Carnaval e literatura sempre juntos e misturados

sexta-feira, 03 de março de 2017
Foto de capa

Carnaval e literatura se misturam como as águas do rio e do mar numa explosão. O carnaval vem caudalosamente, trazendo a festa popular que toma conta das cidades, fazendo os foliões invadirem as ruas em blocos, cantarem marchinhas e jogarem confetes. Trazendo as escolas de samba que atravessam as avenidas, exibindo cores e alegria.

No contexto da festa, o carnaval se mescla com a literatura; a cultura carnavalesca é feita de histórias, sejam reais ou fictícias. Estes quatro dias de festa viajam no tempo, do passado ao presente, as pesquisas vestem os diferentes personagens que transfiguram as pessoas em fantasias e máscaras. A exemplo disso é o trio amoroso Colombina, Pierrot e Arlequim, criado no teatro de rua da Itália no século XVI, Commedia dell’Arte.

A literatura é vida e o carnaval faz o lúdico transbordar. Ambos trazem a memória da existência humana. Além do que o carnaval faz a criança se acostumar com a literatura, incentiva a leitura, até a pesquisa, uma vez que as escolas de samba não se apresentam sem o estudo profundo dos fatos. Certa vez, a grande figurinista, a professora Marie Louise Nery, me disse que poderíamos conhecer a história da humanidade através dos figurinos.

A literatura está presente em diversos momentos e não é para ocupar lugar em estantes das bibliotecas, guardada dentro dos livros. Livro não é para ficar em vitrines, nem ser presente embrulhado em papel de seda com laço de cetim. A literatura é companheira de todas as situações por nós vividas. Inclusive e principalmente na festa carnavalesca.

E não poderia deixar de fechar esta coluna, fazendo um elogio ao Café de Literário, que aconteceu no sábado de carnaval, na padaria do Sans Souci. Foi uma festa própria para os amantes da literatura e, como rainha do samba, trouxe a nossa Clarice Linspector, que trajava seu conto “Restos de Carnaval”. A música foi de Martilho da Vila “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, que foi samba-enredo da Vila Isabel em 1984.

Que baile!

Através de Clarice e Martinho debatemos temas importantes a cada um de nós, os carnavalescos do Café, que estávamos lá não somente para brindar o carnaval, mas para aprender novos passes. Ah, como a vida nos exige tal habilidade. E a nossa mestra Clarice, melhor do que ninguém, deu a aula com o brilho das purpurinas.

Assim, depois da bela festa carnavalesca de 2017, desejo a todos um bom retorno.

TAGS:
Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.