Quando a história envolve o espectador por inteiro

É pior do que mordida em bolo de chocolate quando a pessoa não consegue evitar de comer mais uma fatia, depois mais uma garfada e assim vai, de pedaço em pedaço, devorando o bolo inteiro, sentindo uma felicidade enorme. Isso também acontece com as histórias, contadas através de séries ou novelas, que pegam o espectador de um tal jeito que só consegue parar de assisti-las quando terminam. 

A literatura tem o poder de cativar o público quando bem construída, decorrente do talento do autor e da equipe que encena a trama. O resultado da arte fundamentada na palavra e na imagem tem poder de envolvimento e de sedução extraordinário na medida em que domina a atenção e os centros de interesse do espectador.

A história, quando contada de forma sequenciada, causa no espectador atração, quase visceral, de assistir o desenrolar dos fatos. O brasileiro tem prazer de acompanhar narrativas ficcionais, gosta, inclusive, de conversar sobre os personagens como se fossem pessoas reais, personificando-os, tornando-os presentes em seu cotidiano. Se bem que os personagens, quando fortes, genuínos e bom construídos, humanizam-se e tornam-se entidades vivas no dia a dia, principalmente quando estão envolvidos em conflitos que impulsionam a trama. Os espectadores ficam ansiosos pelo desenrolar da história como se estivessem presentes no contexto ficcional, perdessem a noção de que estão diante de uma ficção e possuíssem poder maior do que o próprio autor ou da direção sobre o enredo. 

O sucesso das novelas e das séries no Brasil tiveram início no final do século XIX, nos folhetins, quando os jornais da época publicavam de forma parcial e sequenciada obras literárias de autores nacionais como Machado de Assis, José de Alencar e Lima Barreto, cujos textos eram posteriormente publicados em forma de romance. A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, foi um folhetim popular no Brasil.

Por falar nisso, adoro seriados porque além de tornar prazeroso meu tempo ocioso, aprendo o fazer literário.