Estação Livre teve dia dedicado ao combate ao fumo

OMS alerta: mortes por tabaco devem aumentar de 6 para 8 milhões na próxima década
terça-feira, 30 de maio de 2017
por Ana Borges
Cigarro em brasa: tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, segundo a OMS (Foto: internet)
Cigarro em brasa: tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, segundo a OMS (Foto: internet)

No Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado nesta quarta, 31, a Estação Livre teve ações das 9h às 15h. Integrantes da coordenação de controle do tabagismo da Secretaria municipal de Saúde deram palestras sobre os perigos e as consequências do fumo ao corpo humano e explicaram o funcionamento do programa antitabagista da prefeitura. Já a Secretaria municipal de Políticas Sobre Drogas falou sobre prevenção. Foi montado um mural com fotos de casos de doenças decorrentes do fumo.

O tema da campanha deste ano da Organização Mundial da Saúde (OMS) para marcar este dia é Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento. No Brasil, a campanha é coordenada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Além dos danos à saúde pública, a produção e o consumo de produtos do tabaco geram importantes impactos socioambientais pouco conhecidos pela população, como o uso de lenha para aquecer as estufas que secam as folhas de tabaco que serão utilizadas na fabricação de cigarros, o que leva ao desmatamento e ao desequilíbrio da biodiversidade em tempos de severas mudanças climáticas.

No Brasil, estudo sobre impacto econômico do tabagismo no sistema brasileiro de saúde, revelou que em 2011 foram gastos R$ 23 bilhões com o tratamento de algumas das mais de 50 doenças tabaco-relacionadas. De outro lado, a arrecadação com impostos sobre cigarros (produto de tabaco mais consumido) recolhidos naquele ano foi da ordem de R$ 6 bilhões.

Mas o custo do tabagismo no Brasil avaliado pela pesquisa ainda está subestimado: não incluiu o custo gerado pelo absenteísmo, perda de produtividade, despesas das famílias dentre outros gastos indiretos relacionados ao tabaco. Por isso, durante as atividades do Dia Mundial sem Tabaco, está prevista a divulgação de novo estudo com dados atualizados sobre o impacto econômico do tabagismo no Brasil, incluindo custos com perda de produtividade.

Ao parar de fumar…

Segundo a pneumologista Roseliane Araújo, os benefícios de abandonar o cigarro são inúmeros. “A saúde agradece imediatamente e de forma constante e contínua a longo prazo. Além disso, parar de fumar melhora a autoestima, propicia mais qualidade de vida, mais convívio social e liberdade. Há ainda benefícios estéticos para a pele, cabelos e dentes. A curto prazo podemos destacar que, em cerca de 20 minutos depois de deixar o cigarro, a pressão arterial e os batimentos cardíacos retornam ao normal. Em oito horas, os níveis de monóxido de carbono no organismo se normalizam e em aproximadamente 24 horas ocorre uma redução do risco de ataques cardíacos”, esclarece.

De acordo com a especialista, com três dias sem fumar, a pessoa já sente um relaxamento dos brônquios e um aumento da capacidade respiratória; e entre duas e 12 semanas, a circulação sanguínea do indivíduo já apresenta melhoras significativas. Com menos de nove meses de abandono do cigarro, o ex-fumante já é capaz de perceber uma redução de tosses, infecções e melhora da capacidade respiratória. Em um ano, a redução do risco de doença coronariana chega a 50%.

“A longo prazo, o ex-fumante que abandonou o vício há mais de dez anos tem o risco de doença coronariana igual ao de quem nunca fumou. Assim como a pessoa que está sem fumar há mais de 15 anos tem o risco de desenvolver um câncer próximo ao de quem nunca colocou um cigarro na boca”, ressalta Roseliane Araújo.

Mortes

A epidemia global do tabaco mata quase seis milhões de pessoas por ano, das quais mais de 600 mil são não fumantes, mas vítimas passivas do fumo. A continuar esse cenário, estão previstas mais de oito milhões de mortes por ano a partir de 2030. Mais de 80% dessas mortes evitáveis atingirão pessoas que vivem em países de baixa e média renda.

Na tentativa de diminuir os danos, os objetivos da campanha este ano, são: dar visibilidade ao tabagismo como um entrave para o desenvolvimento sustentável; e incentivar os países a incluírem o controle do tabagismo nas suas respostas nacionais alinhadas à Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável (conjunto de programas, ações e diretrizes que orientarão os trabalhos das Nações Unidas e de seus países membros rumo ao desenvolvimento sustentável). Entre outros.

Brasil

Entre os objetivos específicos do Brasil estão o estímulo aos coordenadores estaduais e a sociedade civil organizada para que pressionem gestores estaduais na defesa do aumento do ICMS sobre cigarros. A ideia é que parte dessa arrecadação seja destinada ao financiamento das ações estaduais para o controle do tabaco e para as instituições voltadas para o tratamento do câncer.  

A campanha também quer fortalecer a parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao apoiar o lançamento das novas imagens de advertência dos produtos do tabaco em desenvolvimento pela Anvisa.

Há ainda várias denúncias sobre violação dos direitos humanos relacionadas ao trabalho infantil e trabalho penoso nas lavouras de fumo, e estudos comprovando danos à saúde do trabalhador, decorrentes da doença da folha do tabaco (absorvida pela pele durante a colheita) e do uso intensivo de agrotóxicos que causam, nos fumicultores e familiares, neurites crônicas incapacitantes, depressão e suicídios.

US$ 1 trilhão por ano

O tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, em gastos com saúde e perda de produtividade. Esta é uma das informações de estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos publicado e revisado por mais de 70 especialistas, no início deste ano.

O custo estimado supera as receitas globais com os impostos sobre o fumo, que a OMS estimou em US$ 270 bilhões em 2013-2014. Cerca de 80% dos fumantes vivem em  países pobres, e embora a prevalência de tabagismo esteja caindo entre a população global, o número total de fumantes em todo o mundo está aumentando, diz o estudo. Especialistas em saúde afirmam que o uso do fumo é a maior causa evitável de morte globalmente.

(Fonte: Organização Mundial de Saúde e Instituto Nacional de Câncer)

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