​A primeira entrevista do novo prefeito eleito

Renato Bravo foi entrevistado pela Rede da Democracia na sede da Rádio Nova Friburgo AM após anúncio da vitória no útimo domingo
segunda-feira, 03 de outubro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Renato chegando aos estúdios da Rádio Friburgo (Fotos da matéria: Henrique Pinheiro)
Renato chegando aos estúdios da Rádio Friburgo (Fotos da matéria: Henrique Pinheiro)

Logo após a confirmação de sua vitória nas urnas, o novo prefeito eleito de Nova Friburgo foi à Rádio Nova Friburgo AM, onde foi entrevistado por jornalistas da Rede da Democracia e recebeu os cumprimentos, por telefone, do atual prefeito Rogério Cabral, em atitude cuja dignidade foi bastante elogiada. Além da companhia da futura primeira-dama, a psicóloga Cristina Bravo, e do vice-prefeito eleito, tabelião Marcelo Braune, Bravo foi também cumprimentado ainda na rádio pelos empresários Jairo Wermelinger e Olney Botelho, que juntamente ao deputado estadual Comte Bittencourt articularam desde o início, cerca de um ano e meio atrás, a formação da chapa que acaba de vencer as eleições municipais.

Rede da Democracia: Qual a emoção de ter recebido 29.046 votos de confiança, 28,23% dos votos válidos, e ter essa oportunidade de assumir a cadeira executiva no próximo dia 1º de janeiro?
Renato Bravo: Antes de responder gostaria de agradecer pelo convite. Quero parabenizar a todos os profissionais da imprensa, que cobriram muito bem a campanha. Um exercício muito bonito da democracia. Quero parabenizar também pela criação da Rede da Democracia, uma experiência fantástica que eu espero que continue ao longo de nosso governo. E a emoção é muito grande, confesso que a ficha está caindo aos poucos. Quero agradecer demais a todos que participaram, todos que votaram, e nós queremos agora fazer um governo de união, de parceria, porque Nova Friburgo está acima de qualquer candidato, acima de qualquer partido. O importante é que nós estejamos unidos em busca de melhor qualidade de vida para as pessoas, em busca de uma cidade bonita, organizada. E, acima de tudo, que nós sejamos sempre parceiros. Podemos discordar, a campanha é assim mesmo, manifestamos opiniões diferentes, mas acima de tudo é Nova Friburgo que tem que se posicionar. Esse é o nosso ímpeto, esse é o nosso desejo. E gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer a toda a nossa equipe, que foi brilhante. Uma equipe guerreira, uma campanha muito limpa, muito bonita. Agradecer de forma especial ao Jairo da Wermar, que acreditou na minha candidatura desde o primeiro momento; agradecer a Olney Botelho, que também acreditou; agradecer ao meu amigo Marcelo Braune, nosso candidato a vice... Enfim, agradecer a toda a equipe. Eu não vou citar nomes para não cometer injustiças. E ao povo de Nova Friburgo parabéns pelo exercício de democracia, e porque nós estamos querendo mudar Nova Friburgo. É este o nosso desejo muito forte.

Esta foi uma eleição muito apertada e imprevisível até os últimos instantes, não havia um grande favorito. Houve algum momento da campanha em que você sentiu que poderia realmente vencer e ser eleito?
Quando a gente entra numa disputa, é para vencer. E nós acreditamos sinceramente, desde o primeiro momento. A questão da mudança estava muito forte na população, e nós conseguimos mostrar que nós somos a verdadeira mudança. Então, em nenhum momento nós fraquejamos. Sempre pensamos positivamente, com a nossa proposta, nossa campanha, defendendo nosso programa de governo com muita ênfase, com muito carinho, e a população entendeu a nossa mensagem. Fico muito agradecido por isso.

Qual a área de nosso município que o senhor entende que precisa de mais atenção?
Sinceramente, eu acho que o município como um todo está precisando de atenção. Mas temos que dar prioridades, e sem dúvida alguma nossa maior prioridade é a recuperação imediata da saúde, que é uma preocupação de todos nós. Eu acredito muito no tratamento com igualdade, humildade, carinho. Percorri o município todo, conhecemos a cidade muito bem, e as pessoas nunca pediram favores pessoais, mas sempre demandas coletivas. Para o bairro, para o distrito, para a comunidade, e eu acho que este tem que ser o nosso foco principal: fazer com que a população participe efetivamente do governo, que ela seja bem cuidada, bem tratada. Que o governo possa ter as informações corretas, agir com transparência, mantendo um diálogo permanente com a população, porque é através do diálogo que nós vamos construir grandes e bons projetos.

