Corpo de Bombeiros pedirá ao MP que investigue queimadas

Levantamento deverá ser finalizado após o período de estiagem. Só em setembro foram 200 ocorrências
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
por Adriana Oliveira
Helicóptero dos bombeiros joga água na mata em chamas atrás do Anchieta (Foto: Antônio Varella)
Helicóptero dos bombeiros joga água na mata em chamas atrás do Anchieta (Foto: Antônio Varella)

Foram 48 horas de combate, quase ininterruptas, que levaram friburguenses e turistas de passagem pela cidade a acostumarem os ouvidos ao som de sirenes e até helicópteros durante o feriadão de Aparecida. Os 90 homens do 6º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM) trabalharam incansavelmente para debelar as chamas que destruíram, desde a noite de quinta-feira até a madrugada de domingo, uma área ainda inestimada de mata, nas montanhas centrais de Nova Friburgo.

Apesar de todos os indícios e da quantidade de queimadas suspeitas - somente em setembro os bombeiros de Friburgo atenderam a 200 ocorrências -, a 151ª DP limitou-se a informar que, por enquanto, não há investigação sobre os recorrentes incêndios nas matas  da cidade. O 6º GBM, no entanto, está fazendo um levantamento, que deverá ser finalizado após o período de estiagem, para encaminhar ao Ministério Público Estadual (MPE) uma ação pedindo a investigação dessas queimadas.

No fim da manhã desta segunda-feira, 16, um homem chegou a ser detido em flagrante por atear fogo a lixo no Vale da Montanha, em São Geraldo. A Polícia Militar foi acionada por vizinhos depois que o rapaz discutiu com uma mulher que o advertiu. Houve relatos também de um grupo de garotos gritando após atear fogo em uma mata do Bairro Ypu no domingo, dando mais trabalho aos bombeiros.

O comandante do 6º GBM, tenente-coronel Fabio Gonçalves, não tem dúvidas de que há ações criminosas, dolosas ou não, entre as últimas queimadas. Principalmente a primeira delas, quinta-feira no Morro do Teleférico, que deu origem a outros focos, devido ao tempo seco, resultando na queima da vegetação de todo o entorno da montanha. “Bastam vento e uma fagulha para um novo foco se iniciar”, explicou.

Não foi este o caso, segundo ele, do fogo no morro da Rua Augusto Spinelli, que começou às 19h, ou seja, já com noite fechada, o que descarta a possibilidade de ignição espontânea. Casos de combustão natural, diz Fabio, são muito raros e precisam de condições extremas.  Há mais de um mês, o grande incêndio que consumiu toda a vegetação às margens da RJ-150, em Amparo, foi claramente criminoso, disse ele, para limpeza de terreno: “Sobrou apenas a placa de vende-se”.

Para o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do estado, coronel Roberto Robadey, a maioria dos casos é criminosa, porém  não intencional, como colocar fogo no lixo e perder o controle das labaredas. “É preciso uma ampla campanha de conscientização para que as pessoas não façam isso”, sobretudo em época de estiagem, disse ele.

O coronel João Paulo Mori, secretário municipal de Defesa Civil, faz um alerta a toda a população na página da Prefeitura no Facebook, solicitando à população que evite fazer queimadas propositais. A prefeitura não anunciou maiores providências em relação ao assunto.

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TAGS: Turismo | incêndio
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