O nome Ponte da Saudade vem da época em que o trem ainda era parte do cenário de Nova Friburgo. Naquele tempo, próximo ao local onde hoje fica a Rodoviária Sul, havia uma ponte, que era o lugar para onde as pessoas iam se despedir de seus conhecidos que partiam de viagem.
Com sua grande extensão — o bairro localiza-se entre o Bairro Ypu e Mury —, a Ponte da Saudade tem como duas principais características o comércio de moda íntima e a Rodoviária Sul.
A estação interurbana, no entanto, é alvo de reclamação de moradores de toda a cidade. Um problema apontado é em relação à chegada de ônibus em horários avançados da noite, quando a rodoviária fica deserta, os serviços — como bares, banheiros e venda de passagens — não funcionam e poucos motoristas de táxi se dispõem a ficar no local. Ônibus urbanos então, nem pensar. Um taxista confirmou que os banheiros são fechados pouco após as 22h. Outro motorista comentou: "A maioria dos taxistas fica aqui até mais ou menos meia-noite; a gente espera até o último ônibus chegar”.
Vindo do centro da cidade, antes da rodoviária, já é possível observar outro antigo problema do bairro, que está demorando a ser resolvido. O famoso "calombo”, localizado no quilômetro 78 da RJ-116 e que está em obras há bastante tempo. Segundo um comerciante que se identificou apenas como Flávio e que tem um estabelecimento próximo às obras, o calombo tem sido um grande transtorno. "Além de ficar muito feio para a entrada da cidade, atrapalha bastante o nosso comércio”, comentou o floricultor que trabalha no local há 12 anos. (Matéria específica sobre o km 78 na página 10 desta edição.)
SEM ASFALTO
Calçamento é um dos problemas mais graves apontados por moradores em algumas partes do bairro. Muitas vezes, eles fazem por conta própria melhorias até a própria pavimentação de vias. É o caso da Estrada Prefeito César Guinle — antiga linha férrea. Joel Ouverney, morador há 30 anos da Ponte da Saudade, conta que, junto com outros moradores, ajudou a fazer uma escada com pedras ligando duas vias do bairro. "Cansou de acontecer de pessoas passarem por aqui quando não havia a escada e levarem tombos, se machucarem gravemente ao escorregar na lama.”
Na mesma rua, outros problemas podem ser vistos. Há restos de veículos e muito lixo nos acostamentos, sem contar a falta de calçadas e o transtorno que as chuvas causam com a falta do asfaltamento. Alair Pacheco, estofador e capoteiro que vive na Ponte da Saudade há 40 anos, diz que a Estrada Prefeito César Guinle não é a única que precisa de calçamento: "Essas ruas com ladeiras, como a Rua Deputado Waldir Costa, por exemplo, precisam muito ser melhoradas. Tem idosos que moram nesses pontos mais altos e necessitam descer as ruas nessas condições para ir pegar o ônibus”. Outras reclamações de Alair foram a falta de área de lazer para as crianças, de um posto de saúde e de uma creche.
Em outro ponto do bairro, Márcia Lindani, comerciante que mora há um ano na localidade, comentou os problemas que vê na Ponte da Saudade. "Para mim, deveria aumentar o policiamento no bairro. Nossa mercearia foi assaltada há 15 dias e está sendo preocupante. Fora isso ainda tem a limpeza das ruas, que deveria melhorar, e o bairro precisava de um posto de saúde e de uma creche”, comentou Márcia, sendo apoiada pelo dono de um bar no local, que complementou: "O policiamento aqui não é muito bom, tinha que ser melhor para dar segurança aos comerciantes e a toda a comunidade. Outro ponto que também precisa mudar são as calçadas do bairro.”
Asfaltamento na Estrada Prefeito César Guinle é desejo dos moradores do bairro
RUA FELIPE CAMARÃO
Outra via do bairro que sofre grandes problemas é a Felipe Camarão. Um dos mais graves deles é o desmatamento, que vem se tornando comum recentemente em Nova Friburgo. Segundo denúncia de uma leitora, árvores estavam sendo cortadas de forma indevida num terreno da rua, supostamente por uma imobiliária. Após comunicar às autoridades, uma equipe de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável foi ao local e embargou a obra, além de notificar os responsáveis. Segundo a Secretaria, após a notificação o responsável terá que prestar esclarecimentos e só poderá voltar a construir no local com uma autorização. Caso não haja documentação, será emitida multa. Também foi informado que, em breve, a fiscalização voltará ao terreno para saber se o embargo está sendo cumprido.
O terceiro problema é o enorme buraco que existe em frente à sede do antigo Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs), onde futuramente funcionará o Hospital do Câncer. José Roberto Pacheco, presidente da Associação de Moradores da Ponte da Saudade (Amaps), explicou a situação que resultou na cratera: "No final de 2010, antes mesmo da tragédia, uma tromba-d’água atingiu o local e a via ficou bastante tempo com problemas. Agora o ônibus não passa mais por aqui, obrigando as pessoas a andarem um grande trecho, às vezes com bolsas pesadas. Depois de os moradores muito lutarem, a gente conseguiu que fizessem o muro de contenção. E agora, há uns 15 dias, eles abriram esse buraco para a instalação de manilhas. Isso vem causando muitos transtornos, os caminhões às vezes não passam, ficam agarrados aqui”. O presidente da Amaps ainda comentou que, na última quarta-feira, 26, o secretário municipal de Obras, José Augusto Spinelli, foi até o local e prestou esclarecimentos sobre o problema. "Segundo o secretário, quando acabar o período de chuvas, as obras serão retomadas pela Prefeitura. O problema é que a gente não vê mais os equipamentos ou máquinas aqui na rua”, comentou José Roberto.
Apesar das reclamações, a Ponte da Saudade é um local considerado muito bom. Cercado pela natureza — com direito ao friozinho da serra, inclusive no verão — os moradores têm a vantagem de o bairro ainda ser tranquilo. Os serviços das concessionárias de água, luz e coleta de lixo foram apontados como bons pelos moradores da Ponte da Saudade, e a maioria afirma gostar de morar lá, no lugar onde anos atrás já foi um local de despedidas.
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