conta.

Mas a amizade e forte parceria não é coisa exclusiva de Vera e suas filhas. Shows e barzinhos também são os pontos de encontro da professora Myriam Kato, de 64, moradora da Ponte da Saudade, e sua filha Letícia Nogueira, 24. Apesar da gravidez tardia, Myriam conta que as duas sempre foram muito grudadas e, por isso, até hoje frequentemente saem juntas. “Letícia sempre foi muito adulta, botafoguense doente por ser neta única do grande e saudoso jornalista esportivo Armando Nogueira, sempre saiu muito com adultos, frequentando estádios e tudo o mais. Ela também adora minhas amigas e, quando pode, ainda sai com a gente”. Outro hobby de mãe e filha é viajar. Neste Dia das Mães, por exemplo, as duas viajam juntas para o Uruguai.

Quem pensa que a relação de amizade e parceria ocorre só entre as mulheres está enganado. A cabeleireira Cláudia Bacan, de 55 anos, moradora do Bairro Suíço, é a melhor amiga do filho Yan Machado, de 29. Com personalidade e gosto bastante parecidos, assim como Vera e suas filhas, Claudia e Yan estreitaram ainda mais os laços de amizade que tinham dentro de casa quando perceberam que curtiam os mesmos lugares. “Somos calmos, alegres, amigos, gostamos de viajar e passear. Mas também gostamos de barzinhos, shows,  festas, churrascos... No início, acabávamos nos encontrando nos mesmos lugares e aí, já que os destinos eram os mesmos, passamos a organizar as saídas”.       

Após se formar em Engenharia de Produção, Yan mudou-se de vez para outra cidade. A distância, entretanto, não é obstáculo para os dois. “Hoje em dia nos encontramos no Rio, em Rio das Ostras, em Minas e alguns lugares que estipulamos com antecedência”, diz ele.

Quem é quem

“É sua mãe? Nossa, nem parece!”. Quem tem mãe com aspecto jovial certamente já ouviu essas frases pelo menos uma vez. Se elas forem parecidas com as filhas então, não tem jeito, a comparação acontece. Vera, por exemplo, admite que já passou por isso.

“Eu tenho a fisionomia mais parecida com a da Camila, por isso já passamos por muitas situações em que as pessoas nos perguntavam se éramos irmãs”, conta ela. Quando o assunto é paquera, as histórias engraçadas de quem tem a mãe como companheira de balada também são muitas. “Já aconteceu de alguém tentar se aproximar e descobrir depois que somos mãe e filhas”, diverte-se Vera.

Com um filho homem como parceiro de baladas, Claudia conta que passa por outra situação. “Estamos sempre de mãos dadas e nos abraçando. Por isso, o mais divertido é que quando saímos as pessoas acham que estamos juntos mesmo, ou seja, a coroa está pegando o garotão. Então, já passamos por situações onde os olhares de terceiros foram de recriminação ou, pelo menos, de curiosidade”.     

Compartilhando amigos

Se não há mais esse negócio de idade certa para se divertir, também não há regras quando o assunto é círculo de amizade. Resultado? As mães se tornam amigas dos amigos dos filhos e eles, amigos dos amigos das mães. A frase pode parecer confusa, mas eles garantem que a relação está longe de ser.

“Temos um convívio legal de amizades. Convivo com os amigos das minhas filhas, assim como elas interagem com os meus amigos. Essa troca acaba sendo descontraída e divertida. Desde a adolescência sempre acolhi os amigos delas em casa com as festinhas de aniversário, churrascos. Enfim, sou amiga de todos e até hoje eles me chamam de tia com muito carinho”, afirma Vera.

“Nossas amizades são praticamente as mesmas. Ele se dá super bem com meus amigos e eu me dou super bem com os amigos dele. Temos aqui em Friburgo um casal de amigos dele, por exemplo, que agora são nossos amigos. Fazemos churrascos, saímos para um chopinho, fazemos jantares na nossa casa e na casa deles”, conta Claudia.

Para as filhas de Vera, a troca é divertida e enriquecedora. “Sempre quando saio com a mamãe é diversão na certa. Ela é muito animada e isso contagia qualquer ambiente. Às vezes eu nem estou animada para sair e ela acaba me convencendo. No final não me arrependo de ter ido”, conta Zanie. “É muito gratificante ter a mãe como companheira, tanto em casa quanto quando vamos dar um passeio. Ela nunca deixa de nos chamar para sair quando já tem algo planejado. Acabo trocando boas ideias e dando muitas risadas”, acrescenta Camila.

Já Yan admite que já teve muito ciúme de Claudia, mas agora a relação é outra. “Sair com minha mãe é sempre diversão garantida. Antigamente eu ficava com um pouco de ciúme porque ela fazia muito sucesso por ser linda, mas aí eu fui crescendo e fiquei mais tranquilo em relação a isso. Hoje em dia é muito divertido. A gente se dá super bem e não tem problema nenhum para escolher para onde ir. Ela é mais animada que a maioria dos meus amigos. Eu adoro sair com ela”.

  • Myrian e Letícia (Foto: Arquivo Pessoal)

    Myrian e Letícia (Foto: Arquivo Pessoal)

  • Yan e Claudia (Foto: Arquivo pessoal)

    Yan e Claudia (Foto: Arquivo pessoal)

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