O Abra-te Sésamo da Casa de Salusse

sexta-feira, 12 de maio de 2017
Foto de capa

Um sonho conquistado. A nossa Academia abriu o trinco da porta, o ferrolho da janela e liberou seus ares, espalhando por todos os cantos da cidade as palavras de escritores de todas as idades. Foi um “Abra-te sésamo!”

Fomos abrindo caminhos cidade afora, dia a dia, deixando nossas sementes germinarem neste lugar inspirador. As montanhas sempre fizeram a literatura revoar sobre seus vales, permitindo que sua gente construísse arte em palavras. Nas veias do friburguense correm ideias criativas, mesmo sendo levado pelas torrentes da vida diária.

A Casa de Salusse, pequenina e amarela, é a Casa do povo. Tem charme, o jeito próprio de ser que embeleza a Praça Presidente Getúlio Vargas. Quando seu lustre é aceso, a vida lá começa a fervilhar com pensamentos, fazendo a cultura pulsar como um coração da cidade. E tem que ser assim. Uma casa de letras é movimentada, através da produção de textos, palestras, saraus, encontros e oficinas. Nesta Casa, faz-se leituras, pensa-se na existência humana, fala-se de literatura. É uma Casa que foi feita para pessoas simples do povo. É um lugar de liberdade e respeito à vida.

A função maior da Academia de Salusse é a de acolher o escritor da região, oferecer-lhe subsídios ao delicado processo de escrita e reforçar, da melhor forma possível, o uso da língua portuguesa. Não existe poder maior do que a palavra; quem sabe usá-la, amplia suas possibilidades de ser, conviver e construir. E a literatura a elogia quando a emprega com sentido; enobrece-a quando a usa com seriedade; enaltece-a quando é escrita com beleza.

Trago, então, uma conversa que tive com os alunos do Colégio Anchieta que queriam saber a respeito do processo de escrita. Naqueles olhos vivos e curiosos, percebi, como já o ti há feito antes, que eles suspeitavam que havia alguma magia em mim, talvez imaginassem que houvesse uma feiticeira escondida sob minha pele. Durante a conversa, insisti que todos poderiam ser criadores e contadores de histórias, escrever as histórias que quisessem, inclusive as suas. A literatura estimula o estudo, cria hábitos de leitura e concentração. O sésamo que espalhei naquela sala de pé direito alto e chão de madeira era que eles poderiam realizar o que achavam difícil de fazer. A magia ali, na alma do aluno, não era a de escrever um livro. Mas as transformações que estavam sofrendo. Eles, quase pré-adolescentes, estavam deixando de serem crianças, com capacidades de se realizarem como pessoas conquistadoras dos próprios sonhos.

Os ventos sopraram ali e espalharam as sementes do poder ser. E, assim, estamos em vários lugares da cidade. Ao falar da literatura, participamos da construção de pessoas.  

P:S.  Sésamo são ervas; a mais comum é o gergelim que oferece inúmeros benefícios à saúde, como a prevenção do câncer, protege os ossos, os dentes e a pele. 

TAGS:
Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.