Moradores de São Geraldo se queixam do abandono do bairro

Interdição de escola é a maior reclamação da comunidade
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
por Eloir Perdigão
Moradores de São Geraldo se queixam do abandono do bairro
Moradores de São Geraldo se queixam do abandono do bairro

A Escola Municipal Nair de Araújo Rodrigues foi interditada pela Defesa Civil devido às condições físicas do prédio. Por isso as aulas não começaram no dia 18 passado, como previsto, para seus 500 alunos. Este é o carro-chefe das reclamações dos moradores do bairro São Geraldo, distante aproximadamente 12 quilômetros do centro da cidade, com acesso pela estrada RJ-130, Nova Friburgo-Teresópolis, próximo ao Hospital São Lucas. Mas há também outras reclamações. Com 22 loteamentos, uma população de 20 mil habitantes e dez mil eleitores, muitos nem acreditam que São Geraldo esteja com tantos problemas e tão pouca atenção do poder público.

CRIANÇAS SEM AULAS – Romero Constantino lamenta o fechamento da escola, já que se trata de uma construção relativamente nova e que já passou por duas reformas. Se agora está novamente com problemas, ele crê que se trata de uma obra mal feita. Romero ainda enumerou outras reivindicações para o bairro: alargamento da ponte de acesso logo no início da estrada, afetada na enchente; melhoria das calçadas, que estão muito ruins, obrigando os pedestres a andar na pista, arriscando-se a acidentes; e o aluguel social das pessoas atingidas na tragédia de janeiro de 2011 no bairro, que até agora não receberam o benefício.

POSTO DE SAÚDE SEM MÉDICOS – Juvenal Ferreira, funcionário público municipal há 18 anos, reclama da falta de médicos no posto de saúde de São Geraldo. “Nem ambulância tem”, frisa. Os doentes mais graves são socorridos por ambulâncias enviadas pelo Hospital Municipal Raul Sertã.

Já Wallace Piran lembra que o posto de saúde tinha duas ambulâncias box, grandes, que foram retiradas. O posto funcionava com 16 médicos, de várias especialidades, e agora só resta um, que acaba não podendo atender a todos que precisam. 

DRAGAGEM PAROU – São Geraldo é cortado por um valão, que foi dragado recentemente até as proximidades do posto de saúde. Daí para frente o aspecto é de abandono, com mato nas margens e detritos, inclusive animais mortos. Na realidade é esgoto a céu aberto.

Esse valão passa ao lado do refeitório da escola e os moradores sugerem a construção de uma galeria para solucionar o problema. Outra controvérsia é por que a dragagem parou e não feita até o ponto final do ônibus. Uma das alegações é que junto do valão há três tubulações de água potável. Wallace sugere que, se a dragagem se torna difícil, que pelo menos o poder público faça a roçada e limpeza manual. Assim, o valão estará limpo, sem reter impurezas e resíduos e não vai ser foco de mosquitos e exalar mau cheiro, principalmente nos dias quentes como os atuais.

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL – A administração regional de São Geraldo dispõe de três funcionários e uma caminhonete para toda a capina e limpeza. Apesar dos esforços é evidente que os poucos funcionários não dão conta de todo o serviço e fazem o que podem.

ESPORTE – Wallace Piran acumula 25 anos de projeto Bom de Bola, Bom na Escola, que oferecia ocupação sadia para 160 crianças. Atualmente nenhuma criança recebe este tipo de atenção. Wallace se aborrece ao lembrar a liberação de R$ 1 milhão para o esporte de Nova Friburgo e não viu contemplada a quadra de São Geraldo, anexa à escola municipal.

A quadra está sem atenção da Prefeitura ou qualquer outra entidade para dar sequência aos projetos. Com aspecto de abandono, não tem tabelas para basquete, as redes de futsal estão arrebentadas, o alambrado deteriorado e a pintura do chão, com as marcações, quase não existe mais. Wallace comprou lâmpadas às suas expensas e funcionários da Energisa providenciaram a substituição das queimadas.

Segundo Wallace, há mais de quatro anos não foi feita nenhuma manutenção ou reforma da quadra. A consequência mais sentida é que as crianças estão na rua, sem ter o que fazer e se enveredando por caminhos errados. “Infelizmente são mais de cem crianças que praticavam não somente o futsal, mas também vôlei, queimada e outras modalidades de esporte. A quadra de esportes hoje seria um dos grandes motivos para amenizar a situação social do bairro”, afirma o morador. Ele lembra também que São Geraldo é um dos poucos bairros de Nova Friburgo que não tem um campo de futebol. E ali há 12 equipes de primeiro e segundo quadros e categorias de base.

ESTRADA MUNICIPAL OU ESTADUAL? – Wallace levanta uma discussão que tem merecido atenção da associação de moradores. A estrada que passa pelo bairro e dá acesso a Dona Mariana (Sumidouro) teria sido “estadualizada” por um projeto apresentado por Rogério Cabral, à época, deputado estadual. O pior que nem o governo municipal nem o estadual cuidam mais da estrada, que está em estado deplorável.

Logo após o centro de São Geraldo há muitas casas, cujos moradores enfrentam poeira em dias de sol e lama em dias de chuva, além de ser estreita, cheia de mato, esburacada, quase intransitável; não tem nenhum manilhamento e o esgoto e as águas pluviais correm a céu aberto. Sem contar que essa estrada dá acesso a uma das principais estações de tratamento de água de Nova Friburgo, em Rio Grande de Cima.

No trecho pavimentado de São Geraldo o calçamento também está avariado. Uma das causas foi uma tubulação implantada pela Águas de Nova Friburgo que, inclusive, não está sendo usada. A associação de moradores já pediu explicações à concessionária. Afinal, os paralelepípedos foram removidos e não reassentados corretamente. 

Na Rua José Copertino Nogueira também foi implantada pela concessionária uma tubulação de água para reforçar o abastecimento no novo condomínio que está sendo construído no Vale da Montanha. Como resultado, a pavimentação asfáltica ficou avariada, com muitos buracos, devido ao trânsito intenso, inclusive de ônibus. Com tempo firme há poeira e quando chove formam-se poças e a água chega a ser espirrada pelos automóveis até dentro dos estabelecimentos e casas, como atesta a comerciante Alice Rodrigues Carvalhaes. Sem contar a trepidação. Os moradores pedem providências e sugerem recapeamento.

MAIS ÔNIBUS – Apesar de serem atendidos por sete linhas de ônibus—São Geraldo (central), Solares, Girassol, Santa Bernadete, Nilo Martins, Nova Esperança e Vale da Montanha—, além de Rio Grande de Cima, os moradores ainda carecem de mais coletivos nos horários de pico. Entre 17h e 19h circulam completamente lotados e os moradores reivindicam à Faol que disponibilize mais horários. 

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TAGS: A Voz dos Bairros
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