Amoribunda e Rastafare: o tímido e o gigante na avenida

A mesma paixão e animação une o maior e um dos menores blocos da cidade
segunda-feira, 05 de fevereiro de 2018
por Adriana Oliveira
O desfile do Rasta no ano passado: multidão no embalo (Divulgação)
O desfile do Rasta no ano passado: multidão no embalo (Divulgação)

O maior bloco de embalo de Friburgo, o Rastafare, já conta 22 carnavais e nunca deixou de sair, nem um ano sequer. No outro extremo, um dos menores da cidade, o A Moribunda (ou Amor-i-bunda) tem apenas cinco anos que foi reativado, apesar de ser ainda mais antigo, fundado cerca de 30 anos atrás.

Ambos nasceram, como todas as agremiações desse tipo, da disposição de um grupo de amigos animados, apaixonados por um batuque. No caso do Rasta, eram colegas de turma do Colégio Nossa Senhora das Graças, em Olaria, entre eles Elton Junior, o Eltinho. No caso do Amoribunda, vizinhos dos bairros de Mury, Debossan, Alto dos 50 e Theodoro de Oliveira (foto) que frequentavam juntos o mesmo boteco, o mesmo açougue, o mesmo campinho de futebol.

Apesar da diferença de tamanho entre os dois, no quesito empolgação a nota de ambos é dez. E não poderia ser diferente.

Quase uma escola de samba, o gigante Rastafare vende hoje três mil abadás e chega a arrastar mais de 15 mil foliões quando passa como um trator pela Alberto Braune, rufando sua bateria (foto) de mais de cem ritmistas. Já o tímido Amoribunda saiu no ano passado com apenas 50 integrantes. “Mas terminou o desfile com mais 300”, orgulha-se, com todo o direito, Julio Cesar Gobel Coelho, o Juca, um dos fundadores e principal mantenedor.

O Rasta não é bobo não. Traz à frente mulheres do porte de Nana Gouveia, Gracyanne Barbosa, panicats e ex-BBBs. Este ano vem com rainha friburguense, escolhida por votação online, e mais quatro musas (foto), numa eleição apertada que, diz Eltinho, chegou a mobilizar 45 mil votos. A bateria tem como padrinho o mestre Odilon, da Grande Rio.

Enquanto o Rasta se prepara para mais um desfile grandioso, o pequeno Amoribunda ainda lembra com carinho seus primeiros e humildes tempos. No início, seus fundadores, jovens nos seus 20 anos, tocavam em cima de uma ponte em Mury. Cobravam “pedágio” de quem quisesse passar de carro, para comprar mais instrumentos para o bloco. Os surdos eram feitos de latões de lixo, conta Juca. O circuito era feito de um bar, o Bacarat, para outro, o do Renatinho. Uma briga na Praça Getúlio Vargas, que culminou na morte de um dos integrantes, fez o bloco desanimar. Mas não por muito tempo.

Há cerca de cinco anos, Juca e mais dois amigos ressuscitaram o bloco. Mais: decidiram desfilar na Alberto Braune, como gente grande. A porta-bandeira é dona Sonia, uma das figuras mais conhecidas e queridas de Mury. Prova viva de que sensualidade não tem idade. A comissão de frente é formada por crianças que desfilam sorridentes na frente dos pais.

Nos últimos anos, o Rasta - que fechará os desfiles na sexta de carnaval - vem fazendo ensaios abertos em praça pública, o que só aumenta a sua popularidade. O último deles será neste domingo, 4, às 18h, no estacionamento do Teatro Municipal. Já o Amoribunda, que costuma se reunir num galpão (foto), fez o seu último ensaio nesta sexta, 2, na Rua da Igualdade, em Mury, em frente ao Bar do Renatinho (sorridente, na foto). O próximo, se não houver convocação às pressas, será no desfile para valer, na Alberto Braune, às 18h da segunda-feira de carnaval.

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