Projeto Aula na Rua, do Colégio Anchieta, é alvo de críticas nas redes sociais

Movimento Escola Sem Partido classificou ação como “lavagem cerebral”. “Vejo irregularidade jurídica e moral”, diz advogado sobre postagem
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A postagem irônica do movimento Escola Sem Partido (Reprodução da web)
A postagem irônica do movimento Escola Sem Partido (Reprodução da web)

Na noite de segunda-feira, 28, o movimento Escola Sem Partido, através de suas redes sociais – que somam juntas 332.833 seguidores – postou uma série de fotos de alunos (a maioria menor de idade), professores, funcionários e pais de alunos do Colégio Anchieta e demais friburguenses durante um ato promovido pela instituição, em que critica a postura do colégio chamando de, nas palavras da postagem “lavagem cerebral”. O ato em questão foi o “Aula na Rua”, incluso no projeto Semana Cidadã, que contou com palestras e estudos em sala de aula tratando assuntos sobre cidadania, ocorrido no último dia 18.

Segundo informações do Colégio Anchieta, passadas para a imprensa no último dia 17, “a Aula na Rua defende e conscientiza sobre os valores da democracia, sem nenhuma manifestação partidária. Entendemos que a rua é o melhor lugar para se fazer uma experiência concreta do direito democrático de manifestação pública”.

A postagem gerou reações tanto de apoio quanto contrárias e muitos friburguenses foram em defesa da instituição para esclarecer o que classificaram como um equívoco da postagem. No Facebook, o Escola Sem Partido publicou “Lavagem cerebral concluída com sucesso. Alunos transformados em militantes das pautas da esquerda - desarmamento, ambientalismo, causa LGBT”. No Twitter, publicou o mesmo texto, seguido de imagens dos jovens, menores de idade. Outra postagem ironiza os alunos do Anchieta. “Vítimas da síndrome de Estocolmo, os aluninhos do colégio Anchieta, em Nova Friburgo, estão tentando demonstrar que esses cartazes de propaganda ideológica e política não têm nada a ver com propaganda ideológica e política...”. Os cartazes em questão tinham os dizeres “Consideramos justa toda a forma de amor”, “O Mundo está Sangrando”, “Educação não é gasto, é investimento”, “Menos armas, mais livros”, entre outros.

Na manhã de quinta-feira, 31, o perfil voltou a se referir à instituição e causou reação de alguns friburguenses. “O 1º tweet sobre o Colégio Anchieta tinha o título: lavagem cerebral concluída com sucesso. A reação dos alunos à denúncia só fez confirmar o acerto do título. Um dos comentários sintetiza e enaltece essa “lavagem cerebral do bem”, que ensina os alunos  a “pensar fora da caixa”.

Em defesa, um dos internautas comentou na postagem “Todos os responsáveis foram informados do evento e autorizaram seus filhos, alguns até participaram junto! E os cartazes foram confeccionados por eles mesmos, podendo expressar o que desejassem sem interferência alguma da escola ou dos outros”.

A VOZ DA SERRA consultou o advogado Murilo Ramos sobre o caso. Segundo ele, há de se fazer ressalvas quanto a moralidade da publicação. “Vejo como uma infelicidade porque mesmo que a postagem diga que não tem viés político, tem viés político, sim. Não vejo uma irregularidade apenas jurídica, mas também moral, porque os alunos estão exercendo um direito constitucional, que é o da livre manifestação e, mesmo assim, sofreram com declarações vexatórias. É questionável (a postagem do Escola Sem Partido) porque além de partidarizar um movimento apartidário, utilizou de um movimento constitucionalmente permitido para desmerecer outros a favor de seu próprio viés ideológico; ao mesmo tempo em que divulgou diversas imagens de pais e alunos menores de idade sem prévia autorização. Apesar de diversos entendimentos em sentido oposto, creio que os pais podem procurar seus direitos por vias indenizatórias em razão das imagens divulgadas”, informou o advogado.

O Sindicato dos Professores De Nova Friburgo e Região (Sinpro) também se manifestou sobre o caso. Em nota, através de seu perfil no Facebook, o Sinpro repudiou as postagens do Escola Sem Partido e classificou como “irresponsável e criminosa”, a expôs nas redes sociais fotos dos estudantes, “acusando-os de estarem defendendo "pautas de Esquerda". A aula tratou de temas contemporâneos, absolutamente necessários a uma sociedade solidária, inclusiva e ecológica. Os estudantes defenderam direitos sociais e o meio ambiente, hoje profundamente atacados pelas políticas governamentais”, disse a nota.

 A VOZ DA SERRA tentou entrar em contato com o Diretor Geral do Colégio Anchieta, padre Luiz Antônio Monnerat, mas segundo informações da assessoria de imprensa, o diretor está viajando e não pode comentar sobre o caso.

O jornal também entrou em contato, por duas vezes, com Movimento Escola Sem Partido para comentar sobre as publicações, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.

 

 

 

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