As redes sociais estão cheias de mensagens, a maior parte delas perguntando mesmo sobre a Saúde, e eventuais melhorias no Hospital Raul Sertã. O que as pessoas podem esperar do seu governo a este respeito?
Podem esperar uma dedicação total de nossa parte. Nós não temos uma equipe formada de antemão, não temos compromissos de campanha, em nenhum momento foi dito que a secretaria A, B ou C vai ficar com fulano ou beltrano. Vamos começar agora o processo de transição, e tenho certeza de que faremos uma transição muito equilibrada, muito participativa, com informações corretas, para que a gente possa trabalhar efetivamente e de forma muito objetiva na recuperação da Saúde em nosso município. As pessoas pode estar certas de que nosso ímpeto estará totalmente voltado neste momento para recuperação da Saúde como um todo, até porque sabemos que não adiante apenas recuperar o hospital Raul Sertã. Nós temos que trabalhar no conjunto de ações para que elas sejam profícuas para a população.

A respeito do transporte coletivo, sua campanha falou bastante sobre a antiga rodoviária urbana e a integração plena nos ônibus. Como o senhor encara essa questão?
Eu sempre coloquei que quando fui vereador, em 1986 - eu sou bem antigo! - o prefeito era Heródoto Bento de Mello e ele nos levou a Curitiba para que pudéssemos conhecer o projeto de integração que foi implantado por lá e que sempre deu certo. Curitiba é um modelo de gestão para o transporte público. E naquele momento eu fui absolutamente favorável, porque a integração é  uma questão social, que traz benefícios para a população. Então, não podemos agora fazer diferente. Vamos ter uma relação republicana com a Faol, uma relação de respeito mas de cobrança, e baseada em critérios técnicos. Nosso compromisso de retomar o espaço da integração rodoviária é absolutamente confirmado, assim como também queremos fazer a integração em todo o município. O que é possível, seguindo critérios técnicos e dentro daquilo que a gente possa executar paulatinamente.

O senhor já deu uma avaliada nos vereadores que foram eleitos para que possa nos dar uma parâmetro de como vai ser sua relação com o Legislativo?
Eu confesso que ainda não vi o resultado para a Câmara [a entrevista foi realizada instantes após a eleição], porque assim que saiu o resultado nós viemos correndo para a rádio [Nova Friburgo AM]. Mas com certeza, independentemente dos nomes que venham compor o Legislativo, eu gostaria de dizer que nossa relação será de absoluto respeito, de independência dos poderes, mas sempre com o foco de melhoria da cidade. E eu tenho certeza que os candidatos que se elegeram também têm esse objetivo, e a vontade de desenvolver bons projetos para atender a população.

Tanto o governo federal quanto o governo estadual passam por um momento de crise, mas ainda assim o senhor tem uma relação bastante próxima com o governador Dornelles. Como o senhor pretende atuar para conseguir trazer recursos de outras esferas de governo para Nova Friburgo?
Eu sou um pidão que as pessoas nem imaginam, e se for para pedir para Nova Friburgo então, eu serei o primeiro a apresentar solicitações. O governo do estado está mesmo em crise, mas ele é representativo, é forte, pode abrir portas. Quando eu estava subsecretário participei de várias reuniões de empresários do Brasil e do exterior que querem investir aqui. Eles só precisam de bons projetos, e o estado faz essa ligação. Então, independentemente do estado ter dificuldades hoje, amanhã ele pode não estar em dificuldade. Nós queremos continuar com essa parceria, e logicamente que nós temos que buscar muitos recursos junto ao governo federal. Aproveitar os projetos que já estão prontos, que são de qualidade, para que possamos executá-los. E também construir novos projetos, dentro do nosso programa de governo. Além disso, nós queremos construir uma política pública de Parceria Público- Privada. Queremos construir uma lei municipal que incentive os investimentos privados em nosso município, porque temos um leque de opções na economia muito grande. A agricultura, por exemplo, é uma área que merece para valorizar o produtor e seu produto. A moda íntima é uma indústria fantástica, que definitivamente precisa receber o apoio de um governo articulado, porque ela se desenvolveu até hoje a partir da iniciativa privada. Nós temos que construir essas ligações e fazer esses links. E com certeza nós vamos conseguir.

