Hospital Raul Sertã faz mutirão para desafogar cirurgias ortopédicas

Fila já soma quase 50 pacientes que esperam desde ano passado pelo procedimento
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
por Alerrandre Barros
Raul Sertã quer zerar cirurgias ortopédicas até o fim do mês (Foto: Henrique Pinheiro)
Raul Sertã quer zerar cirurgias ortopédicas até o fim do mês (Foto: Henrique Pinheiro)

O Hospital Municipal Raul Sertã está realizando desde o início da semana um mutirão para fazer andar a fila de espera por cirurgias ortopédicas, que vem aumentando desde o ano passado por causa da falta de materiais, equipamentos e até médicos na unidade. No último domingo, 22, primeiro dia do mutirão, a equipe coordenada pelo cirurgião Paulo Sávio Figueira Mendes operou oito pacientes que aguardavam o procedimento há meses.

“A logística para o tratamento ortopédico é complicada, porque depende de instrumental, material, equipamentos do hospital, esterilização, mais demanda médica, porque uma cirurgia ortopédica necessita de, pelo menos, dois ou três ortopedistas”, disse Mendes.

O médico explicou que serão feitos quantos mutirões forem necessários até regularizar a situação da ortopedia no hospital que, segundo a avaliação dele, estava caótica. “O objetivo do mutirão é tentar equalizar esse déficit de cirurgias para dar um pouco mais de dignidade às pessoas que estão aqui. Para que elas sintam que estão sendo tratadas, acolhidas, e que não estão abandonadas aqui”, afirmou Paulo.

De acordo com um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde, o hospital tem 46 pacientes aguardando há cerca de 50 dias por uma cirurgia ortopédica. Segundo o coordenador das cirurgias, o caso mais delicado é de um paciente que está internado na unidade desde o dia 22 de outubro do ano passado. A demora prejudica o paciente e dificulta outros atendimentos na unidade de saúde. O mutirão visa zerar esse número até o fim deste mês.

A VOZ DA SERRA pediu a Prefeitura de Nova Friburgo a relação de especialidades cirúrgicas, exames e consultas com as maiores filas na rede pública. O novo governo informou apenas que a maior fila é por cirurgia ortopédica, seguida de cirurgia geral. “Para responder essa pergunta é necessário primeiro finalizar o levantamento que vai apontar as necessidades e demandas de cada área”, informou a prefeitura através de nota.

A nova gestão da Secretaria de Saúde de Nova Friburgo informou ainda que para realizar o mutirão teve que recuperar equipamentos do centro cirúrgico e do Centro de Terapia Intensiva (CTI), além de reabastecer os setores com materiais hospitalares que estavam em falta. Também foi montada uma equipe de cirurgia e anestesia para atender a demanda emergencial.

“Em se tratando de jovens que dependem desse tipo de procedimento cirúrgico, por exemplo, o impacto também é grande, pois o longo período de internação afeta diretamente não só a parte social e familiar, como também sua vida trabalhista/previdenciária, que não pode ser desconsiderada”, disse subsecretária hospitalar, Michelle Silvares, que junto com Suzane Menezes, ambas do Comitê de Gestão da Saúde, propôs o mutirão.

Há mais de um ano esperando

A demanda por cirurgias no principal hospital público da região produz casos dramáticos que faz sofrer o paciente e a família dele. Em fevereiro de 2015, a  aposentada Elci Pereira da Silva quebrou o fêmur da perna direita quando caminhava, resultado de uma osteoporose. A idosa, de 79 anos, foi internada no Raul Sertã e quase duas semanas depois passou por uma cirurgia pela qual foi colocada uma prótese metálica na sua perna.

Elci teve alta com uma infecção que teria contraído ainda quando estava no hospital. A infecção impede a cicatrização da perna. Meses depois, a idosa voltou ao hospital em busca de atendimento e foi embora somente com uma receita de antibióticos, que não resolveram o problema. Desde então, ela vive com esses medicamentos.

Segundo Valdofredo Souza e Silva, filho da idosa, Elci precisa passar por outra cirurgia. “O hospital não tem vaga nem condições para fazer o procedimento”, conta o homem, de 49 anos, que vive com a mãe em Varginha. Ele é aposentado por uma deficiência física causada por uma hérnia de disco. Valdofredo ainda responde a um processo na Justiça por ameaça e agressão. Dias depois da cirurgia da idosa, ele pediu uma cópia do prontuário médico no hospital para tentar resolver o problema da infecção na perna da mãe, mas acabou se envolvendo em uma confusão com uma enfermeira e um guarda municipal do hospital. O caso foi parar na 151ª DP. Enquanto busca cirurgia para a mãe, ele tenta provar também que é vítima.

Foto da galeria
Elci aguarda há mais de um ano nova cirurgia (Foto: Valdofredo Souza)
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