Aulas retornam, mas docentes da Uerj permanecem em estado de greve

Associação afirma que suspensão da paralisação não significa fim de mobilização da categoria
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
por Karine Knust
Aulas retornam, mas docentes da Uerj permanecem em estado de greve

Os professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) resolveram suspender a greve e restabelecer as aulas em todas as unidades, mas a novidade pode não significar o fim do longo ciclo de paralisações na instituição. Ainda na noite da última quinta-feira, 24, dia em que ocorreu a assembleia geral, a associação dos docentes - Asduerj - divulgou nota afirmando que a suspensão da greve não significou o fim da mobilização para a categoria.

Apesar de o governo Pezão ter pagado os salários e bolsas atrasadas dos servidores da Uerj na última semana, a situação não está completamente resolvida. Os docentes ainda não receberam o valor referente ao 13º salário de 2016. E os terceirizados, como a empresa responsável pela limpeza das instalações, permanecem sem receber, por um período que já chega a 11 meses.

Por isso, ainda segundo trecho da nota, além de permanecerem em estado de greve, os docentes aprovaram um calendário de atividades que começa na próxima quarta-feira, 30, com a participação no Dia Nacional de Paralisação e Lutas. Para este dia está agendada uma nova assembleia docente no Rio de Janeiro, às 10h. Um ato unificado com outros movimentos sociais e sindicais acontece às 16h, na Candelária.

Em Nova Friburgo, as aulas correspondentes ao primeiro semestre de 2017 já estavam acontecendo de forma parcial desde a terça-feira, 22, no Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ-Uerj). Na sexta, após a decisão, o número de matérias lecionadas aumentou, mas o ano letivo normal deve retomar de fato na segunda-feira, 28, quando todos os alunos e professores são esperados na unidade.

O pagamento dos salários atrasados corresponde aos meses de maio, junho e julho. Um valor total de R$ 1,3 bilhão, obtido com o Bradesco, que venceu a licitação para gerir a folha de pagamento.

Outras demandas

Na última quarta-feira, 23, representantes da Asduerj participaram de reunião com o líder do governo na Alerj, deputado Edson Albertassi. De acordo com a associação, no encontro, o parlamentar se comprometeu a dar uma resposta sobre a implementação da lei que atualiza o Plano de Carreira Docente e retomar a negociação sobre a Dedicação Exclusiva, demandas que fazem parte das reivindicações da categoria. Uma nova reunião foi marcada para a terça-feira, 29.

Na quinta, 24, após reunião entre o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, Gustavo Tutuca, e o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, ficou definido o pagamento dos salários atrasados dos professores substitutos que passaram pela universidade, e pelo Cap Uerj, nos últimos meses. Segundo a secretaria, cerca de R$ 350 mil serão gastos para quitar a dívida. A meta é depositar os valores no início da próxima semana.

Tutuca prometeu, também, voltar a pagar as bolsas Prociência e Proatec a partir de setembro. O custo mensal das bolsas gira em torno de R$ 2,2 milhões. Já sobre as bolsas em atraso, a ideia é criar um calendário de pagamento para encerrar a dívida.

A situação na Uerj só deve começar a ser regularizada definitivamente quando sair a adesão do governo do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O plano suspende por três anos o pagamento da dívida do estado com a União e prevê diversas medidas de austeridade para o governo fluminense, que devem gerar R$ 26,1 bilhões de receita em seis anos. De imediato, o estado vai tentar obter um empréstimo de R$ 3,5 bilhões para acertar o pagamento de todos os servidores.

 

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