Situados no alto do Loteamento Jacina, na Chácara do Paraíso, os loteamentos Bom Jesus I e II acumulam diversas carências, muitas delas oriundas da falta de planejamento urbano. No Bom Jesus I, poucos espaços sobraram para as ruas que em alguns trechos mais se assemelham a vielas exigindo bastante habilidade dos motoristas. A Rua Thomaz, por exemplo, principal acesso ao Bom Jesus II, além de íngreme, é também bastante estreita e mesmo assim ainda serve como rota dos micro-ônibus das linhas da empresa Faol, 301 e 308, Centro-Jacina, via Bom Jesus, e Chácara do Paraíso-Morro do Orfanato, que atendem aos moradores do Bom Jesus com quatro viagens diárias. Aliás, o aumento na quantidade de horários de coletivos é uma antiga reivindicação dos usuários junto à empresa Friburgo Auto Ônibus (Faol), que avalia o pedido segundo os próprios moradores.
“Quando o ônibus passa por aqui, quase que os retrovisores batem nas janelas e paredes das casas. Se tiver algum caminhão descendo ou subindo, é um sacrifício só. Nós mesmos avisamos aos motoristas que não são daqui para não estacionarem perto de esquinas ou sobre as calçadas. Se não o trânsito para”, alerta um morador. Ao longo do trecho pavimentado da Rua Thomaz e na Rua Aquários o calçamento em mau estado é outro motivo de queixa. No Bom Jesus II a coleta de lixo e o fornecimento de energia não geram reclamações, mas a parte mais alta não é atendida pelo serviço dos correios. “Ainda não temos CEP (Código de Endereçamento Postal) porque parte do loteamento ainda não foi legalizada”, denuncia outro morador do local.
Aliás, essa não legalização impede o lugar de ser dotado de infraestrutura pública. No alto da Rua Thomaz, mais de 20 casas já foram construídas, mas não são tem o fornecimento de energia elétrica. Não há sequer postes no local. A energia chega a muitos imóveis através de gambiarras. “Já apelamos à concessionária Energisa, mas a resposta é sempre a mesma. A rede elétrica só pode ser instalada depois da legalização da área. Aqui ninguém tem escritura própria dos lotes, só a promessa de compra e venda”, informaram moradores que não quiseram se identificar. Eles disseram ainda que ainda há lotes para venda por R$ 12 mil cada, e muitos deles já foram demarcados evidenciando que novas construções poderão ser iniciadas em breve. No trecho, contudo, já existe uma rede de fornecimento de água potável. O esgoto não é coletado.
Sem estrutura no local, outros problemas são permanentes incômodos, como a falta de pavimentação da rua do loteamento, chamada também como extensão da Rua Thomaz e que está toda esburacada com erosões em trechos mais íngremes. Em dias secos, sobra poeira; nos chuvosos, o acesso de carro fica impossibilitado devido à lama. Com a falta de infraestrutura teme-se ainda que o loteamento cresça sem ordenamento impedindo a reserva de espaços necessários para as ruas de acesso.
“Se não planejar, cada um vai construindo do seu jeito e no final só vai sobrar o espaço de uma viela. Aí nunca teremos a possibilidade de uma linha de ônibus poder vir até a nossa porta, nem caminhões de gás ou entrega de mercadorias. Temos aqui uma vista maravilhosa de Conselheiro Paulino e pode-se até abrir uma estrada com acesso ao Rui Sanglard. Seria uma opção para não termos que passar por ruas estreitas até chegarmos à Chácara do Paraíso”, disse esse mesmo morador indignado com o cenário de carência a apenas seis quilômetros do centro da cidade.
Prefeitura diz que infraestrutura do local é de responsabilidade de quem o loteou
Respostas do secretário municipal de Obras de Nova Friburgo, Clauber Domingues dos Santos, sobre as principais carências dos loteamentos Bom Jesus I e II, na Chácara do Paraíso.
- Gostaríamos de saber o motivo da não legalização da área em questão e sua consequente urbanização.
Resposta: É responsabilidade do loteador dotar o loteamento de infraestrutura, bem como sua urbanização.
- Ao longo da Rua Thomaz, principal acesso ao Bom Jesus II, moradores queixam-se da má conservação da pavimentação asfáltica. Há previsão de recapeamento?
Resposta: A operação tapa-buracos continua sendo feita em toda a cidade. Apesar de haver essa previsão, não há data definida para o serviço no referido loteamento.
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