Hora de preparar o corpo para o verão: o que fazer?

Três repórteres de A VOZ DA SERRA contam suas experiências com a musculação, o treinamento funcional e o crossfit
terça-feira, 15 de setembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Hora de preparar o corpo para o verão: o que fazer?

Faltando apenas três meses para a estação mais quente do ano, quem não pôs o corpo para suar durante o outono e o inverno precisa correr atrás do prejuízo.  Contudo, além do desafio de entrar em forma em um curto prazo, agora quem procura pelas academias enfrenta a difícil missão de escolher uma entre as diversas atividades que vêm sendo oferecidas.

Foi pensando em ajudar os leitores indecisos que três repórteres de A VOZ DA SERRA—Dayane Emrich, Karine Knust e Rafaella Dias—decidiram compartilhar suas experiência com o universo fitness. Musculação, treinamento funcional e crossfit foram as atividades escolhidas, já que são encontradas facilmente na atualidade, seja em clubes, academias ou espaços públicos de Nova Friburgo. Além de pôr os músculos para trabalhar, elas conversaram com especialistas de cada modalidade para conhecer as particularidades, indicações e curiosidades sobre os esportes.

Musculação: Certeira, Segura e Eficaz
por Dayane Emerich

Velha conhecida, a musculação ainda reina quando o assunto é alcançar o chamado corpo perfeito, seja pela sua eficácia, quase matemática, pela grande quantidade de academias que oferecem a modalidade ou mesmo pela flexibilidade de horários (já que a maioria dos centros de musculação fica aberta durante praticamente todo o dia).

O professor Cassiano Emmerich, formado em Educação Física pela Estácio de Sá e pós-graduado em Treinamento de Força pela Gama Filho, diz que as academias lotam com a proximidade do verão: o aumento chega a ser de 30%. Muitos ingressam nessa época a fim de compensar o tempo perdido, mas para a idealização de um resultado mais satisfatório e saudável, o correto seria a prática de atividade física durante todo o ano.

Definida como modalidade de exercício físico que visa exercitar o corpo, a musculação é uma atividade que consiste em trabalhar a musculatura corporal, realizando exercícios contra uma resistência que pode ser empregada das mais variadas formas. É o que explica o professor de educação física, pós-graduado em medicina do esporte e atividade física pela Estácio de Sá e mestrando em neurociências pela UFRJ, Ridson Rimes.  “A musculação tem como objetivo não apenas o desenvolvimento de músculos, mas também do esqueleto e das funções cardiopulmonares. Durante os treinos são utilizados halteres, barras, tensores ou simplesmente a própria gravidade, além de cicloergômetros quando falamos em treinamento aeróbio”, disse.  

Questionado sobre o perfil dos praticantes, o professor esclarece que a musculação é uma das modalidades que atingem o maior público dentro da ampla gama de exercícios físicos, podendo ser realizada em diferentes abordagens e quase sem restrições, com exceção de, por exemplo, indivíduos hipertensos, diabéticos ou que recentemente passaram por algum tipo de cirurgia. Estes, junto ao grupo das gestantes e crianças, devem receber acompanhamento profissional e treinamento específicos.

Os benefícios
Como se ajudar a emagrecer e atingir o corpo perfeito não fosse o bastante, a musculação proporciona tonificação e fortalecimento dos músculos; diminui os riscos de doenças como a osteoporose e dislipidemias; melhora o sistema imunológico, o equilíbrio corporal, a coordenação motora e o humor do praticante.

Segundo Ridson, embora os resultados dependam de muitas variáveis (histórico, alimentação, tempo de descanso), entre a sexta e a oitava semana de treinamento, fase ainda considerada de adaptação, o praticante já observa o ganho de massa muscular ou a perda de peso, conforme o objetivo desejado. O professor explica também que “50 minutos três vezes por semana é um treinamento suficiente quando o objetivo é a manutenção da saúde. Se há objetivo estético ou profissional (atleta), o tempo e a especificidade do treino vão variar”, afirmou.

Jornalista na ativa: força e foco pra entrar em forma
Eu, Dayane, fui a escolhida como cobaia para praticar e entender um pouquinho mais sobre a famosa musculação. Confesso que não foi fácil, é preciso muita determinação e disciplina para alcançar os objetivos desejados e poder desfilar aquele corpão sarado na praia. Suar, suar e suar. Este deve ser o verbo preferido dos marombeiros.

Sem mais delongas, posso dizer que, embora muita gente ache a musculação uma atividade tediosa e repetitiva, eu não concordo. Se me dissessem que é para os fortes, aí sim (risos), pois haja força e disposição para levantar aqueles pesos. Durante a minha série, eu pratico doze exercícios como, por exemplo, leg press 180°, mesa flexora, extensão de quadril quatro apoios com caneleira (joelho 180° e 90°), supino vertical, puxada para frente, abdominal oblíquo, entre outros. Com pouco mais de seis meses de treino já notei muita diferença no corpo, além do aumento da minha disposição e nítida melhora no meu humor (minha mãe que o diga).  

Outra vantagem que, na minha opinião, faz a musculação disparar em relação as outras modalidades, é o preço. Em Nova Friburgo, por exemplo, é possível encontrar academias com mensalidades a partir de R$ 65. Realidade muito diferente da vivida pelos praticantes do crossfit ou do funcional que, em média, chegam a pagar mais que o dobro deste valor.

Não posso esquecer também de mencionar o quão divertido é o ambiente de uma academia. Este é, com certeza, o melhor lugar para conhecer pessoas com objetivos iguais ou mesmo diferentes do seu. “Queria ter o bumbum arrebitado”, “Preciso malhar o tchauzinho”, “Minhas pernas são muito finas”, “Olha o tamanho daquele braço”. A academia é, sem nenhuma dúvida, um excelente lugar para você saber que não está sozinho nesse barco, o que consequentemente te leva a conhecer uma série de pessoas e fazer muitas amizades.
 

CrossFit: um exercício de guerra
por Rafaella Dias

Ganhando cada vez mais espaço e adeptos, o CrossFit é uma novidade que vem fazendo sucesso no mundo fitness. Utilizado inicialmente nos Estados Unidos como principal modelo de condicionamento físico das forças armadas, hoje centenas de pessoas aderiram à prática visando qualidade de vida.

O treinamento consiste em movimentos funcionais de alta intensidade que reúnem exercícios de atletismo, ginástica olímpica e levantamento de peso, em treinos variados. O principal objetivo da modalidade é desenvolver a competência do indivíduo em atividades do dia a dia, que vão de carregar uma sacola de compras até uma caixa mais pesada da mudança.

A treinadora Lyvia Passos explica que existem dez capacidades físicas que o corpo humano é capaz de desenvolver. São elas: resistência muscular, resistência cardiovascular, força, flexibilidade, velocidade, potência, coordenação, agilidade, equilíbrio e precisão. Todas elas são trabalhadas dentro do CrossFit em treinos de até uma hora de duração. “A pratica do CrossFit desenvolve as nossas dez capacidades físicas, trazendo benefícios para o nosso dia a dia, ou seja, você vai ser mais ágil, mais flexível, mais disposto durante suas atividades diárias. Você vai trabalhar e desenvolver todas essas capacidades em treinos específicos que variam durante a semana”.

Por ser uma atividade de alta intensidade, muitas pessoas se assustam com a carga de peso e com a brutalidade dos movimentos executados pelos atletas. Mas é importante saber que todos os praticantes têm o seu tempo de adaptação e as suas limitações observadas pelo treinador desde o primeiro dia de aula. “O aluno novato não vai chegar aqui e fazer tudo que um aluno mais experiente faz. Tudo tem o seu tempo. Primeiro é essencial que ele aprenda a técnica do movimento, para depois pegar peso. Se muitas vezes não aguentamos o peso do nosso próprio corpo, como vamos carregar um peso a mais?”, conta a treinadora. Por esse motivo, ao contrário do que muitos pensam, a modalidade pode ser praticada por todas as pessoas, de qualquer idade e categoria, inclusive crianças e gestantes. Com uma observação: para as mamães é indicado que a mesma já pratique o CrossFit antes da gravidez.

Jornalista na ativa: “O seu treino é o nosso aquecimento”

Novos desafios todos os dias, é assim que eu, Rafaella (na foto, ao centro), classifico o CrossFit. Os treinos variam diariamente, a cada aula um novo movimento ou uma carga a mais. A dica vai para quem não gosta de monotonia nas atividades físicas.

Os treinamentos realmente dão mais disposição e fôlego para enfrentar o dia a dia. A gente volta a ser criança dentro de um “box”—como são chamados os espaços destinados aos treinos—pula corda e também em caixas, dá cambalhotas, fica de cabeça para baixo, entre tantos outros movimentos. Vale contar também sobre os gritos, a música alta e toda a vibração nessas academias. Os gritos servem de apoio e dão força para que os colegas que estão no “box” vençam mais um desafio.

Superação: acho que essa é a palavra. Percebi que, todos os dias, os que levam a sério o CrossFit não se importam em comparar resultados com os colegas de treino e, sim, tentam sempre superar a si mesmos. Seja levantando uma carga mais pesada do que está acostumado ou executando um movimento que por cansaço não esteja saindo, a ideia que tive sobre a modalidade é que em todo treino, cada um tenta vencer os seus próprios limites. Às vezes na vida a gente acha que não é capaz de conseguir alguma coisa, até tentar. E assim é também no CrossFit, tentar e persistir—correr atrás dos seus objetivos e vencer os seus limites.
 

