Todo cuidado é necessário, STF recria o transitado em julgado

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Estou convencido de que a recusa, em sair da cadeia para cumprir prisão domiciliar, assumida pelo ex-presidente Luís Inácio da Silva, foi intencional. Ele sabia que seus protegidos do STF, os chamados garantistas, viriam em seu socorro e revogariam a decretação da prisão em segunda instância. O mais curioso é que numa demonstração de pura submissão a um presidiário, esse mesmo STF que em 2016 chancelara a prisão após a confirmação da pena, em segunda instância, volta atrás e readota o tramitado em julgado, para que só, então, a prisão seja executada.

Nessa linha de raciocínio, teremos ainda pela frente, muitos casuísmos a serem discutidos. É público e notório a rejeição, por uma banda do judiciário e da classe política, ao presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. Não conseguem digerir os 53 milhões de votos que o alçaram ao mais alto cargo da república e, principalmente, estancando uma sangria desatada aos cofres públicos, num antro de corrupção jamais visto desde a implantação da república, no longínquo 15 de novembro de 1889. Foi duro e doloroso para muitos tomarem conhecimento de que os tempos tinham mudado e que o Brasil estaria prestes a sair do atoleiro, no qual brasileiros de péssima estirpe o colocaram.

Luís Inácio em liberdade não significa estar ele declarado inocente; continua condenado em segunda instância e, portanto, inelegível de acordo com a lei da Ficha Limpa. Portanto, não se iludam, se o próximo passo a ser adotado, seja pelos mesmos membros do STF que contribuíram para a soltura de Luís Inácio, seja por obra do malfadado centrão, não surgirem manobras para a revogação da Ficha Limpa. Com isso estariam arrombadas as porteiras para uma possível volta de Lula ao poder e de toda a onda de desmandos desenfreados que sangraram o país. No entanto, Lula livre é uma ameaça à estabilidade social, pois vai acentuar a rivalidade entre bolsonaristas e lulistas, o que talvez seja os sonhos desses últimos, pois a possibilidade de conflitos é muito grande.

O Brasil mudou, nossa inflação é a mais baixa desde a implantação do Plano Real pelo ex-presidente Itamar Franco (não foi obra de Fernando Henrique Cardoso como muitos podem pensar); a taxa da Selic deve cair mais ainda; a perfuração de poços artesianos no nordeste traz água para muitos lares que viviam sedentos há décadas. Nossas estradas no norte e nordeste, antes precárias, foram reparadas pelo Exército e aliviaram as agruras de nossos caminhoneiros. Aliás, isso incomoda muitos políticos inescrupulosos, que ganham votos à custa da miséria dos menos favorecidos, além do receio de perderem as mamatas do poder.

No entanto, nem tudo são flores, afinal Bolsonaro não completou um ano de governo e muita coisa ainda tem de ser feita. Nossa taxa de desemprego continua alta, mas é uma herança dos governos anteriores e é um dos últimos itens a serem corrigidos, quando se começa a acertar as finanças de um país. Mas, é evidente que o Brasil avança em direção da sua estabilidade financeira. Não podemos nos esquecer de que ao sermos um país democrático, dependemos em muito dos humores do Judiciário e do Legislativo e se esses não quiserem participar do esforço de nossa recuperação, que pelo menos não atrapalhem.

Nunca entendi essa histeria coletiva em prol de Luís Inácio, a não ser a confirmação de um oportunista de mãos cheias. Se seu primeiro mandato foi um diferencial para as classes D e E, o que é inegável, o que veio a seguir foi um desastre com uma economia em frangalhos e mais de 13 milhões de desempregados.

Parece que o Brasil acordou e que a sociedade se tornou mais consciente e participativa, deixando claro sua insatisfação com a conduta de determinados segmentos do Judiciário e do Legislativo. Afinal, num regime democrático esse é o seu papel, não apenas o de votar e voltar as costas para o que acontece depois. As manifestações que se propagaram pelo país, contrárias à decisão desses seis oportunistas do STF mostra o quanto a população cansou de ser enganada e colocada à parte de decisões que beiram o deboche.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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