Marly Pinel desfila como ninguém na passarela da vida

sábado, 19 de outubro de 2019
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Marly Pinel (Foto: Henrique Pinheiro)
Marly Pinel (Foto: Henrique Pinheiro)

Idosos não estão mais afim de ficar ouvindo coisas como, ‘velho demais para trabalhar’, ‘velho demais para se divertir’, ‘velho demais para se relacionar’, ‘velho demais para ter vida sexual’, velho demais para isso e aquilo. E mesmo quando se trata de uma pessoa que não se enquadra nesse estereótipo, acaba caindo em outro clichê, o do velho travestido de jovem. O idoso 100% ativo, saudável, descolado, é instado, o tempo todo, a provar que também pode ter espírito de um jovem. Ao contrário dos jovens com espírito de velhos. 

Resumindo, é hora de encarar com naturalidade a pessoa idosa ativa e/ou descolada. Ninguém tem que mudar - se não quiserem - comportamentos, ao envelhecer. Seja mantendo antigos hábitos ou adquirindo novos, quer botar um biquíni para ir à praia, ponha. Quer dançar, paquerar, estudar, desfilar no carnaval? Se joga! Faça valer a forma como quer viver, seja qual for a sua idade. 

É o que faz Marly Pinel, colunista social, 83 anos, dedicada ao bem viver - a única medicação que toma é para pressão arterial, dorme bem e come de tudo.  E a ser feliz. Não há em Friburgo, uma figura pública mais querida e prestigiada do que Marly Pinel. Seu segredo? Não há. Confira:

Eu nasci assim...

“Vivo a minha vida como quero e gosto, me cuido e não reclamo de nada. Não me meto na vida dos outros, nem dou espaço para maledicências. Não julgo ninguém e penso que cada um é responsável pelos seus atos. Quando dei um rumo à minha vida, e eventualmente era criticada, seguia em frente. Não perdia nem perco tempo com fofocas. A vida é preciosa, bela e curta, para se dar importância ao que não tem. Todo dia, quando acordo, agradeço a Deus por tudo que tenho. Sou católica, vou à missa todos os domingos e peço pela minha família, que proteja meu filho, netos e bisneto. O que mais posso querer da vida?”. 

Semana passada, Marly jantou fora com amigos todos os dias. ‘Persona gratíssima’, sua presença é garantia de animação em qualquer evento. Não depende de ninguém para ir onde queira, e resolve o ir e vir, de ônibus, carona, a pé, ou de táxi. Encara a vida com seu jeito personalíssimo e não se intimidou quando teve vontade de vestir um short, há mais de 60 anos, algo incomum, então. Se foi criticada, não importa, seguiu em frente. Como faz até hoje. “Não existe esse negócio de época para mim”, setencia. Verdade: em 2015, aos 79 anos, posou para um catálogo da coleção primavera-verão na Fevest - Feira de Moda Íntima.    

Na agenda 2020, ja estão anotados os primeiros compromissos: desfile nas quatro escolas de samba de Friburgo, como faz há décadas. Sua participação já é uma tradição do carnaval local. Afinal, uma vez rainha, sempre rainha. De onde vem tanta energia, essa capacidade de estar sempre feliz, de bem com a vida? Nenhum mistério, pelo que se deduz de suas declarações:

“Não frequento academia mas ando muito porque levo meu cachorro pra passear. Como nasci num sítio em Conselheiro Paulino, cresci saudável e livre. Nossa diversão era ir à missa aos domingos, jogar futebol e ir dançar no clube. Sempre com meu pai. Aprendi a costurar por necessidade, quando compramos um apartamento. Então, quando precisava de uma roupa nova, eu mesma fazia. Tomei gosto e faço isso até hoje, reformo uma peça quando quero, reaproveito o que dá”, conta.

Insisto, se não tem segredo, tem um lema, pelo menos? “Olha, primeiro, tem que gostar de si mesmo, se dar valor. Depois, gostar da vida e não ter medo de viver. Aliás, a única coisa que me incomoda, é que um dia vou morrer. Isso, eu não queria não!”. 

 

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