Nossas montanhas têm perfumes variados

sexta-feira, 08 de setembro de 2017

Estive no evento que apresentou o Projeto de 2oo Anos de Nova Friburgo.
Naquele café da manhã, a cidade foi abraçada com afeto pelos friburguenses, o que
fez com que a animação tomasse conta de mim ao ver a história, a cultura e a
literatura sendo consideras com relevância nos festejos.
Nas minhas colunas, de diversas formas, tenho evidenciado a importância da
tríade história-cultura- literatura, enquanto embasamento para o crescimento da nossa
cidade que é essencialmente inspiradora e artística.
Por inúmeras razões, a começar pelos seus processos de colonização que
envolveu diferentes culturas, como a indígena, a negra, a portuguesa, a suíça, a alemã,
a libanesa, a italiana, a japonesa, a austríaca, a húngara. Finalmente a brasileira. Nesta
mistura de modos de ser, pensar e conviver, nossa cidade tem gestado escritores e
leitores, mesmo aqueles que aqui não nasceram. Como eu. Todos os que aqui estão
habitando sentem a necessidade de expressar seus sentimentos e pensamentos; por
isso escrevem romances, contos e poesias; por isso pesquisam e registram os
resultados de seus estudos em livros; por isso escrevem para os jornais crônicas e
ensaios. Ah, os ares destas montanhas têm perfumes variados.
De certo, hoje, Nova Friburgo têm sido buscada por pessoas de várias localidades
do Brasil e do mundo como um lugar aprazível para viver. Não foi à toa que JG de
Araújo Jorge poetou que nossa cidade, situada no meio da Mata Atlântica, é uma
parada a caminho do céu. Entretanto, tal busca tem como consequência o
desconhecimento da população imigrante a respeito do lugar que escolheu para
construir a vida, o que pode trazer dificuldades importantes. A primeira é a
desvalorização da cultura local, fazendo com que sejam esquecidos os modos de ser do
friburguense, enquanto povo miscigenado de tantos outros que, no passado,
contribuíram para o crescimento e a transformação da região, permitindo que culturas
externas passem a ter influência decisiva no quotidiano. A segunda, talvez mais grave,
está relacionada ao descuido com a natureza e recursos da região.

Sei que tenho sido repetitiva a respeito do assunto. Mas não me importo em sê-
lo, mesmo sabendo que posso cansar meu leitor. É como se eu portasse uma bandeira
e exibisse-a cidade afora todas as semanas. Minhas palavras não cansam de bradar o
amor à Nova Friburgo e faço uso da literatura para isso. Sorte que não estou sozinha;
muitos tão juntos nesta alegre passeata. E, certamente, este Projeto dos 200 anos será
uma feliz caminhada de mãos dadas, quando a história dos desbravadores deste nosso
lugar será refletida, difundida e contada. Quando o dia a dia desta cidade de rico
folclore será declamado e cantado.

TAGS:
Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.