José Eugênio Müller, o ex-prefeito que dá nome a paralela da A. Braune

Catarinense expandiu rede de abastecimento de água, alargou ruas como a Mac-Niven e pavimentou outras
quarta-feira, 21 de março de 2018
por Jornal A Voz da Serra
A Rua José Eugênio Muller hoje (Foto: Henrique Pinheiro)
A Rua José Eugênio Muller hoje (Foto: Henrique Pinheiro)

José Eugênio Müller, que dá nome a via paralela à Avenida Alberto Braune, foi prefeito de Nova Friburgo de 31 de janeiro de 1951 a 28 de outubro de 1955. Antes, foi deputado federal por Santa Catarina entre 1935-1937, e depois, pelo Rio de Janeiro, em 1957. Nascido no município de Itajaí-SC, em 28 de novembro de 1889, era filho do tabelião Eugênio L. Müller e de Guilhermina B. Müller. O tio paterno, Lauro Müller, foi ministro de Viação e Obras Públicas no governo de Rodrigues Alves e, posteriormente, deputado federal e governador de Santa Catarina.

Autodidata, industrial do setor têxtil, iniciou a vida política participando da fundação da Aliança Liberal em Santa Catarina e tomando parte na Revolução de 1930. Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista de São Paulo, organizou e comandou o 8º Batalhão de Santa Catarina, que defendeu o governo provisório de Getúlio Vargas. Em outubro de 1934 elegeu-se deputado federal por Santa Catarina, assumindo o mandato em maio de 1935. Embora tenha perdido o mandato em virtude do golpe do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, integrou a comitiva de parlamentares que foi cumprimentar Getúlio, no palácio do Catete.

Transferindo-se de Santa Catarina para o Rio de Janeiro, fixou residência em Nova Friburgo, onde investiu na construção de uma fábrica de biscoitos e retomou a carreira política. Nomeado pelo governador fluminense, coronel Edmundo Macedo Soares e Silva, para prefeito de Nova Friburgo, permaneceu no cargo de 28 de março a 12 de abril de 1947. Em 1950, juntamente com Luís Simões Lopes, fundou o Colégio Nova Friburgo, vinculado à Fundação Getulio Vargas. Nesse mesmo ano elegeu-se prefeito de Nova Friburgo, exercendo o mandato até janeiro de 1955.

Suas principais contribuições foram a expansão da rede de abastecimento de água, até a localidade de Fazenda do Cônego. Realizou a execução de obras de urbanismo como o alargamento da Rua Mac-Niven, na entrada da cidade; fez obras de pavimentação de logradouros públicos; adquiriu os terrenos da Vila Amélia, em combinação com o Serviço Social da Indústria (Sesi); e construiu vários trechos de estradas rurais.

Trajetória

Ao transferir-se para Nova Friburgo, por volta do início da década de 1940, Müller desenvolveu atividades empresariais e, com o fim do Estado Novo, retornou à política. Aproveitando a oportunidade de negócio que a guerra trazia pela escassez de trigo para a fabricação de pão e massas, montou em Monnerat uma fábrica de raspa de mandioca. Ainda durante o conflito, o empresário decidiu ampliar os seus investimentos na região onde passara a residir: em radiodifusão, na área imobiliária e no setor de hotelaria.

Em 1945, José Eugênio Muller se associou ao engenheiro Carlos Augusto Schermann, especialista na montagem de transmissores de uma fábrica paulista de equipamentos de radiodifusão, colocando no ar, no ano seguinte, a Rádio Sociedade de Friburgo. Já nessa época tinha em operação o hotel “Sans Souci”; porém, o hotel estava inacabado e, em 1946, Müller buscava sócios locais para poder construir as áreas de lazer do mesmo. Talvez estas dificuldades tenham relação com o fato de ter naufragado, sob a sua gestão, a “Cooperativa Lar Operário”, uma iniciativa conjunta da prefeitura e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem, que tinha por objetivo possibilitar ao operariado a compra da casa própria.

O sucesso dessa iniciativa dependeria de um empréstimo das três grandes indústrias de Nova Friburgo e também do pagamento de prestações por parte dos associados. Em julho de 1945, já depois de formalizada a constituição da sociedade, a diretoria da cooperativa decidiu encerrar as atividades e devolver as parcelas já pagas pelos operários associados; os motivos desta decisão aparentemente foram dois: a demora dos industriais de cumprir a sua parte no acordo, acertado em reuniões entre o prefeito Dante Laginestra e a diretoria da cooperativa antes da sua constituição formal, e um memorial dos associados, encaminhado pela direção do sindicato, cujo teor não foi revelado no que transpirou pela imprensa.

Na política friburguense, José Eugênio Muller estreou formalmente como prefeito nomeado pelo governador coronel Edmundo Macedo Soares e Silva, este eleito por uma coalização de partidos (PSD-UDN-PTB). A frente do executivo friburguense, entre 28/03/1947 e 12/10/1947, enquanto que se organizavam as primeiras eleições municipais no país após a redemocratização, tomou medidas que, mais tarde, se traduziram em simpatia e apoios políticos na ala ‘galdinista’ da UDN friburguense. Eleito prefeito para o período de 1951-1955, durante sua gestão, os festejos associados ao aniversário da cidade, mantido à 16 de maio, embora carregados da ideologia de Friburgo-Suíça brasileira, ganharam caráter mais popular com, por exemplo, shows de cantores da Rádio Nacional em praça pública ou a presença, patrocinada pelo prefeito, da seleção brasileira de futebol na cidade. Vale notar que, nestes festejos, a Rádio Sociedade de Friburgo, da qual Müller continuava acionista, tornou-se peça importante na divulgação, no sediar e no transmitir tais eventos.

Encerrado o seu mandato como prefeito, José Eugênio foi nomeado diretor-presidente do Banco de Crédito do Estado do Rio de Janeiro, em 1956. Entre agosto e dezembro de 1957, assumiu uma cadeira na Câmara como deputado Federal pelo PSD; no pleito de outubro de 1954, ainda como prefeito, elegera-se como primeiro suplente. Foi casado com Maria Augusta Amaral Müller, com quem teve cinco filhos. José Eugênio Müller falceu no Rio de Janeiro, sendo seu corpo sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

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TAGS: Ruas | 200 anos
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