Adiada discussão do projeto de trocar nome do prédio da Câmara

Filha de ex-prefeito e maior parte dos leitores questionam se vereadores não têm propostas mais importantes para Nova Friburgo
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
por Ana Borges
A Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo: polêrmica até no nome do prédio (Arquivo AVS)
A Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo: polêrmica até no nome do prédio (Arquivo AVS)

Foi retirado de pauta o polêmico projeto de lei que entraria em discussão na sessão de terça-feira, 12, no plenário da Câmara Municipal de Nova Friburgo, com o objetivo de trocar o nome do prédio onde funciona o Legislativo de Amâncio Mário de Azevedo para Paulo Azevedo. O autor da  proposta, vereador Jânio de Carvalho (PSDC), alegou a necessidade de “ajustes”. Não há data para reapresentação do projeto.

O imóvel onde funcionou o Banco do Brasil foi adquirido em 1999, na gestão do então prefeito Paulo Azevedo (morto em 2011), sobrinho do ex-prefeito e ex-deputado federal Amâncio Mário de Azevedo, falecido em 1979. Em 2008, Paulo Azevedo sugeriu o nome do tio para o imóvel, que recebeu a denominação Palácio Amâncio Mário de Azevedo.

Filha de Amâncio, Rosali Kunzel (foto abaixo) se mostrou indignada, em depoimento exclusivo para A VOZ DA SERRA:

“Lendo as matérias de A VOZ DA SERRA, fui surpreendida com um projeto de um vereador friburguense solicitando a mudança do nome da Câmara Municipal Amâncio Azevedo para Câmara Paulo Azevedo. Estranhei muito esse projeto pois Paulo Azevedo era um sobrinho querido de Amâncio Azevedo, tendo sido inclusive seu secretário de governo por duas gestões, e quando da compra do imóvel pela Prefeitura, no governo Paulo Azevedo, o próprio Paulinho (prefeito na ocasião), querendo homenagear seu tio querido e pai político, deu ao prédio o nome da grande figura política e humana que foi o meu pai.

Essa matéria me fez lembrar anos atrás, pelos idos de 1960/70, meu pai me levando para ver uma rua que ele tinha aberto no alto do Cordoeira. Lá, ele me indagou se eu sabia o nome da rua. Diante da minha negativa ele me disse que tinha colocado o nome de Amâncio Azevedo. Eu estranhei e perguntei o porquê da iniciativa, se ele ainda era vivo. A resposta que ele me deu: 'Filha, vou colocar o meu nome nessa rua pois, quando eu morrer, eles podem querer tirar o nome de alguém para colocar o meu e aí não poderão fazê-lo, pois já existe uma rua com o meu nome.'

Hoje, lendo essa matéria, vejo como o meu pai era visionário. Agora, fico aqui a imaginar como somos volúveis, como esquecemos facilmente as coisas. E, diante da situação que vivemos momentaneamente nesse país, interrogo a esse vereador se ele não tem projetos mais importantes que possam levar ao bem estar do nosso município, do que ficar tentando apagar a memória de alguém que tanto fez pela sua cidade.”

A ideia provocou polêmica e Rosali não é voz isolada. Em enquete promovida pelo site da VOZ DA SERRA, 81% dos leitores se disseram contra a mudança e 19% a favor. Nos comentários da reportagem, a pergunta recorrente dos leitores é a mesma: “Qual o sentido desse projeto, qual a justificativa?”. Preocupados com tal precedente, há quem preveja mudanças de nomes de ruas, avenidas, praças e escolas de Nova Friburgo.

“Daqui a pouco vão querer trocar o nome das avenidas Galdino do Valle, Comte Bittencourt, Praça Dermeval Barbosa, e por aí vai. Aí, vamos ver a história da cidade indo para o ralo!”, comentou um leitor por email.   

A maioria reage não só contra a troca de nomes, mas com críticas à iniciativa do vereador, em particular, e às atividades dos legisladores, em geral. Em matéria publicada no site da VOZ DA SERRA, na terça-feira, 12, boa parte dos leitores se manifestou contra a substituição e criticou o desvio do que realmente interessa à população e a “falta do que fazer” dos parlamentares friburguenses. Confira:

Pedro Folly: “Saindo do foco político e partindo para uma análise mais sensata, assim como Antônio [Amâncio] Mário de Azevedo, Paulo Azevedo também contribuiu para o desenvolvimento da cidade. Sou contra a mudança, primeiro pelo fato do respeito ao homenageado anterior, e segundo, que não fica elegante sair trocando nome de prédio público e logradouros a bel-prazer. Enfim, cabe agora aos 21 representantes do Legislativo decidirem sobre a proposição. Sugiro que seja analisado outro local que ainda não tenha denominação para homenagear o inesquecível Paulinho.”

Fátima Jaccoud: “É que a cidade já está com todos os problemas resolvidos!”

Det Eckhardt Ribeiro: "Homenagear prefeito nenhum. São todos a mesma coisa: pó”

Cenir Sergio Naliato: "Falta do que fazer."

Rafaela Gripp: “Não tem mais nada pra fazer na cidade, né?! Poucos problemas pra resolver!”

Marco Antonio Costa: “Contra! Daqui há dez anos ou mais trocarão de novo para Heródoto e assim por diante. Deixa como tá.”

Maria De Fatima Erthal:  “Falta do que fazer mesmo… tanta coisa importante para resolver...ficam nesse bla bla bla… Procurem fazer jus ao título de "Suíça brasileira" e trabalhem para transformar a cidade em uma…"

Juliana Florêncio:  “Façam algo que valha uma homenagem antes e depois se discute isso ok?!”

Marcos Antônio Almeida Francisco: “É brincadeira. Com a cidade no abandono fica o vereador querendo tirar uma homenagem de um para dar ao outro. Fala sério, vai se preocupar com a saúde pública, com o transporte, que estão uma vergonha.”

Patrícia Belo: “Palhaçada… a cidade cheia de problemas, e o nosso dinheiro pagando essas bobagens… Bora trabalhar!!!!”

Maria das Graças Silva: “Não sou a favor!!! Dr. Paulo em seu governo homenageou o seu tio com um gesto de gratidão, colocando o seu nome na Câmara Municipal.”

Ricardo Luiz Gonçalves: “Infelizmente, é isso que temos como representantes.”

 

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