A impulsividade pode machucar as pessoas, inclusive você

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Tempos atrás recebi uma mensagem pelo celular com uma imagem de um cachorro dando um salto num precipício tentando abocanhar uma ave. O autor dela colocou junto da imagem três frases como lições que podemos aprender ao olhar a foto. Refletindo sobre a atitude do cachorro e sobre as três lições mencionadas, pensei numa quarta lição.

Veja os três ensinamentos que podemos tirar da cena em que o cachorro se lança no espaço para tentar pegar uma ave, sem perceber ou sem levar em consideração que, ao fazer isto impulsivamente estava se lançando ao precipício de uma altura que certamente o levaria à morte:

1 - Às vezes a melhor resposta diante de uma provocação é não lutar. Concordo porque, entre outras coisas, existem pessoas descontroladas que gostam de guerrear contra os outros, que parece que adoram uma briga e têm necessidade pessoal de discutir. Algumas destas ficam tão preocupadas em provar que estão certas que parece que preferem brigar do que evitar discussão e ter serenidade. Para estas cabe o pensamento: “Você quer ser feliz ou ter razão?”

Pode ser que neste grupo de briguentos estejam os que se sentem valorosos quando brigam, falam alto, disputam com outros. Por que não podem se sentir de valor sem criar guerra emocional com as pessoas?Talvez porque foram vítimas de um pai ou mãe também agressivos verbalmente tendo copiado este papel paterno/materno. Mas copiar comportamentos ruins dos pais não é algo que não tem jeito. E não deveria ser usado como desculpa para permanecer na mesma atitude ruim. Cada pessoa adulta e consciente tem a possibilidade de escolher um comportamento melhor ou pior. O primeiro passo é não fugir da verdade sobre si mesma. O segundo é decidir agir melhor.

2 - Nem todas as oportunidades são para serem agarradas. Algumas são armadilhas. Verdade. Há na vida em geral uma guerra entre o bem e o mal. Isto é inegável. Às vezes ocorre que você tem um alvo de valor em sua vida, está dando passos para atingi-lo, quando surge uma oportunidade de fazer outra coisa que até poderia render dinheiro, status, fama, etc., mas que pode ser, e muitas vezes é, um ataque contra você para lhe tirar do caminho certo. Preste atenção.

3 - Uma pessoa pode se tornar tão determinada a destruir outra pessoa que ela fica cega e acaba destruindo a si mesma. Já viveu isto alguma vez em sua vida? Tentou destruir um namoro, noivado ou casamento por causa de sua paixão com a pessoa que era comprometida? Se fez isto e ainda não sente que destruiu também a si mesmo, é porque sua mente está numa defesa, numa negação da verdade, que mais cedo ou mais tarde virá à consciência, se você não se mantiver fugindo da luz. Não é possível uma pessoa destruir outra em termos de relacionamento, no mundo da competição comercial e empresarial, na luta por poder político usando meios e métodos corruptos, nas disputas maliciosas nas igrejas e outras instituições pela posição hierárquica e avanço, e seu corpo e mente não sofrerem com isto. A biologia molecular, a neuroquímica, a imunidade, as funções endócrinas, os centro executivos cerebrais humanos são governados por leis fixas e adoecem quando qualquer tipo de mentira os atinge. Um exemplo biológico: o álcool é uma mentira euforizante e pode causar ao seu consumidor uma série de doenças, desde gástricas até câncer, passando pela cirrose hepática etc. A mentalidade destrutiva destrói o psiquismo de quem pensa e age assim.

Um quarto ítem que pensei sobre a figura do cachorro tentando pegar a ave e caindo num precipício, que não está no original que recebi, pode ser expresso assim:

4 - Uma pessoa impulsiva geralmente deixa sua emoção (sentimento) ficar à frente de sua cognição (pensamento) ao lidar com outros e consigo mesma. As pessoas estão ficando mais impulsivas. Por quê? Comida artificial, drogas ilícitas, abuso do álcool, excesso de medicamentos sintéticos, visão superficial da vida que é vista como o que vale é o que você sente, egoísmo, alteração na neuroquímica, etc. Mas em todos os tempos existiram pessoas impulsivas quedevido à tendência impulsiva geralmente fazem besteiras. E depois de terem falado palavras e/ou praticado atitudes impulsivamente que machucaram os outros e a si mesmas, se perceberam isto, dizem: “Não devia ter dito isto! Não devia ter feito aquilo! Onde estava minha cabeça?”

Qual a resposta para esta pergunta sobre onde estava a cabeça ao falar ou agir impulsivamente e machucar pessoas e a si? A resposta é: a cabeça delas estava dominada pela emoção, pelo sentimento, ao invés de administrada e controlada maduramente pelo pensamento, pelo raciocínio, pela cognição. 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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