Titular da 151ª DP: “Friburgo tem excelentes índices de segurança”

Dados do ISP mostram redução da criminalidade. Confira entrevista com o delegado Henrique Pessoa
sábado, 09 de novembro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
De acordo com um balanço do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), de janeiro a setembro, o total de ocorrências policiais em Nova Friburgo neste período caiu 6,8% em relação ao mesmo período no ano passado. A estatística aponta redução principalmente no número de roubos, furtos e apreensão de drogas.

"Os índices de homicídios na cidade ainda são toleráveis. Muitos desses casos têm ligação com o tráfico

Delegado Henrique Pessoa

Apesar dos números apontarem melhora, os casos de violência continuam com números altos. À frente da 151ª DP, o delegado Henrique Pessoa conversou com o jornal sobre esses índices, além de abordar aspectos operacionais e esclarecer para a população alguns procedimentos da Polícia Civil. Esta entrevista também pode ser conferida em vídeo no site do jornal (www.avozdaserra.com.br). 

 Como é a atuação da 151ª DP em Friburgo e região?

A nossa unidade tem por limite territorial a cidade de Nova Friburgo, mas também atuamos na região inteira, por conta da escala de plantões dos fins de semana, o que chamamos de plantão de área. É uma população grande, são cerca de 190 mil habitantes e na região como um todo, cerca de 380 mil pessoas. Friburgo figura como capital regional, no aspecto financeiro e também em termos de segurança. 

Nova Friburgo é uma cidade tranquila?

Observo a migração de muitas pessoas para cá, principalmente do Rio. Apesar dos problemas,  considero Friburgo com excelentes índices de segurança, qualidade de vida. Em relação a outros centros urbanos, Nova Friburgo está um passo a frente.

O combate ao tráfico de drogas é citado pelos coronéis Paulo Roberto das Neves (11ºBPM) e Marcelo Freiman (7º Comando de Policiamento de Área), como o principal problema da região. De fato, de acordo com o ISP, esse quesito lidera o índice de ocorrências. O senhor reforça essa preocupação ou há algum outro fator mais preocupante na região?

Em termos de problemas, sobretudo de ações mais violentas, o que está no foco das nossas preocupações, é a questão do tráfico de drogas. Praticamente todo dia nós temos um flagrante de tráfico de drogas. De um modo geral preocupa a região do Alto de Olaria, onde tivemos alguns confrontos armados recentemente, mas felizmente a situação melhorou e também em outros pontos como o Alto do Floresta (Morro do Dedé) e Rui Sanglard. Nossos índices de homicídios são bastante toleráveis. Sabemos que este é um crime que impacta mais. Os últimos casos tinham ligação com o tráfico. A nossa preocupação é nesse sentido e nesse ponto não iremos tolerar.

Os friburguenses mostram-se preocupados com os crescentes registros de assaltos a mão armada na rua, em lojas, além de homicídios. O que o senhor pode dizer para tranquilizar a população?

Quando a gente “aperta” muito o tráfico, parte dessas pessoas vão para a “pista” reforçar o ganho deles. E o aumento de furtos e roubos são inevitáveis. Em setembro nós conseguimos desbaratar uma quadrilha de cinco integrantes, três deles já estão presos, dois deles ainda soltos, que furtavam carros, cometiam diversos roubos. Por conta disso houve uma melhora nos índices. Também pegamos outros dois elementos que atuavam na área do Cônego e Cascatinha. É importante que as pessoas também possam se cuidar, não só em suas residências, mas também na rua. O furto, apesar de ter a nossa atenção, é algo que não nos preocupa muito porque é crime sem violência ou grave ameaça. A gente sabe o quanto é chato você perder um bem, sobretudo aparelho celular. O que nos preocupa muito é o roubo porque é o crime patrimonial com violência ou grave ameaça. Nós estamos investindo muito em cima da repressão aos roubos. A gente espera nos próximos meses uma redução desses índices.

Mesmo como a proximidade do Natal?

