Galeria KM7 inaugura novas exposições neste domingo

Fauna e Boiada do Chico vão agitar a Terê-Fri com performance de 40 pessoas com cabeças de boi douradas
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
por Ana Borges
Galeria KM7 inaugura novas exposições neste domingo

Os artistas plásticos Carlos Eduardo Borges e Ronald Duarte estão de volta a Friburgo para nova exposição a ser inaugurada neste domingo, 16, na Galeria KM7. Além da mostra, está programada uma performance de Ronald Duarte com 40 pessoas vestindo cabeças de boi douradas em um trecho do Circuito Terê-Fri, às 14h de domingo.  

Fauna, de Carlos Eduardo Borges, e Boiada do Chico, de Ronald Duarte, vão dividir espaços entre a KM7 e a Casa do Chico - uma extensão da galeria, além de uma performance de Duarte com 40 pessoas vestindo cabeças de boi douradas em um trecho da Tere-Fri, às 14h de domingo.

Após a apresentação, as cabeças voltam para a Casa do Chico, onde uma estrutura especial está sendo criada para que o espectador aprecie a mostra a partir do segundo piso.

O acaso capturado...

Para a artista visual e professora de doutorado da Uerj, Cristina Salgado (crédito das fotos), Carlos Eduardo Borges parece ser “um artista que se interessa pela economia do acaso e por um modo de ‘materialização do tempo’ na recepção de sua obra. Daí experimentos com esses elementos em formações muito diversas, como as que se apresentam agora reunidas na Galeria KM7”.

“Na série Jogo do Bicho, Borges traz imagens ampliadas do resultado do jogo do bicho, como se formada por pixels…, e não descartaria uma ironia com a tecnologia de ponta na produção de imagens, ironia bastante afim com a estética da tecnologia empregada nos projetos filmados Ilha de Fauna e Ponte de Fauna.

No filme aparece um artista em pleno processo. Vestindo um traje impermeável, entra nas águas poluídas que banham uma região de mangue, em um cenário que revela evidentes condições de degradação ambiental. Mas o artista está ali, colocando plantas frutíferas no interior de uma estrutura a que se poderia chamar, em princípio, de balsa, feita com materiais que não a diferenciam muito da visualidade do ambiente.

O artista vai puxando uma longa corda, que ata essa balsa-escultura a uma pedra às margens do mangue – ou talvez um grande caco de entulho. Em narrativa em off, ele nomeia a balsa também de estrutura flutuante, ilha-balsa, vaso, cesto.

À ‘balsa’ principal vão sendo agregados ‘barquinhos’ secundários com mais mudas – estes também matérica e visualmente afins com o entorno. A proposta, ele explica, é a de que à essa estrutura vão se acumulando mangue e lixo e uma continuidade vá sendo criada com o tempo, ao ponto de que não apenas a ilha-balsa-escultura se emende com a margem, mas possivelmente se estabeleça uma conexão entre uma margem e outra do mangue.”

"Com essas estruturas flutuantes você pode desenhar, fazer composições, linhas, até pontos sobre o mar”, sugeriu Carlos Eduardo Borges.

Carne com grife

Segundo a psicoterapeuta Júlia Andrade, Ronald Duarte trabalha especificamente com a urgência urbana, isto é, com aquilo que precisa ser feito, dito, exposto, visualizado no aqui-agora. Para o artista, que traz para exposição o tema Boiada, “o boi é manso, subserviente, mas sua carne é esquartejada e vendida como artigo de luxo. O mesmo acontece com o artista e seu trabalho”.

“Este ano, Ronald Duarte trouxe às ruas cariocas a obra ‘Matadouro Boiada de Ouro’, apresentada anteriormente em Berlim. Esta ação acontece com dezenas de pessoas vestidas com cabeças de boi douradas e andando como se estivessem indo para o abate. A proposta critica a fetichização da carne, que hoje tem até grife como, por exemplo, a Friboi. A utilidade da mercadoria carne do boi deu lugar a um valor simbólico. Não é comprada pelo seu valor real, mas sim por um valor transcendente que é atribuído a ela”, comentou Júlia.

A Galeria KM 7 fica na Rua Margarida Brantes, 265, Venda das Pedras, Córrego Dantas (Estrada Tere-Fri, km 60).

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade