Convivendo com pessoas difíceis

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Como seres humanos somos perfeitamente imperfeitos. Sim, não somos deuses. É bom a gente lembrar disso vez ou outra. Pode aliviar. E pode gerar tensão e estresse convivendo em casa, no trabalho, na vida social com uma pessoa difícil. Mas primeiro de tudo cabe uma pergunta no contexto sobre conviver com pessoas difíceis: você é uma delas?

Você acha chato conviver com uma pessoa mandona, agressiva? Uma pesquisa de consultoria em empresas revelou que 44% dos pedidos de demissão de funcionários ocorrem por causa da presença de chefes com estas características.

Não é incomum a realidade psicológica de que chefes e outras pessoas autoritárias terem um nível baixo de estima pessoal. Segundo Eberson Terra, num contexto empresarial a baixa estima própria acaba produzindo uma necessidade de controlar tudo em volta e “assim garantir que não será julgado ou rotulado como incompetente por problemas supostamente gerados pela sua equipe.”(www.linkedin.com/pulse/chefes-autoritários-como-sobreviver-eles-eberson-terra/).

Não é fácil para uma pessoa autoritária admitir que ela é isso. Com frequência após muito tempo agindo com mão de ferro, ou com abuso verbal, quando este tipo de pessoa admite com algumas palavras ter problemas com o autoritarismo, infelizmente costuma dizer: “É, eu estou vendo que sou uma pessoa autoritária. Mas ...” Daí ela coloca um “mas” que derruba toda a esperança dela melhorar, porque quando você dá uma desculpa para seu jeito abusivo de ser, de duas uma: ou não percebeu bem este jeito machucador de funcionar, ou ainda acha que o problema está nos outros, permanecendo, assim, cega quanto à si mesmo. Isso é desagradável nos relacionamentos.

Não é paradoxal que pessoas agressivas gratuitamente (leia-se: sem autocontrole emocional, sem inteligência emocional) coloquem figurinhas em suas mensagens eletrônicas, como corações, carinhas simpáticas, querendo passar pela imagem gráfica aquilo que elas não são na intimidade dos relacionamentos? Não é difícil ser amável virtualmente.

Eberson enuncia tipos de chefes difíceis e o que fazer. Pensando nisto não só quanto a chefes no trabalho, mas no geral da vida, primeiro vejamos como lidar com uma pessoa ansiosa demais. Alguém com ansiedade exagerada fica perguntando com frequência se tudo está bem, usa exageradamente a expressão “e se”, demonstrando temor do futuro. Falta confiança nela. O jeito, ao lidar com alguém muito ansioso, é oferecer informações claras sobre o que ela quer saber, talvez colocando por escrito o que você explicar, e colocar limites quando ela insistir com perguntas e interrupções ansiosamente abusivas.

Outro tipo difícil de lidar é com o injusto. Você pode ser injusto punindo ou desprezando. Punição injusta é cheia de inverdades. Desprezo significa ser deixado de lado por causa de preconceito, perseguição, inveja, ou maldade mesmo. Neste caso seja prudente. Não se exponha falando o que sente a alguém desprezador. No máximo diga com voz firme e sem gritar: “Não acho legal este jeito de você lidar comigo. Não estou gostando disso.”

Produz estresse também lidar com pessoas egocêntricas, ou seja, o ego delas está maior que o prédio onde trabalham. Estas pessoas sempre querem aplausos só para elas, passam por cima dos outros, seja de quem for, para obter glória, fama, dinheiro. Chato, não é? Pense numa coisa ao lidar com este tipo de pessoa: eu não causei isto (o egocentrismo dela), não posso controlar isso e não posso curar isso. Não é com você o problema. Faça o seu melhor e não cultive culpas falsas, como se os erros dela fossem de sua responsabilidade.

Nestes tipos de pessoas existe uma limitação comum nelas: não se conhecem bem. Geralmente possuem baixa estima e utilizam estes comportamentos ruins para se proteger de algo que as ameaçam e que nem sempre são coisas reais. São problemas pessoais internos delas que escorregam entre os dedos afetando os relacionamentos. Gostei de uma frase que diz assim: “Se você não se curar do que te feriu, você vai sangrar em cima de pessoas que não te cortaram.”

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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