A 5 anos de seu centenário, o resgate do legado do Padre Mielli

Líder religioso foi também um visionário da educação, e é querido até hoje por formar gerações de friburguenses em Olaria
terça-feira, 01 de agosto de 2017
por Girlan Guilland
O saudoso Monsenhor Mielli presidiu inúmeras celebrações na paróquia de N.S. das Graças, em Olaria, igreja que ele ergueu moldando a comunidade religiosa que ele viu crescer (Acervo N.S. das Graças)
O saudoso Monsenhor Mielli presidiu inúmeras celebrações na paróquia de N.S. das Graças, em Olaria, igreja que ele ergueu moldando a comunidade religiosa que ele viu crescer (Acervo N.S. das Graças)

Nova Friburgo e suas importantes e históricas datas, seus vultos e personagens. O mês de julho que se findou, por exemplo começou com o “4 de julho”, no qual, em 1819, os primeiros imigrantes suíços partiam da Europa rumo à Terra Prometida e fundaram a colônia no velho Morro Queimado.

Mas a historiografia registra outras passagens. Interessante que o segundo sábado e o último domingo do sétimo mês, em que o céu de inverno friburguense é mais azul, tiveram em comum duas datas que se entrelaçam no contexto cristão e católico. O município celebrou o nascimento de dois importantes líderes religiosos: o centenário de Dom Clemente José Carlos Isnard (08/07/1917), nosso primeiro bispo diocesano, e o 95º ano de nascimento do padre Caetano Antonio Mielli, em 30 de julho.

Duas vidas dedicadas a servir ao próximo. Duas trajetórias sacerdotais que se entrelaçaram no tempo, sendo que Monsenhor Mielli teve morte precoce, aos 56 anos, em março de 1979, enquanto o bispo emérito foi aos 94 anos, tendo falecido em agosto de 2011, o fatídico ano da tragédia climática e ambiental que se abateu sobre a região ceifando algo em torno de mil vidas.

Por muito tempo, antes de Dom Clemente chegar à região, na década de 1960, segundo lembra o padre Roberto José Pinto, “Mielli e Monsenhor Teixeira foram as grandes personalidades sacerdotais de nossa cidade no tempo que antecedeu a criação da Diocese local até que a multiplicação de paróquias viesse criar a nova fisionomia regional da Igreja”.

Mas Padre Mielli foi, ao mesmo tempo, líder religioso e um visionário pela educação. Ele viu crescer e praticamente moldou com suas hábeis mãos de um artesão da fé, a comunidade da hoje pujante Olaria, na época em que era o embrião de um bairro operário na década de 1940.

Nascido em família de imigrantes italianos, o menino Taninho - seu apelido familiar de infância - formou várias gerações de friburguenses, até hoje saudosos e honrados pela oportunidade de terem usufruído de seu convívio.

Muito além de seu exercício como sacerdote, um visionário pela Educação, empenhado e dedicado no desenvolvimento humano, Monsenhor Mielli foi o responsável pela grandiosa obra que legou ao bairro: um complexo social, religioso e educacional, que perduram pelas últimas seis décadas e está materializado nas paredes sólidas de arquitetura moderna e concreto aparente da paróquia Nossa Senhora das Graças, que ele erigiu, moldando o bairro que viu crescer, ante a força de dezenas de famílias operárias naqueles fins da pujante década de 1940, de industrialização efervescente.

Hoje, seis décadas depois, Monsenhor Mielli não existe fisicamente, mas sua presença é mais do que notada e notável na comunidade, não só pelas fortes lembranças e reminiscências, mas sobretudo pela imponência de suas realizações e a importância de seus resultados ao longo dos anos.

Nascido num ano de efervescência, afinal, além da Semana de Arte Moderna, 1922 assinalava também o centenário da Independência, monsenhor Mielli, portanto, está a meia década de seu centenário, momento em que surge a indispensável questão: como e o que fazer para homenageá-lo?

Há tempo suficiente de preparar uma bela celebração, que deixe registrada sua importância no contexto histórico da comunidade.

No fim da manhã do último domingo, 30 de julho, após a missa celebrada pelo atual pároco (padre Gilmar) da igreja de Nossa Senhora das Graças, familiares e amigos do sacerdote falecido há 38 anos começaram a pensar nas homenagens que lhe poderão ser prestadas, nos próximos anos.

Em cada olhar uma certeza: é preciso pagar uma dívida com aquele “velho andarilho” de tantos feitos em benefício de um povo que o respeitava tanto quanto ele o expressava amar.

E enfim, a melhor forma de homenageá-lo, será verdadeiramente, cuidando para que o seu legado e sua obra perdurem no tempo exatamente como ele é presente na memória afetiva de sua gente. Afinal, “um homem é a sua obra”. O que ele constrói, o que fez e deixa como legado aos seus semelhantes e sucessores. Da mesma forma que um chefe de família zeloso e cônscio de seus deveres deixa à família a herança de uma boa educação.

 

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