Os preparativos para a festa do bicentenário entram na reta final

terça-feira, 06 de março de 2018

Faltam 71 dias para o dia 16 de maio, data que marcará o bicentenário de fundação de Nova Friburgo. Apesar da cidade continuar feia e cheia de buracos, muita coisa tem sido feita, graças ao trabalho incansável de duas entidades. Não fosse a Associação Nova Friburgo-Fribourg e a Association Fribourg-Nova Friburgo, talvez essa data não tivesse todo o brilho merecido. Nossas autoridades não conseguem entender ser a indústria do turismo uma grande arrecadadora de recursos. Parecem ter ojeriza de aceitar o grande legado turístico que a cidade já ostentou e, infelizmente, não há investimentos nessa área.

No entanto, as duas associações citadas, dentro do possível, atuam para não deixar cair no esquecimento a odisseia daqueles que aqui chegaram, em 1819, ocupando seu espaço na antiga fazenda do Morro Queimado, um ano após o nascimento da cidade. Pouco depois, vieram os alemães, mais precisamente em 1824; estava inaugurada a hospitalidade friburguense o que propiciou a chegada de outros estrangeiros como italianos, japoneses, húngaros, espanhóis, enfim essa mistura saudável que moldou o futuro de Friburgo.

Na minha monografia de conclusão do curso de Comunicação Social, digo que sob a minha ótica, a história da cidade começa com a chegada dos helvéticos e tem o seu desenvolvimento econômico consolidado com a vinda, em 1910, dos alemães Julius Ferdinand Arp (fundador da fábrica Arp) e Maximiliano Falk, (dono da Ypu). Não podemos dissociar esses acontecimentos, pois seríamos injustos com os alemães, uma vez que eles também estão ligados à nossa história.

Na realidade, ela começa em 1817 com um acordo entre as autoridades do cantão de Fribourg e a corte portuguesa instalada no Brasil. De um lado a necessidade da Suíça de resolver o problema da fome entre os colonos menos favorecidos, após dois invernos sucessivos, muito rigorosos.

Do outro, garantir com segurança o escoamento do café produzido em Cantagalo (importante fonte de divisas da colônia) e transportado no lombo de mulas, até Cachoeiras de Macacu, de onde seguia para o porto do Rio de Janeiro, para ser exportado. A existência de uma vila, no topo da montanha, evitava a viagem noturna serra abaixo e o roubo constante dessa mercadoria, a maioria praticada pelo bando do famoso bandido Mão Santa.

Essas duas associações tiveram fundação simultânea, em 1978 com o objetivo de "manter e reforçar os laços de amizade" entre os dois povos. É engraçado que as duas cidades que tiveram algo em comum no início do século 19, passaram mais de 100 anos se ignorando.

O seu reencontro só foi possível, a partir de 1973, quando o historiador Martin Nicolin, publicou sua tese de mestrado intitulada “La Genèse de Nova Friburgo”. Nela são citados os nomes dos dois mil colonos que partiram de Estavayer-le-Lac, uma cidade pertencente ao cantão de Fribourg. Nova Friburgo talvez seja a única cidade brasileira que conhece o nome de seus fundadores e, hoje, convive com seus herdeiros.

Em 1978, pelo menos 323 suíços chegaram a Friburgo e desfilaram com seus grupos folclóricos e musicais na Avenida Alberto Braune, juntamente com grupos brasileiros. Martin Nicoulin, que fez questão de participar dessa caravana, declarou para A VOZ DA SERRA, na época: "Essa é a nossa primeira viagem à América do Sul. Nossa motivação é descobrir um novo país, novas culturas e as pessoas. E se os habitantes dessa cidade são descendentes dos nossos ancestrais, então estamos felizes de ter escolhido Nova Friburgo".

Data desse ano a fundação, em Nova Friburgo, da Associação Nova Friburgo-Fribourg presidida atualmente por Geraldo Thuler, e, em Fribourg, a Associação Fribourg-Nova Friburgo, presidida por Raphael Fessler. A partir daí as duas cidades se ligaram em definitivo e inúmeras foram as visitas de suíços a nossa terrinha e de friburguenses a Fribourg. Em todos esses encontros, o dedo das associações esteve presente. Aliás, foi de Fribourg que veio o maior contingente de suíços, em 1819.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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