Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Será que as pessoas duras, ríspidas, autoritárias são piores? Devemos julgá-las? Quem não tem este temperamento, é melhor que elas? Um dia Jesus disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados.” (Mateus 7:1 e 2). Muitos acham ter superior discernimento e assim criticam os motivos das pessoas. Com nossa mente finita e limitada não podemos ler o coração das pessoas. Nossa tendência é julgar pelas aparências e, então, cometemos graves erros. Somos imperfeitos e limitados, por isso não estamos qualificados para o julgamento de outros.

Os que tendem a criticar e tentam corrigir os outros, frequentemente possuem faltas que podem ser inconscientes para eles mesmos as quais podem ser piores do que aquelas que eles condenam nas pessoas. Estas atitudes fazem mais mal do que bem. Será melhor evitarmos colocar o foco das conversas sobre faltas dos outros pois isto cria um clima infeliz e quem pratica isto, no fundo, não se sente bem consigo.

Já que não podemos ler o coração das pessoas, é melhor não atribuir a elas motivos errados. Nem todos tiveram boa educação. Alguns vieram de lares quebrantados por abusos variados, gerando crianças duras, defensivas, autoritárias, como cactos cheio de espinhos, brotando palavras ríspidas facilmente. Quando eram crianças talvez copiaram este modelo de algum adulto que exercia forte influência sobre elas. Ou aprenderam a ter “espinhos” para se defenderem dos abusos reais e do medo deles. Daí, os espinhos passaram a ser parte de seu ser.

Se o amor habita em nosso coração, os sentimentos e palavras serão amáveis para com as pessoas que (ainda) não sabem ser amáveis e dóceis, talvez porque ainda não percebem seus espinhos, não sabem abaixar a guarda e dialogar com serenidade. Talvez nosso amor para com elas seja o único caminho e remédio para que elas possam dar flor, ou seja, serem dóceis.

Comparar nós mesmos com qualquer pessoa não é algo sábio. Se você exige dos outros uma perfeição que você mesmo não possui, não é injusto? Não cria tensão no relacionamento? Muitas vezes julgamos as pessoas por erros que também cometemos ou por comportamentos que também possuímos, só que não percebemos ainda ou disfarçamos.

Lembre-se de que aqueles com quem você lida podem ter sensibilidades tão afiadas quanto as suas. Uma palavra amável, uma mão ajudadora, um braço sobre os ombros com compaixão, podem salvar estes “cactos” da ruína. Demonstre misericórdia, bondade, humildade de mente, simplicidade, paciência, perdão, e amor para com estas pessoas rudes. Algumas não conseguirão florescer nem mesmo depois de 80 anos porque não se interessam por isto, deixando sempre e somente os espinhos à vista e machucando a todos constantemente. Outras aprenderão a abandonar seus espinhos e usar defesas mais adequadas quando se sentirem ameaçadas. Elas precisam de consciência (percepção) e escolha de comportamento melhor. Como todos nós. Reflita seriamente sobre um pensamento que diz: “Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo. Depois … olhe-se de novo.”

ATENÇÃO: A partir de julho, o programa “Claramente”, que o dr. Cesar Vasconcellos apresenta na TV Novo Tempo, será incluído na atração Vida & Saúde, que vai ao ar de segunda à sexta-feira, das 9h às 10h, com reprises das 16h às 17h. O Claramente será exibido nas segundas, quartas e sextas-feiras, em torno das 9h25. Quem quiser assistir aos programas já apresentados na TV pode acessar www.youtube.com/claramentent clicando em Vídeos.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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