Coisas que ninguém nos ensina

sábado, 03 de março de 2018

Ao longo dos últimos dias, caminhando por nossas ruas, tive oportunidade de observar ao menos três casos de pessoas com dificuldades para ocupar corretamente as vagas nas quais tentavam estacionar. E, em todas estas situações, me pareceu claro que o problema não era tanto a noção de espaço (cada vez menos relevante, graças à proliferação de sensores de distância e câmeras de ré), mas o desconhecimento da teoria mesmo, de qual a melhor forma de proceder.

Em todas as situações testemunhadas o motorista parecia não se entender com a vaga, indo para a frente e para trás incontáveis vezes sem alcançar progressos visíveis, até inevitavelmente desistir e buscar espaços maiores. Da mesma forma, em todas as ocasiões foi possível notar risinhos mal disfarçados de quem observava, no que parece ser um resquício bastante desagradável de tempos idos, no qual a intimidade com o volante e os pedais não era exatamente uma questão de segurança, mas de afirmação pessoal.

A verdade, contudo, é que isto não tem nada de engraçado. Não são poucas, a rigor, as pessoas que acabam desistindo de conduzir em conseqüência de momentos como esse, criando uma espécie de bloqueio. Vale, portanto, a gente gastar um tempinho com informações que não se encontram por aí, ainda que descrever seja muito mais difícil do que mostrar em vídeo, por exemplo.

Comecemos pelo que poderíamos chamar de vagas médias, com aproximadamente um metro e meio de espaço a mais do que o comprimento do veículo. Em casos como este, no qual há espaço para trabalhar, o melhor é sempre parar o carro ao lado do veículo que está à frente da vaga, mantendo-se um pouco adiantado em relação a este. E então, com a marcha à ré engatada, buscar o ângulo ideal de aproximação, que não seja fechado a ponto de transformar o carro à frente num obstáculo quando seu pneu traseiro tocar o meio-fio, nem tampouco aberto à ponto de se aproximar do carro atrás estando ainda muito afastado da calçada. Importante frisar que errar esse tipo de angulação é normal, acontece com os melhores motoristas. Por isso, não tenha vergonha de repetir a manobra duas, três ou quantas vezes forem necessárias. Sempre sabendo que seu objetivo será formar um triângulo retângulo cujos lados serão a calçada, o para-choque do carro que está atrás, e seu próprio para-choque, que neste caso será a hipotenusa. Se você conseguir chegar perto desta condição ideal, então bastará apontar o volante para o lado da calçada e chegar o carro um pouco para a frente. Se o carro não ficar a mais de 30cm do meio-fio, está tudo ok.

A grande dica, no entanto, aplica-se mesmo às vagas realmente apertadas. Nesse caso, novamente o motorista irá procurar o triângulo retângulo acima, mas ainda assim não haverá espaço para virar o volante no sentido da calçada e chegar para a frente, sem que o carro fique muito longe do meio-fio. O segredo aqui é chegar o carro para a frente com o volante reto até onde o carro da frente permitir, para então virar o volante para o lado oposto à calçada e dar ré até onde o carro de trás permitir. E repetir a manobra (volante reto à quando vai frente e contrário à calçada na marcha à ré) até que o carro esteja quase paralelo à rua, e já seja possível fazer correções suaves à frente, sem se afastar da calçada.

Ficou difícil de imaginar? Tente praticar então, que será mais fácil de entender.

Na semana que vem a gente volta com mais algumas dicas importantes sobre a hora de estacionar. Até lá!

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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