Córrego Dantas: a difícil reconstrução

quinta-feira, 03 de outubro de 2013
por Flávia Namen
Córrego Dantas: a difícil reconstrução
Córrego Dantas: a difícil reconstrução

Localizado entre Duas Pedras e Campo do Coelho, o Córrego Dantas foi um dos bairros mais afetados pela catástrofe climática ocorrida em janeiro de 2011. A equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA esteve esta semana na localidade e constatou a série de problemas de infraestrutura ainda presentes em vários pontos. Já na chegada ao bairro é possível constatar que pouco foi feito para recuperar as áreas devastadas pelas chuvas e deslizamentos ocorridos na madrugada de 12 de janeiro de 2011. A ponte de acesso ao Córrego Dantas até hoje não foi restaurada e permanece em condições precárias, sem a mureta de proteção. "Os ônibus não passam mais por aqui por causa do péssimo estado da ponte que ainda não foi reformada”, critica o comerciante Joel Correa Bayer, morador antigo do Córrego Dantas.

Apesar da placa afixada na entrada do bairro informando a existência de máquinas em operação, moradores afirmam que não há obra sendo feita na localidade. O único trabalho realizado até o momento, segundo a comunidade, foi a dragagem do córrego que dá nome ao bairro e a contenção de suas margens. "Fizeram uma obrinha aqui e mais nada. Estamos isolados e ninguém nos dá satisfação. Não temos água, ônibus, ponte e nem policiamento. Os assaltos aumentaram muito no comércio do bairro. As casas interditadas também foram todas roubadas”, desabafou Joel.

A descrença no projeto do parque fluvial, anunciado há cerca de dois anos pelo governo do estado, é quase que geral entre os moradores do bairro. "Estão indenizando os proprietários das casas, mas não acredito que esse projeto saia do papel porque não foi feito praticamente nada até agora. Além disso, ano que vem tem eleições, deve haver troca de governo e isso vai complicar ainda mais”, dizem alguns moradores.

De fato, a recuperação e reconstrução da localidade está em ritmo lento. "O bairro ainda está cheio de casas marcadas para serem demolidas, ruas esburacadas e sem calçamento, pontes improvisadas e bueiros entupidos. As construções a 50 metros do rio também estão proibidas, mas logo após a ponte de entrada tem um galpão sendo todo reformado. Cadê a fiscalização?”, questionam moradores. 

A falta de obras de contenção nas áreas que deslizaram em 2011 é outro alvo de queixas da comunidade. "Dragaram parte do córrego, que já está cheio de lixo e areia novamente e fizeram uns pedacinhos das margens, de algumas encostas, e nada mais. E a época de chuvas está se aproximando”, disse uma moradora que também preferiu não se identificar.

A apreensão da comunidade aumentou após a queda de uma pedra na parte alta do bairro, ocorrida há um mês. "Fez um barulhão danado e todo mundo ficou assustado”, relatou Joel Bayer. Na ocasião, o vice-presidente da associação de moradores do Córrego Dantas alertou para a necessidade de obras de contenção urgentes no local. 

A exemplo de outros pontos da cidade, o bairro também recebeu um contêiner da Unidade de Proteção Comunitária da Defesa Civil (UPC), projeto inovador de prevenção nas áreas vulneráveis a deslizamentos e enchentes em Nova Friburgo. A iniciativa, entretanto, ainda não está em operação, conforme constatou a equipe de reportagem. 

Obra complexa

A equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a superintendência do Inea para saber detalhes das obras de recuperação previstas para o Córrego Dantas, como a do parque fluvial. Segundo a superintendência, a obra é muito complexa e as informações sobre suas etapas estão a cargo da Diretoria de Recuperação Ambiental. A reportagem tentou ouvir o engenheiro responsável, mas seu celular estava fora de área.

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