Casas ainda sem previsão para demolição na Vilage

quinta-feira, 19 de março de 2015
por Karine Knust
Casas ainda sem previsão para demolição na Vilage
Casas ainda sem previsão para demolição na Vilage

A Vilage é um dos muitos bairros afetados pela tragédia de 2011 que ainda permanecem com o mesmo cenário desolador de anos atrás. Basta começar a subir as ruas da localidade para constatar esta situação. Em fevereiro, a Defesa Civil divulgou — após uma reunião entre o órgão, moradores e representantes do poder legislativo — que cerca de 20 casas deveriam ser demolidas. No entanto, os moradores afirmam que nada foi feito de lá para cá e algumas áreas do bairro continuam em ruínas. 

De acordo com o morador Oliveira Henning, de 49 anos, uma nova reunião foi organizada no último sábado, 14, para tentar procurar soluções para o problema. "Entramos no Ministério Público alegando omissão do governo em relação à situação do bairro. Depois disso as reuniões começaram a acontecer. No entanto, a única coisa que de fato ocorreu até agora foram capinas nas ruas do bairro. Nos prometeram que as casas sem risco serão desinterditadas, as outras serão demolidas e esclareceram a utilização de verbas”, afirma Oliveira, que ainda frisa que o descaso com o bairro se arrasta há anos: "O alto da Vilage carrega essa situação de abandonado desde a gestão de Paulo Azevedo. Sempre lutamos por mais investimentos e pouca coisa é feita. A verba aparece, mas onde precisa realmente de intervenção, nada acontece. Além disso, é preciso haver planejamentos. Como vão demolir casas em locais que ameaçam desabar sem obras de contenção para que outras residências não sejam expostas ao risco?”, questiona ele. 

A indecisão entre a real necessidade de interdição de algumas residências na Vilage também tem gerado queixas. "Minha casa foi interditada em 2011 e desde então vivemos numa incógnita. Na época, a intervenção foi realizada por precaução, mas nos registros informam que a casa foi abandonada pelo morador. Isso não é verdade. Nunca saí daqui, minha casa está intacta. Dias atrás tive a água cortada por algumas horas porque a Prefeitura alegou que faria isso com as casas interditadas, no entanto, nem todas tiveram a paralisação. E aí, horas depois ligaram a água novamente. O que falta hoje é saber o que realmente será feito da Vilage. Precisamos de mais atenção”, declara a professora Lolita Schuenck, 67 anos, que mora do outro lado do bairro.

Para o morador Jorge Borges, de 64 anos, falta coerência nas informações. "Já recebi diversos engenheiros na minha casa e cada vez que isso acontece recebo uma reposta diferente. Uns dizem que há riscos, outros dizem que não. As coisas não batem e não há comunicação. Um tempo atrás, houve o teste de sirenes e, como orientado, desci até o Ponto de Apoio localizado na pracinha do bairro. Chegando lá vi que não tinha ninguém e aí descobri que o ponto de apoio tinha mudado e agora era no Fórum. Além de ser uma escolha infeliz, porque se houver inundação ninguém passa para o lado de lá, não fomos avisados sobre a mudança.” 

Outra reclamação é em relação ao abandono de um imóvel onde, até 2011, estava instalada a Creche João Batista Faria. O local foi parcialmente destruído na tragédia e até hoje permanece em ruínas. Segundo moradores, desde que o portão da propriedade foi retirado, a entrada de pessoas para consumir drogas nas dependências do imóvel tem sido constante.

De acordo com o vereador Zezinho do Caminhão, que vem acompanhado o caso e esteve presente na reunião do último sábado, o município se comprometeu em disponibilizar serviços essenciais para todos os moradores que permanecem no bairro. Ainda segundo ele, o deputado federal Glauber Braga deve verificar o possível entrave de um projeto orçado em R$ 17 milhões parado desde 2011 no Ministério das Cidades. 

Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Robson José Teixeira, um grupo de geólogos da Uerj virá à cidade nos próximos dias para fazer uma nova avaliação das áreas onde houve desabamentos. As demolições necessárias vão acontecer, mas ainda não há previsão. 

Já sobre a situação do imóvel onde funcionava a creche, a Secretaria Municipal de Comunicação informou em nota: "A Prefeitura está tomando providências para a demolição do que restou do espaço”.

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