Como é o Natal em Fribourg, na Suíça?

Veja como os suíços celebram a data em diferentes regiões deste país multicultural
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
por Ana Borges
Típica árvore e mesa de natal de uma família suíça (Foto: Flickr)
Típica árvore e mesa de natal de uma família suíça (Foto: Flickr)

Lá como cá, as festas mais coloridas são o Carnaval e o Natal, aliás, como em qualquer lugar do mundo. Na Suíça também. Como a Friburgo brasileira é a ‘nova’ Fribourg de seus descendentes, a ligação entre as duas cidades veio se consolidando ao longo dos dois últimos séculos, desde a sua fundação por decreto real — por D.João VI, em 1818 —, com mais ênfase a partir dos anos 1980.

Daqui a pouco mais de 500 dias, as duas ‘Friburgos’ estarão comemorando os 200 anos de fundação desta nova Fribourg em terras brasileiras, mais precisamente, aqui na serra fluminense. Com esta matéria, A VOZ DA SERRA dá início a uma série de matérias que serão publicadas ao longo do ano, até o grande dia - 16 de maio de 2018.

Sendo a Suíça um país de tradição folclórica, cada região tem seu próprio traje tradicional, e toda vila ou distrito tem seus próprios costumes folclóricos e eventos populares. São comuns e bem populares os mercados de Natal na Suíça, em quase todos os cantões. Aos visitantes locais, juntam-se cada vez mais turistas europeus, além dos americanos.

Quanto às lendas, contam que os presentes são transportados por um jumento e vêm acompanhados de uma figura um tanto sinistra, chamada de Schmutzli (sujo) em suíço-alemão, ou Père Fouettard (bicho-papão) em francês, que acompanhariam o Papai Noel. Seria assim como um ajudante do ‘bom velhinho’, na distribuição dos presentes, mas é também quem sempre tem à mão um livro com anotações sobre o comportamento das crianças: para ver se foram ou não boazinhas no ano que está terminando.

 

Voltando aos mercados, antes mesmo do Natal, os mais típicos de vilas e cidades oferecem seus produtos, os mais variados possíveis e para todas as finalidades. Na festa de São Nicolau, já em 6 de dezembro, nas áreas católicas, uma figura familiar aparece no meio da noite e deixa presentes para as crianças. Com aparência bem diferente do Papai Noel das lojas de departamentos das Américas, ele veste roupa branca, usa uma mitra e se apoia num cajado.

 

Lá como cá, o Natal é comemorado no dia 24, com uma refeição festiva, cujos pratos variam de região para região. As famílias se reúnem na casa da ‘matriarca’, geralmente representada pela avó, bisavó - avós, de maneira geral -, tradicionalmente a responsável pela ceia, pela recepção de seus familiares. O dia 25, propriamente dito, é dedicado a visitar a família ou simplesmente descansar.

Prato típico de Natal

Não tem. Isso mesmo. Segundo a nutricionista Esther Infanger, da Associação Suíça de Pesquisa Alimentar, "para os suíços, o mais importante é que haja bastante para comer". Porque a noite de Natal não se resume a uma refeição específica da data, mas um verdadeiro, longo e preguiçoso programa em torno de uma mesa farta, com todo tipo de carnes, acompanhamentos, tortas, biscoitos, doces.

Assim como o país é multicultural, também suas especialidades natalinas refletem essa diversidade. "O mais típico é que não falte carne na mesa", completou Esther. Apesar da dificuldade de determinar qual seria o prato nacional para os festejos de Natal, sabe-se que cada região tem suas próprias preferências.

Tradições na Suíça alemã

Em Berna, capital e cidade onde predomina o idioma alemão, o prato típico é o "berner platte", composto por diversos tipos de carne de porco como costela, toucinho e salsichas, incluindo ainda o repolho cozido e batatas. Outro prato é o "schüfeli", um presunto defumado que, depois de enrolado, é servido frio como o rosbife. Além dos pratos salgados, a arte de fazer doces, biscoitos e tortas de natal é reconhecida em todo o mundo. Nesse caso, elas são muito parecidas com as receitas especialíssimas das cozinhas alemã e austríaca.

Tradições na Suíça francesa

Na Suíça onde predomina o francês, a culinária tem um toque mais voltado para os países vizinhos como a França. A receita de natal mais tradicional e comum é o pato no molho de castanhas, descoberta no século 18, por historiadores, no cantão do Vale. Hoje há inúmeras variações de receitas para esse prato definido como delicado.

Deve-se levar em conta que a gastronomia de um país sofre influências do tempo. "Hoje em dia, suíços das duas regiões linguísticas do país gostam de pratos mais simples como o fondue chinês: neste caso, porque permite que as pessoas fiquem em volta da mesa por bastante tempo, conversando e comendo, sem que o prato esfrie", explicou Esther. No fondue chinês entram carnes, legumes e molhos diversos, no lugar dos queijos.

Antigamente, era tradicional na Suíça francesa oferecer laranjas para as crianças, uma fruta rara, na época. Hoje em dia, a laranja foi substituída por frutas exóticas como o abacaxi, a manga e o mamão papaya.

“La Suisse n'existe pas” ou “a Suíça não existe”

Com este lema, a Suíça se apresentou na exposição mundial de Sevilha em 1992. É desta forma que este minúsculo país se autodefine, já que “não é a unidade, mas a diversidade no menor espaço possível que caracteriza a Suíça”. Ela pode ser explicada do ponto de vista cultural e geográfico: lá são falados quatro idiomas nacionais, aos quais se somam numerosos dialetos. Também desde sempre, a cultura nas montanhas se diferencia da cultura no platô suíço, a vida em um vale da montanha corre de maneira diferente do que a vida na cidade grande. É por isso que às numerosas tradições regionais se opõem apenas poucos costumes nacionais. No decorrer do tempo e com o crescimento do turismo, porém, alguns costumes locais ficaram conhecidos para além dos limites regionais.

Mercados de Natal

Nesta época, surgem vários mercados de Natal pelas ruas de toda a Europa, assim como na Suíça, onde todas as cidades organizam seus mercados. A história conta que eles surgiram em Viena (Áustria), em fins do século 13. Depois, se espalharam e ficaram particularmente famosos na Alemanha a partir do século 14. Hoje é uma tradição não só nesses dois países, mas também na França, na Suíça, na Espanha… e outros.

Na Suíça, eles são de tamanhos variados: em alemão são os famosos Weihnachtsmarkt, já em francês, são os Marché de Noël. Os suíços gostam de comprar os presentes nesses mercados, porque sempre têm expositores de todo canto, muitas vezes com produtos artesanais exclusivos. Os mais famosos são os de Zürich, Basel e Montreux, além de Genebra, Lausanne, Bern, Neuchâtel, Fribourg e outras cidades.

Presentes tradicionais

Os produtos oferecidos nos mercados natalinos vão desde doces, velas perfumadas, geleias orgânicas, pão de especiarias, joias, têxteis, brinquedos e esculturas em madeira até têxteis, queijo, bebidas quentes, livros, artigos domésticos — qualquer objeto que possa ser embalado como presente.

Segundo pesquisa feita com mais de 800 consumidores suíços, a maioria pretende dar presentes úteis para adultos e artigos educativos para crianças e adolescentes, embora estes desejem mais eletrônicos.

Os presentes mais desejados são: livros (45%); vale-presente (45%); dinheiro (42%); CD/música (39%); ingressos para teatro e eventos esportivos (31%); viagens (29%); roupa (28%); produtos de beleza (27%); e joias (23%).

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