Arnaldo Miranda, as flores da Serra e o cavaleiro solitário

Em sua “psicodelia pós-moderna”, como se refere às suas obras, cantor e compositor conta histórias com princípio, meio e fim
sábado, 13 de janeiro de 2018
por Ana Borges
Arnaldo Miranda, as flores da Serra e o cavaleiro solitário

Arnaldo Luis Berbert Miranda nasceu em Nova Friburgo, formou-se em Ciências Políticas e Sociais na PUC-Rio, fez especialização em História da Filosofia Moderna e Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e nunca se dedicou à carreira acadêmica. Mas, aproveitou tanto conhecimento acumulado para desenvolver seu talento natural para as artes, explorando seu potencial para se consolidar como um artista multimídia, com ênfase na área musical: Arnaldo é compositor e cantor.

Na adolescência foi aprendiz no semanário O Nova Friburgo, dirigido pelos irmãos, e antes dos 18 anos, estreou como autor, ator e diretor de teatro. Ao transferir-se para o Rio de Janeiro, mergulhou de corpo e alma nas manifestações estudantis, em meados dos anos 1970 e, aos 19, ajudou a fundar um grupo de teatro popular em Bangu. Arnaldo Miranda escreveu muito, trabalhou duro, ganhou prêmios. Aos 27 anos lançou o primeiro livro de poemas “Barreiras alfandegárias para sonhos comuns”, e o segundo, “Archeiro sonetos canções e poemas de amor paixão e amizade”, que foi relançado em 2004, em formato digital.

Nos últimos anos, tem se dedicado cada vez mais à música, desde que seu trabalho como cantor e compositor veio a público quando escreveu e produziu em vídeo a peça pop-sinfônica “Nós que amamos a vida” (2009). Para este trabalho, reuniu grandes músicos da Região Serrana fluminense em gravações entre Nova Friburgo e Rio de Janeiro, com arranjos do pianista Anderson Erthal, em homenagem à organização internacional Médicos Sem Fronteiras. “Nós que amamos a vida” contou ainda com a participação de crianças do coral infantil da Escola de Música da Rocinha (Rio), sob a regência de Valéria Corrêa.

Depois lançou os álbuns “Flores da serra” (2011), "Archeiro" (2013) e “Cicatrizes do samba” (2015), os três distribuídos mundialmente pelo selo americano CD Baby. Em sua “psicodelia pós-moderna”, como se refere às suas obras, Arnaldo conta histórias com princípio, meio e fim. “Como nos clipes do Michael Jackson, que tanto amo, histórias que interpretam as letras construindo um enredo para contá-las por meio de uma narrativa dramática no audiovisual, que, de certa forma, veio a substituir o teatro em minha vida e no meu trabalho” revela.

Juntando pedaços

Sua mais recente produção é o disco O Cavaleiro Solitário, feito com sobras de estúdio que julgava boas como resultado, mas que não sabia onde encaixar no rumo que então que tomava: segundo Arnaldo, aquelas sobras tinham pegado outros caminhos, em termos de sonoridade e temática.

“Esse é o ponto. O Cavaleiro não é um álbum com um conceito musical e temático muito definido, estruturado. Tive que costurar um repertório que reúne canções muito diferentes entre si, de épocas diferentes”, contou. Como, por exemplo: Que Planos (2009), Anoitecer em Friburgo (por volta de 1982), ET Extraterrestre (1980), Um Tempo pra Cada Desejo (por volta de 1984), Quisera (por volta de 2004), Navios (2009), Jabuticaba (2007), Lindo (2017) e Cavaleiro Solitário (1986).

O artista esclarece que completou esse repertório inicial “com alguma lógica que construísse a unidade temática do álbum, o que não foi simples nem fluente. Não sei se alguma vez é fluente e coerente como imaginamos na nossa cabeça de autor, mas é um esforço de que não podemos abdicar, se queremos oferecer ao público um produto adequado, que ele possa desfrutar. E gostar. E encontrar ali algum sentido para si”, argumentou.

Revelou ainda que optou por um disco de corte eminentemente pop, coisa que ele, por hábito, evita, mas sempre dá uma misturada com a MPB “do meu coração”. Só que, neste caso, ele percebeu que não cabia. “Tinha de seguir costeando o alambrado do pop, sem perder de vista as matrizes da música brasileira, que são o meu Norte”, encerrou.

Álbuns:

  • - Flores da Serra, 2011, Flamingo Edições
  • - Archeiro, 2013, Flamingo Edições
  • - Cicatrizes do Samba, 2015, Flamingo Edições
  • - Eletroacústico, 2017, Flamingo Edições
  • - O Cavaleiro Solitário, 2017, Flamingo Edições

 

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