Treinamento Funcional: uma modalidade mais antiga do que se imagina
por Karine Knust

Ao resolver seguir uma vida mais saudável é difícil definir qual será o esporte a se praticar. Em Nova Friburgo, o número de academias é crescente e se tornou cada vez mais comum ouvir falar de uma modalidade nova de exercícios. O treinamento funcional, também conhecido como treinamento específico individual (TEI), por exemplo, é considerado uma novidade para muitos. Mas engana-se quem pensa desta forma. Segundo o educador físico Tadeu Benevides, os exercícios utilizados neste treinamento serviam como uma espécie de fisioterapia na recuperação de soldados mutilados ainda na Segunda Guerra Mundial.

Considerado um treinamento inteligente e indicado para todas as idades, o educador explica que o TEI estimula o trabalho do sistema nervoso central, gerando eficácia nos movimentos e eficiência para alcançar qualquer objetivo. “Cada indivíduo tem suas particularidades, por isso, dependendo da condição da pessoa, podem existir restrições. Mas uma das coisas mais interessantes no treinamento funcional é exatamente o fato de ser uma modalidade bastante adaptável. Até crianças e gestantes podem fazer os exercícios respeitando, é claro, os limites de cada caso”.

Mas, afinal, o que é o treino funcional? Tadeu explica: “Treinamento funcional, como o nome mesmo diz, é uma modalidade que trabalha as funções de sinergia do corpo—como o equilíbrio, estabilidade, controle motor—aumentando e estimulando os músculos e, com isso, a capacidade de perceber a si próprio. Em resumo, os exercícios são focados em tornar o corpo mais eficaz em seus movimentos”, acrescenta ele.

Com atividades precisas e equipamentos que ampliam ainda mais as possibilidades do treinamento, podendo-se criar inúmeros exercícios em função das necessidades de cada indivíduo, é possível se alcançar bons resultados em um curto espaço de tempo, mas Tadeu alerta: “Fatores externos como a idade e o histórico podem influenciar no tempo para se obter resultados, mas a alimentação , principalmente, faz a diferença”.

Um treino específico individual chega a durar, em média, uma hora. A modalidade pode ser praticada de três a cinco vezes por semana, dependendo do protocolo adotado.

Jornalista na ativa: a difícil e possível missão de sair do sedentarismo

Depois de mais de dois anos sem praticar exercícios, decidi levantar do sofá e ir em busca de uma vida e corpo mais saudáveis. Essa nova trajetória começou há cerca de um mês e confesso que ainda é difícil resistir às tentações que se apresentam sem precedentes através das conhecidas ‘gordices’—que, sem dúvidas, me chamam mais atenção do que belas saladas—e da cama quentinha às segundas, terças e sextas-feiras de manhã—dias em que acordo mais cedo para ir para a academia.

Mas é preciso ir à luta. Como já tinha feito musculação durante algum tempo, resolvi experimentar outra modalidade. Foi aí que conheci o treinamento funcional. O primeiro dia de exercícios não me assustou tanto, sabia que ficaria cansada, mas nada além do normal. Pensei. Entretanto, no outro dia, pela manhã, constatei que estava realmente sedentária. Todo o meu corpo estava dolorido, até descobri músculos que não sabia que existiam por causa da dorzinha chata.

A primeira semana foi, de fato, de adaptação. Agora, começando a ver a resistência aumentar, os músculos começarem a ganhar um desenhado mais definido e ter outra disposição, tenho vontade de me bater quando me saboto comendo uma besteira ou quando acabo deixando a preguiça falar mais alto. O que aprendi até agora? O treinamento funcional é realmente bem específico e uma ótima opção para quem tem objetivos definidos e persistência para alcançá-los.    

O desabafo de um educador físico
“Nesta minha ‘jornada’ de orientador físico, que beira os 38 anos, já vi muitas mudanças. Máquinas extraordinárias, calçados, roupas, mas o cliente (aluno) não mudou, e sim piorou. Vão para academia como se fossem ao shopping, não querem sofrer, compram todo tipo de adereços, roupas, suplementos, luvas, aparelhos de música, etc, mas malhar, ir ao nutricionista, fazer algo que gere resultado quase ninguém faz. As academias parecem mais ‘creches’ para cuidar de bebês mimados. As pessoas não cumprem metas, não seguem horários, não se alimentam direito, vivem achando que o mundo é uma ‘Disney’, não cresceram. Já passa da hora de todos olharem para o profissional de educação física e respeitá-lo, não somos ‘garçons’ para tirar e colocar peso. Somos interventores da saúde. É preciso parar e analisar. Enquanto todos forem apenas atrás da próxima moda, a próxima parada será o fracasso.” Tadeu Benevides

  • Rafaella Dias (ao centro) e a treinadora Lyvia Passos (à esquerda)

    Rafaella Dias (ao centro) e a treinadora Lyvia Passos (à esquerda)

  • Dayanne Emrich e o professor Ridson Rimes

    Dayanne Emrich e o professor Ridson Rimes

  • Karine Knust e Tadeu Benevides

    Karine Knust e Tadeu Benevides

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TAGS: crossfit | treinamento funcional | Musculação
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