Essa época é muito problemática por conta do fluxo de pessoas na rua e principalmente com dinheiro é alta. Nós aqui fazemos toda uma estratégia para que nessa época do ano possamos reprimir as tentativas de roubo.

Há alguma parceria com empresários, comerciantes e sociedade para disponibilizar suas câmeras de segurança com a Polícia Civil?

É uma solução. Tivemos recentemente o caso de um rapaz que praticou roubos seguidamente e conseguimos identifica-lo por imagens de câmeras de segurança. Em geral os comerciantes colaboram e as imagens são fundamentais. Há um desconforto do morador que sente um certo temor ao ceder imagens para a polícia, se sentem expostos. Nós gostaríamos que as pessoas tivessem um pouco mais de confiança, que fossem mais solícitas.

Em setembro, um homem assaltou três estabelecimentos comerciais. Ele foi detido, confessou o crime, tendo imagens que o identificam, estava em liberdade condicional, mas foi liberado por não ter sido preso em flagrante. Logo depois voltou a cometer os mesmos crimes e foi preso em flagrante. Afinal, como é o procedimento em casos como esse?

É uma questão técnica. As pessoas acham que a resposta mais adequada é a prisão. Em um primeiro momento, sim. Não inventaram nada melhor até agora. Nesse caso específico ele não foi preso porque não existia uma circunstância flagrancial. Nós tínhamos o reconhecimento dele através das imagens, tínhamos a folha dos antecedentes criminais dele com diversas passagens por crimes similares, com a mesma dinâmica. Isso tudo é meio probatório. Nós unificamos todos esses feitos, fizemos o devido reconhecimento e pedimos a prisão dele. Ele é dependente químico e por isso ele rouba para obter recurso e comprar droga. A população às vezes não entende que nós temos que trabalhar dentro do limite legal. Os crimes patrimoniais são os chamados crimes instantâneos. A partir do momento que a pessoa subtrai uma coisa, o crime se concretizou. Passado algum tempo você já não tem a circunstância do flagrante. O próprio nome já diz: você tem que surpreendê-lo em ação, logo após ou tendo em seu poder algo relacionado ao fato em si. Nesse caso, não. Se o comerciante me traz a imagem depois, eu tenho um elemento probatório, mas eu não tenho circunstância de flagrante. Nesse caso, tenho que instruir o inquérito policial e pedir a prisão. É importante que a população registre, se disponha a denunciar. Muitas vezes temos conhecimento em reuniões comunitárias em que a pessoa aponta um lugar com grande incidência de roubo, mas quando vou olhar os registros não tem nada indicando que essa tal região tem ocorrência. É fundamental que haja a denúncia até para que possamos elaborar junto com a PM a mancha criminal, estabelecer estratégia, dar ênfase ao relatório, pedir um relatório à inteligência. Isso pra polícia é fundamental.

Os números mostram que houve uma diminuição no registro total de ocorrências na região. Mesmo assim o número ainda é grande. Na sua visão, nossa região é pacífica ou inspira cuidados?

Eu ainda acho que Nova Friburgo tem níveis toleráveis. Se compararmos com outras cidades, como Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, teremos números excepcionais. Só que temos que agir de forma proativa. Não podemos ficar ruim para tomar atitude. Brigamos para manter esses números em parâmetros toleráveis. A população pode ficar tranquila, temos policiais muito empenhados. O que as pessoas precisam entender é que Friburgo é um cidade atrativa, com polo de moda íntima, metal mecânico, cervejeiro, muitas pessoas estão vindo morar aqui e com isso, os índices de criminalidade aumentam.

Os números da violência em Friburgo, de janeiro a setembro  

Roubo de Rua

2019: 112 casos

2018: 106

Roubo de Veículo

2019: 3

2018: 8

Tentativa de homicídio

2019: 28

2018: 48

Apreensão de Drogas

2019: 802

2018: 897

Furtos

2019: 731

2018: 912

Roubos

2019: 157

2018: 144

Total de Ocorrências

2019: 4.566

2018: 4. 870

Redução de 6,8%

(Fonte ISP)

 

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