Cerca de 20 estudantes ocuparam no fim da tarde desta segunda-feira, 12, a Coordenadoria Regional Serrana II, da Secretaria Estadual de Educação, em Nova Friburgo. O grupo protesta contra o fechamento de turmas, turnos e do ensino médio em escolas estaduais do município, mudanças previstas para o próximo ano letivo. Por causa da ocupação dos alunos, as atividades na coordenadoria foram suspensas e os servidores foram liberados nesta terça-feira, 13.
“A Secretaria de Educação está fechando turmas e turnos sem consultar a comunidade acadêmica. Não há diálogo”, criticou o estudante do Colégio Estadual Professor Jamil El-Jaick e representante do movimento de ocupação, Wallace Rodrigues. “Muitos alunos serão prejudicados com essas mudanças nas escolas, porque serão transferidos para unidades longe de casa. Queremos que nos ouçam” disse o jovem de 16 anos.
Os estudantes ocuparam o prédio da coordenadoria, que fica atrás do Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), na Praça Dermeval Barbosa Moreira, no Centro, quase no fim do expediente, por volta das 16h. Wallace contou que os alunos ocuparam o auditório da coordenadoria e também algumas salas e podem usar banheiros do imóvel. As salas onde estão documentos foram lacradas após a ocupação. A PM está no prédio para evitar depredações.
“O movimento é pacífico e nossos pais apoiam a ocupação. O grupo é composto por alunos de várias escolas de Nova Friburgo. Nós estamos dormindo no auditório, recebemos doações de alimentos e estamos tomando banho no prédio também”, detalhou Wallace. A equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA não foi autorizada pela polícia a entrar na coordenadoria.
O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe) também está acompanhando o movimento e apoia a ocupação dos estudantes. Nesta terça-feira, 13, o professor e sindicalista Angelo Cézar Jachelli estava no portão da Regional Serrana II e também criticou as “decisões unilaterais” que a Secretaria de Educação vem tomando na cidade e também no estado.
“Nós apoiamos o movimento porque entendemos que o fim de turmas e turnos nas escolas vai afetar também o trabalho dos professores, que serão deslocados para outros colégios. O sindicato também é contra o fechamento de vagas nas escolas. No estado, escolas particulares tiveram uma redução de cerca de 10% a 15% no número de alunos, que migraram para a rede pública no último ano devido à crise. Como será no próximo ano?”, questiona Jachelli.
A VOZ DA SERRA apurou que serão fechadas turmas e turnos no Colégio Estadual Jamil El-Jaick, no Centro; no Colégio Estadual Marcílio Dias, no Paissandu; no Colégio Estadual Doutor Tuffy El-Jaick, em Duas Pedras; no Colégio Estadual Feliciano Costa, no distrito de Conselheiro Paulino; no Colégio Estadual Padre Franca, no distrito de Mury; no Colégio Estadual Carlos Maria Marchon, no distrito de Lumiar; e no Colégio José Martins da Costa, no distrito de São Pedro da Serra.
O movimento de ocupação também é contra o fim do ensino médio no Ciep Glauber Rocha, no bairro Jardim Ouro Preto, que será municipalizado em 2017 e só oferecerá o ensino fundamental. Todos os alunos e servidores do Colégio Municipal Rui Barbosa, no Prado, serão transferidos para o Ciep. No mês passado, o Glauber Rocha foi ocupado por estudantes que criticam a transferência do ensino médio para o Colégio Estadual Vicente de Moraes, próximo ao Ciep. Eles alegam que o Vicente não tem estrutura adequada para recebê-los e querem que o Glauber seja estadual e municipal.
O fechamento de turmas e turnos em escolas do estado está sendo acompanhado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa Rio de Janeiro (Alerj). Na próxima sexta-feira, 16, o presidente da comissão e deputado estadual Comte Bittencourt (PPS) vai realizar uma audiência pública no auditório do Instituto de Saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Nova Friburgo, para debater o tema. O encontro vai acontecer a partir das 14h e contará com a presença de representantes do Sepe, da Defensoria Pública e da comunidade escolar.
“Precisamos aprofundar o debate sobre a chamada ‘otimização’ da rede que vem sendo feita pelo executivo estadual. O Estado justifica o pacote de austeridade como uma medida imprescindível para preservar áreas prioritárias como saúde, segurança e educação. O fechamento de escolas neste momento é a maior prova da negligência com a área. Negar aos nossos estudantes acesso à educação é negar o futuro desses jovens", disse Comte Bittencourt.
A VOZ DA SERRA procurou a Secretaria Estadual de Educação para saber que medidas estão sendo adotadas em relação à ocupação da Coordenadoria Regional Serrana II, mas ainda não obteve resposta.
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