Autoridades se pronunciam sobre agressão a vereador

Confira o que disse o presidente da Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo e os deputados Glauber Braga e Marcelo Freixo
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Autoridades se pronunciam sobre agressão a vereador
No fim da tarde de segunda-feira, 18, o vereador Professor Pierre (Psol) entrou em contato com a redação de A VOZ DA SERRA para comunicar que tinha acabado de ser agredido física e verbalmente em São Lourenço, distrito de Campo do Coelho, enquanto fiscalizava a área onde ocorreu um escorregamento de terra que atingiu uma escola e o posto de saúde. Ainda com o rosto inchado e com marcas da agressão sofrida o parlamentar concedeu um depoimento, que pode ser acompanhado na íntegra na página de AVS na internet, no qual identifica um dos irmãos do prefeito Rogério Cabral como autor do soco que recebeu no lado direito da face.

A família do prefeito não pode achar que vai impedir o vereador, na atribuição do seu cargo de fiscalizar o Executivo

Deputado Estadual Marcelo Freixo

A reportagem de AVS tentou contatar membros da família Cabral, a fim de dar publicidade à sua versão dos fatos. Apesar de não estar envolvido no episódio, o prefeito Rogério Cabral foi convidado na manhã de ontem, 19, a se manifestar sobre o caso. O espaço, como não poderia deixar de ser, continua aberto.

Qual o motivo da fiscalização de Pierre?

“Minha meta foi a de apurar se teria havido ou não algum tipo de movimentação prévia de terra em alguma parte da colina que desmoronou. Recebi esta denúncia, e constatei que houve. Fiz isso para poder apontar aos órgãos competentes — no caso o Ministério Público — a demanda de uma investigação geológica do espaço, a fim de demonstrar se houve ou não alguma interferência da movimentação de terra sobre o acontecido. Porque temos aqui duas hipóteses: ou este foi um acidente natural, ou foi uma ocorrência provocada por interferência humana no alto da colina. E se a segunda hipótese se constatar, então não deverá sair um centavo da verba pública para reconstrução da escola e do posto de saúde. Esse é o meu papel, e é indignante chegar lá e ser cobrado por levar cestas básicas, e não por cumprir com as obrigações de meu mandato.”

A agressão

“Assim que cheguei à comunidade, encontrei parentes do prefeito Rogério Cabral que eu não conhecia. E fiz a pergunta se tinha havido movimentação de terra no alto da colina onde houve o deslizamento. E me disseram que sim, mas que teria sido num ponto mais recuado. Perguntei se houve autorização da Prefeitura para fazer a terraplanagem, e nesse ínterim se juntou uma turma de pessoas ligadas ao prefeito. Parentes próximos, inclusive o Ricardo, irmão do prefeito, que já chegou empurrando de modo totalmente truculento, com palavras de baixo calão contra a minha pessoa num caso de desacato imediato. (...) Ficaram preocupados se eu estava fazendo algum tipo de gravação com meu celular, meteram a mão no meu bolso, onde estava minha carteira, e depois eu tive que mostrar meu celular para comprovar que não estava gravando nada. Fui fazendo as indagações, eles me questionando, e num momento desses o Ricardo, sem que eu percebesse, veio na minha direção e me deu um murro no lado direito do rosto. Meus óculos caíram no chão, ficaram cheios de lama, e assim acabou a conversa. Eu não reagi, e apesar de tudo mantive a frieza. Primeiro porque eu era um contra dez, eu não poderia ter qualquer tipo de reação. Segundo, porque se eu tivesse qualquer reação que fosse além das palavras eu poderia me afastar do motivo pelo qual eu fui, que era um ato de fiscalização. Então eu fui para o meu carro para poder ir embora, e no que abri a porta recebi um chute. O chute pegou na minha perna, mas pegou principalmente no banco do meu carro, que está sujo de lama. Me disseram que eu tinha que ir embora de lá, que não poderia ficar. Eu tive que parar no meio do caminho para lavar meus óculos.”

Manifestações

Presidência da Câmara Municipal de Nova Friburgo:
“A Câmara Municipal de Nova Friburgo repudia qualquer ato de violência, seja física ou verbal, aguardando a apuração dos fatos noticiados.”

Rodrigo Inácio, presidente do diretório municipal do Psol em Friburgo:
“Ficamos sabendo do ocorrido, o professor Pierre trouxe o caso para a gente e é algo que nos preocupa muito, pois é um vereador no exercício do mandato que foi agredido enquanto cumpria suas funções como vereador. Infelizmente não foi checada a denúncia. Os familiares do prefeito iniciaram uma agressão verbal, e posteriormente pelas costas o irmão do prefeito agrediu o vereador com um soco. Comunicamos imediatamente o fato ao diretório estadual do Psol, e iremos nos reunir para decidir as medidas judiciais cabíveis. O vereador já fez exame de corpo delito e com certeza o partido, que apoia integralmente o Pierre, dará uma resposta ao ocorrido. É inadmissível, e repudiamos qualquer tipo de agressão. O vereador não está sozinho e o partido vai se reunir para tomar as medidas cabíveis.”

O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), em conversa com o jornalista Alessandro Lo Bianco, deu o seguinte depoimento sobre o caso:
“Pierre ingressou no Psol devido a muitas ações que fiz para trazer ele para o partido. É um dos melhores vereadores que o Rio de Janeiro tem. Foi um dos políticos mais atuantes nas tragédias e tem um compromisso idôneo com a educação. Mas, mesmo que não fosse tudo isso e que não fosse do Psol... A atribuição de um vereador é fiscalizar o Executivo. E quando ele é agredido neste contexto, a família do prefeito que age em nome do governo não comete um atentado contra o Pierre, mas sim contra a democracia de Nova Friburgo e do estado do Rio. Por isso o partido irá até as últimas consequências. Fui deputado com o prefeito e o mínimo que espero dele como político é que peça desculpas em nome do irmão à sociedade friburguense. A família do prefeito não pode achar que vai impedir o vereador, na atribuição do seu cargo de fiscalizar o Executivo com agressões deste porte e que o caso vai ficar impune. Estou contactando o Jean Willys e o Chico Alencar e iremos até as últimas consequências. Para começar, irei à Polícia Civil pedir agilidade no inquérito. Isso é um crime contra a democracia, e a partir de hoje o Psol estará ativando com força total todas as redes sociais do partido para denunciar os autores da agressão. Espero mesmo que o prefeito se posicione à sociedade condenando o que o irmão fez, pedindo desculpas e se retratando. É o mínimo que o eleitor espera. No mais, o irmão do prefeito vai responder por absolutamente tudo e todos os detalhes ocorridos com o professor Pierre.”

Glauber Braga, deputado federal (Psol):
“Manifesto toda a minha solidariedade ao vereador Pierre e também o repúdio à violência contra ele praticada. O legislador é também um fiscal do Executivo e Pierre agiu corretamente ao denunciar a tentativa de intimidação contra ele exercida.”

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TAGS: Agressão a vereador | Violência | fiscalização | Vereador Professor Pierre
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