Brasil em segundo plano

sexta-feira, 01 de abril de 2016
por Jornal A Voz da Serra

O GOVERNO DA presidente Dilma Rousseff ganhou um alento na última quinta-feira, 31 de março, com as manifestações nas ruas das principais cidades brasileiras a favor de seu mandato e contra o que seus partidários chamam de “golpe”. Porém, o atual momento ainda é de indefinição por parte da votação de seu impeachment pela Câmara e a inércia da área econômica em propor medidas para tirar o país da maior crise sofrida pela República.

COM A SAÍDA do PMDB, oficializada na última terça-feira, 29 de março, o governo fica mais desprotegido no verdadeiro jogo de xadrez político em que se transformou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Agora, caberá ao Planalto o próximo movimento no sentido de evitar o xeque-mate ou de retardá-lo até que a pressão da opinião pública diminua. 

NESTE MOMENTO, com a economia em frangalhos e a investigação da Operação Lava Jato, ganha força a tese de impedimento defendida pela oposição, agora reforçada pelos peemedebistas. Resta saber se outros partidos da base aliada seguirão o exemplo do PMDB, o que deixaria a presidente da República ainda mais isolada. 

A SITUAÇÃO NÃO é tranquila nem para o próprio PMDB, que se habilita a assumir o comando do país com o vice-presidente Michel Temer, mas deixa a impressão de estar trocando sua histórica adesão aos governantes pelo oportunismo e pela conspiração. Além disso, sai dividido, pois dificilmente todos os ministros do partido e todos os filiados que ocupam centenas de funções no governo acatarão a recomendação de abandonar imediatamente seus cargos. 

PARA COMPLETAR, a saída dos peemedebistas dá munição ao governo para manter o apoio de outros partidos, mediante uma nova partilha dos cargos disponibilizados revelando mesquinharias, loteamento da máquina pública e prevalência de projetos pessoais e partidários sobre os interesses maiores do país — entre os quais, o de sair do imobilismo e voltar a se desenvolver. 

A CRISE DO impeachment ocupa os pensamentos do Palácio do Planalto, deixando em segundo plano temas que dizem respeito à toda a sociedade, como o fechamento de indústrias, a elevada carga tributária, a inflação e o grande número de desempregados. Ao priorizar sua permanência no poder, a presidente abandona situações corrosivas que podem travar o crescimento, deixando sequelas que perdurarão até a próxima eleição presidencial, em 2018. Trata-se de uma opção que prejudica todo o país. Quem sofre é o povo. 

 

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TAGS: Dilma Rousseff | impeachment
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