Cronologia da maior catástrofe natural da história do Brasil

terça-feira, 18 de janeiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Terça-feira, 11 de janeiro

16h - Rua São Roque – Olaria

Um prédio de dois andares cai e mata duas pessoas. Naquele instante, não chovia na cidade. Não se sabe oficialmente as causas do desabamento. Olhando em retrospectiva, é como um aviso da tragédia que estaria por vir.

 

23h – Começa a tempestade em toda a cidade. Em quase dez horas de chuva, a precipitação chegou a 300 milímetros.

 

Quarta-feira, 12 de janeiro

Começa o maior pesadelo já vivido pelos moradores de Nova Friburgo. Encostas deslizam, rios transbordam, avalanches dizimam comunidades inteiras.

O fornecimento de energia e água é interrompido, assim como a telefonia fixa e móvel, impedindo até mesmo o acesso aos serviços de emergência. Em meio a gritos e pedidos de socorro, moradores de todos os bairros e distritos, desesperados, tentam salvar vítimas em meio aos escombros. Um cenário de caos absoluto.

A população, desnorteada, sai para as ruas e constata a destruição avassaladora da cidade. Um verdadeiro tsunami vindo do céu.

Desaba um edifício residencial e algumas casas na Rua Cristina Ziede, no Centro, soterrando dezenas de pessoas. Três bombeiros que tentavam resgatar vítimas no local são atingidos pelo deslizamento de uma encosta no local.

A Praça do Suspiro, um dos principais pontos turísticos da cidade, é totalmente devastada. Toda a encosta do Morro do Teleférico deslizou, destruindo a Praça das Colônias, parte do Tiro de Guerra, a centenária Capela Santo Antônio e parte do Teatro Municipal.

O Rio Bengalas transborda e espalha um rastro de destruição por todo o centro da cidade e o distrito de Conselheiro Paulino, atingindo inclusive a Paróquia São Francisco de Assis, diversas lojas e inundando garagens de edifícios residenciais no eixo rodoviário.

O bairro Vila Amélia é devastado, isolando a 151° Delegacia de Policia, o bloco carnavalesco Globo de Ouro, o Sesi, o condomínio Bom Pastor, a Fábrica de Filó, o Filó Esporte Clube e dezenas de residências.

O bairro Lagoinha também é devastado, destruindo o Hotel Olifas. A rua que dá acesso ao bairro se transforma num rio caudaloso.

Rios e córregos afluentes do Bengalas invadem casas e mudam seu leito natural.

Quedas de barreiras impedem acesso à maioria dos bairros e loteamentos por todo o município.

O bairro Duas Pedras também é atingido. A praça Prudente de Moraes é arrasada. O antigo Centro Médico do Hospital São Lucas, na RJ 130 (Nova Friburgo – Teresópolis), que estava desativado, cedeu. O acesso ao São Lucas e a outros hospitais particulares é impedido.

Córrego Dantas, São Geraldo, Conquista, Solares, Campo do Coelho, Riograndina, Chácara do Paraíso, Nova Suíça, Amparo, todos os loteamentos do distrito de Conselheiro Paulino são atingidos por deslizamentos de encostas e transbordamendo de rios e córregos. Instaura-se um verdadeiro cenário de guerra, na tentativa de resgatar sobreviventes.

O Ginásio Celso Peçanha, anexo ao Instituto de Educação de Nova Friburgo, é aberto para receber os corpos resgatados na catástrofe, transformando-se num IML provisório.

 

Quinta-feira, 13 de janeiro

Começa o trabalho de reconstrução da cidade. Postos de arrecadação de alimentos são montados. Igrejas católicas e evangélicas abrigam sobreviventes, voluntários são cadastrados na Prefeitura. Durante todo o dia, a movimentação toma conta da cidade. O comércio permanece fechado, devido à impossibilidade de locomoção dos funcionários.

 

13h15 – A presidenta Dilma Roussef desembarca no Estádio Eduardo Guinle, ao lado do governador Sergio Cabral e seis ministros de Estado. Ao lado do prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto, visitam várias áreas atingidas. Em seguida, Dilma se reúne no gabinete do Palácio Barão de Nova Friburgo e libera verba emergencial de R$ 780 milhões para a recuperação da cidade.

 

14h30 – Chegam à cidade as equipes da Força Nacional de Segurança e montam hospitais de campanha na Prefeitura de Nova Friburgo, Praça Dermeval Barbosa Moreira e Praça 1° de maio, em Olaria.

 

17h – O prefeito Dermeval Barbosa Moreira decreta estado de calamidade pública e luto oficial de 30 dias. O governador Sergio Cabral decreta luto de sete dias no estado do Rio e a presidenta Dilma Roussef decreta luto oficial de três dias em todo o país.

 

Sexta-feira, 14 de janeiro

Equipes da Força Nacional de Segurança intensificam os trabalhos de tentativa de resgate de vitimas soterradas nos locais de deslizamento, acreditando-se que ainda tenham pessoas vivas.

 

11h - Um boato dando conta de que uma adutora havia se rompido causa pânico na cidade, levando muitas pessoas ao desespero.

 

Continuam as buscas incessantes por sobreviventes e corpos nas áreas atingidas. Em algumas localidades, o socorro só chega por helicópteros das forças de segurança. A telefonia fixa e móvel permanece inoperante em diversas localidades. Mutirões da prefeitura, voluntários e equipes de segurança investem no trabalho de resgate de vítimas e corpos. Há dificuldade de deslocamento em todos os bairros, devido ao impedimento parcial das vias.

 

Segunda-feira, 17 de janeiro

13h - O corpo do ex-prefeito Paulo Azevedo é encontrado.

 

16h - O número de óbitos ultrapassa a 300 pessoas.

 

A dor, a tristeza e a desolação não têm fim. Os friburguenses e todos os que amam Nova Friburgo estão de luto.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade