Juíza substituta de Moro na Lava-Jato é filha e neta de friburguenses

Marilza Ferreira Hardt conta que Gabriela, apelidada de “Mirandinha” pelo pulso firme, gostava de andar a cavalo e de charrete quando vinha passar férias com a avó em Mury, na infância
terça-feira, 06 de novembro de 2018
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
A juíza Gabriela Hardt com a avó Jurema e a mãe Marilza, ambas Ferreira, em visita ao Sul (Fotos: Álbum de família)
A juíza Gabriela Hardt com a avó Jurema e a mãe Marilza, ambas Ferreira, em visita ao Sul (Fotos: Álbum de família)

A juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, que ficará responsável pela Operação Lava-Jato até a escolha de um novo titular para o lugar de Sérgio Moro, é filha de uma friburguense de 68 anos. Descendente das famílias Mesquita e Ferreira, Marilza Ferreira Hardt, que mora no Paraná desde os anos 70, falou com exclusividade ao jornal A VOZ DA SERRA. “Gabriela sempre passou férias em Friburgo quando era criança. Mais precisamente em Mury, na casa onde hoje mora sua avó, Jurema Mesquita Ferreira (na foto com o marido Ari, já falecido)”, revelou.

Os programas prediletos de Gabriela em Friburgo, segundo a mãe, eram montar o cavalo do “seu Joca”, em Mury; andar nas antigas charretes puxadas por bodes na Praça do Suspiro; subir o Teleférico; e visitar os tios em Cordeiro.

Marilza, que estudou no Colégio Nossa Senhora das Dores (na foto abaixo, de uniforme, a segunda a partir da direita), conta que conheceu o pai de Gabriela, o engenheiro químico paranaense Jorge Hardt, nas férias de julho de 1971, quando foi ao Sul visitar uma prima. “Nos casamos no ano seguinte e fui morar em São Mateus do Sul, onde existe uma usina da Petrobras, processadora de xisto, onde ele trabalhava”, conta.

Jorge Hardt trabalhou na Petrobras por mais de duas décadas. Foi na piscina do clube dos funcionários da estatal que Gabi aprendeu a nadar e começou a competir. A paixão pela natação só cresceu: hoje com 42 anos e mãe de duas filhas, a juíza disputa provas de maratona aquática, e com bons resultados.

Assim, a curitibana Gabriela foi criada em São Mateus do Sul, a 150 km da capital paranaense, onde Marilzadava aulas num colégio particular e foi até Secretária Municipal de Educação. Gabriela chegou a cursar dois anos de engenharia, mas preferiu mudar para Direito. Formou-se pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o juiz Sérgio Moro dava aulas. Além de Gabi, Marilza tem outros dois filhos: a primogênita Cristiane, publicitária, e o caçula Guilherme, arquiteto.

Em 2007, Gabriela prestou concurso para a Justiça Federal, sendo nomeada juíza em 2009, para uma vaga em Paranaguá, no litoral. Em 2014, tornou-se juíza substituta na 13ª Vara Federal, passando a cobrir as férias de Moro. Foi justamente em uma dessas ocasiões, em maio passado, que Gabriela mandou prender o ex-ministro José Dirceu. Mas ele conseguiu um habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao descrever a filha, com fama de ter pulso firme tanto quanto Moro, Marilza (foto acima, atual) conta que, antes de trabalhar com “Sérgio”, Gabriela foi juíza em Paranaguá e Umuarama, no Paraná. “O trabalho nessas duas cidades, a primeira com um grande porto, e a segunda na fronteira com o Paraguai, deu a ela grande experiência em assuntos de tráfico, contrabando e lavagem de dinheiro. Foi até condecorada pela Marinha”, orgulha-se. “Gabi também foi corregedora da penitenciária de segurança máxima de Catanduvas durante um ano, onde teve que lidar com meliantes de alto grau de periculosidade”, acrescenta.

Ainda nas palavras da mãe, em post de 14 de setembro último numa rede social, por ocasião do aniversário da filha, Gabi “desde pequena era decidida, sabia o queria e ia atrás. Nunca levava desaforo para casa, suas desavenças eram resolvidas sem pedir ajuda. Tudo para ela tinha que ser ‘nos conformes da lei’, como falava a juíza Mirandinha, personagem de uma novela que lhe rendeu até um apelido. Hoje mãe, filha, profissional, amiga, mulher, forte, justa, atenciosa, determinada e, como não poderia faltar, resoluta”.

Sobre os que criticam a decisão de Moro de abandonar a magistratura e aceitar o cargo de ministro da Justiça no novo governo após ter sentenciado à prisão o principal opositor do presidente eleito, Marilza afirma: “O que o levou a aceitar foi fazer valer as novas medidas contra a corrupção. Conheço, sou fã e torço muito por ele. Tenho certeza que fará o possível para  melhorar o Judiciário”.

Por ser juíza substituta, Gabriela não pode assumir a vaga de Moro em definitivo. A escolha do novo titular da 13ª Vara Federal está a cargo do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A partir da saída de Moro, que entrou de férias e pedirá exoneração  logo que voltar, o TRF-4 deve abrir um processo para preencher a vaga. São candidatos todos os juízes federais do Sul do Brasil. O tempo de magistratura é fator determinante.

Até lá, os processos da 13ª Vara continuam tramitando normalmente sob o martelo da juíza substituta, filha e neta de friburguenses. A partir desta semana, os réus do processo que investiga a compra do sítio de Atibaia estão sendo interrogados já com “Mirandinha” no comando. E o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encarcerado numa cela da Polícia Federal em Curitiba, está marcado para o próximo dia 14.

 

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