O senhor já definiu qual serpa o seu primeiro ato de governo?
Essa pergunta eu poderia responder tão logo nós concretizemos a transição. Esse processo é que irá definir quais são os fatores mais importantes, mas não tenha dúvida de que o foco será a recuperação da Saúde.

E em relação ao Turismo? A cidade está caminhando para completar duzentos anos...
Exatamente. O turismo é o amor da minha vida. Nova Friburgo tem um potencial maravilhoso nessa área, que precisa apenas ser organizado e planejado. Costumo dizer que temos que pegar as nossas flores e colocar em nossas praças, pegar nossos artistas locais - que são maravilhosos - e colocá-los na pauta de apresentações, com uma programação de qualidade. Temos que fazer um calendário profissional, para que possamos atrais as 11 milhões de pessoas que se encontram aqui próximas, no Grande Rio e em Niterói. Nós temos uma boa gastronomia, com diversas faixas de preço. E é preciso ter programação para que essas pessoas gastem. Temos um bom comércio, uma programação cultural boa, podemos fazer uma série de eventos na área ambiental, esportes, cultura... Além da volta definitiva e forte do Festival de Inverno, que é fundamental para que possamos ter um produto forte que gere desdobramentos ao longo do ano.

O festival da cerveja volta em seu governo?
Com certeza. Ainda mais que nós temos aqui a cerveja artesanal. Quero transformar Nova Friburgo numa cidade de festa. Eu sou festeiro e acredito muito nessa ferramenta como geradora de emprego e renda. Se nós conseguirmos trazer mil pessoas ao dia - e isso é viável, dado que temos em torno de três mil leitos em nossos hotéis e pousadas - você imagine. São trinta mil pessoas por mês, cada uma gastando R$ 400, são R$ 12 milhões injetados na economia de Nova Friburgo todos os meses, R$ 150 milhões ao ano. Essa é uma meta que vamos buscar para 2017.

O senhor falou sobre a quantidade de turistas que pretende trazer para Nova Friburgo. Mas a gente sabe que não basta trazer as pessoas uma vez, é importante que elas gostem de estar aqui, para que pretendam voltar e operem a nosso favor fazendo a preciosa propaganda boca a boca. O centro urbano de Nova Friburgo precisa de uma revitalização urgente. Nossas calçadas precisam ser padronizadas, produzimos flores e não somos floridos como deveriam ser, nossa fiação elétrica já deveria ser subterrânea há muito tempo. Quais medidas podemos esperar de seu governo para que a cidade fique mais atraente e gere uma impressão mais positiva sobre os turistas?
Eu volto a insistir nas parcerias público-privadas. Temos que construir parcerias efetivas, e acho que este é um ótimo exemplo de medida às quais elas se aplicam. Buscaremos trazer investidores, como a própria companhia de energia, que tem todo o interesse em organizar essa bagunça que está hoje. Com relação à flores, nós conseguimos junto ao secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, através de um financiamento do Banco Mundial, recursos para que possamos aumentar em até 300% a nossa produção de flores. O morango que é produzido em Friburgo, por exemplo, atende a apenas 3% do mercado no Rio de Janeiro, então temos 97% para poder crescer. O centro urbano precisa ser valorizado, tem os interesse total nisso. O espaço do quarteirão cultural é um bom exemplo disso, que vai do antigo fórum até a Usina Cultural Energisa. Aquele é um espaço para o qual devemos olhar com todo o carinho, e em cima disso construir essa parceria público-privada. Existem investidores que querem agir, nós só precisamos mostrar que o investimento é de qualidade, dentro de um equilíbrio que seja bom para todos. O investidor precisa ter suas vantagens, é lógico. Mas a maior vantagem precisa ser da comunidade de Nova Friburgo.

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