De férias, Marlon Moraes faz balanço de 2019 e entrega doações

“Se Deus quiser, vou retornar a Friburgo com o cinturão”, disse o lutador de UFC
quinta-feira, 09 de janeiro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Marlon na entrevista: “Tento passar aos meus filhos a dificuldade que foi chegar até aqui”  (Fotos: Rodrigo Ferreira)
Marlon na entrevista: “Tento passar aos meus filhos a dificuldade que foi chegar até aqui” (Fotos: Rodrigo Ferreira)

 

O lutador friburguense Marlon Moraes, do UFC, concedeu entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 8, para fazer junto à imprensa local um balanço de 2019 e promover a entrega dos itens arrecadados por ele à Associação dos Pais e Amigos do Educando (Apae) de Nova Friburgo.

O atleta reuniu amigos, familiares, patrocinadores e fãs para um amistoso beneficente no último dia 28 de dezembro, ocasião em que arrecadou mais de 300 quilos de alimentos não perecíveis e cerca de 400 brinquedos. Durante o evento, Marlon Moraes também anunciou que entregaria à instituição uma série de itens arrecadados por ele com outros atletas de destaque da cidade. 

A diretora da Apae, Maria das Dores Pacheco, recebeu do lutador friburguense o short usado por ele na luta que valeu o cinturão dos pesos-galo; a camisa que ele entrou no octógono para o combate contra José Aldo; uma camisa de treino do também lutador Edson Barboza Júnior; uma camisa do CRB cedida por Lucas Siqueira, jogador de futebol revelado pelo Friburguense; uma camisa do San Antonio FC, dos Estados Unidos, doada pelo também futebolista Wellington Pecka; e uma camisa do Friburguense doada pelo grupo de jogadores.

“Agradeço a todos pelo apoio ao nosso futebol solidário. Não tivemos muito tempo para organizar, mas foi um sucesso. Agradeço também a todos os atletas de Friburgo que contribuíram doando as camisas. Espero que nos próximos anos possamos fazer algo maior. Mas podem ter certeza que o evento foi muito mais bacana do que esperávamos”, disse Marlon Moraes na abertura da coletiva.

AVS: Você já tem noção que é um ídolo de verdade para os friburguenses? Sente isso sempre que vem à cidade?

Marlon Moraes: “Com certeza. O público tem me trazido um retorno muito bacana, me parabenizando, me incentivando. Faço questão de falar com todo mundo que chega até mim para tirar uma foto, falar que assistiu minha luta. O mais importante é estar perto e mostrar para todos que sou um friburguense como outro qualquer. Mas as vezes confesso que me surpreendo com esse carinho. Minha irmã disse que tem um aluno que está estudando para medicina e se espelha em mim. Aí falei: “Mas se espelha em mim por quê?”. E ela disse que ele quer chegar a algum lugar e viu que eu cheguei a um patamar que parecia impossível. É muito importante ouvir isso.”

Você sempre faz questão de lembrar de onde veio e o longo caminho que percorreu para chegar ao patamar atual. Graças ao seu trabalho, seus filhos nasceram numa realidade totalmente diferente da sua. Como eles reagem à idolatria das pessoas com você aqui em Friburgo e como você tenta passar para eles qual é a origem do pai deles?

“Bacana essa pergunta. Ontem levei meu filho ao clube e ele estava brincando com outro garoto. Eles ficaram se empurrando, até que o Rafael veio chorando. O pai do outro menino já ia se desculpar, mas falei: ‘Pode deixar eles brincarem. Eu passei bastante por isso. Meu filho tem que passar por isso também’. Lá nos Estados Unidos as regras são bem diferentes. Nas escola uma criança mal pode encostar na outra. Sempre que venho à Friburgo tento trazê-los para a minha realidade. O Ryan é muito pequeno, não entende nada ainda. O Rafael, meu filho mais velho, que tem 5 anos, ainda não entende muito bem, mas às vezes fala alguma coisa engraçada. Outro dia ele disse: ‘Pai, você ganhou do José Aldo’. E fiquei pensando: ‘Como ele sabe disso?’. (risos) É bacana. Também tento levá-los aos lugares que eu frequentava. É uma realidade bem diferente, mas eu tento passar para eles a dificuldade que foi chegar até aqui.” 

Como você avalia o seu ano de 2019?
“Foi um ano bom. Comecei bem, tive a oportunidade de lutar pelo cinturão, mas infelizmente perdi. Logo depois consegui fazer uma boa luta e vencer o José Aldo. Mas o mais importante foi terminar o ano bem, com saúde. Faço o que eu amo e vivo do que eu amo. Só de estar lutando já é uma vitória para mim. Não ter sido campeão do UFC só me fez crescer, como atleta e homem. O cinturão é uma coisa que virá naturalmente. Tenho convicção de que condições e oportunidades não irão faltar. Espero que 2020 seja ainda melhor.”

Sente falta de ações sociais voltadas ao esporte?
“Sim, em Friburgo especialmente. É difícil alguém acreditar no esporte. Eu passei por isso aqui e vejo que muita gente ainda passa pelas mesmas dificuldades. Eu estava conversando com um menino de 16 anos que está começando e a principal dificuldade dele é financeira. É difícil viajar para treinar, para competir. Muita gente não acredita que você vai chegar lá. Quando você chega lá, todo mundo te dá um tapinha nas costas, mas até você chegar lá é muito difícil. Eu falei pra ele: ‘Você tem que ser feliz no que você faz. Acredite em você e faça o que você puder. Se você quiser, vai conseguir.”

Até quando você fica em Friburgo? Tem mais alguma atividade prevista na cidade?

“Tenho focado bastante na minha família. Ainda vou ficar mais uma semana em Friburgo recarregando as energias para voltar aos Estados Unidos mais forte do que nunca. E, se Deus quiser, voltar para Friburgo com o cinturão”.      

 

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