O sarampo está de volta

quinta-feira, 13 de junho de 2019

O sarampo é uma virose, ou seja, é uma doença transmitida por um vírus, o paramyxovirus do grupo morbilivirus. Como a maior parte das doenças de disseminação respiratória, ele é bem mais comum no inverno pela maior aglomeração de pessoas. A doença estava bem controlada no Brasil, pois desde a década de 1990 o Ministério da Saúde não recebia nenhum comunicado de epidemias ou casos novos em todo o território nacional. Em função dessa vitória, a OMS (Organização Mundial da Saúde) nos concedeu o certificado de eliminação do sarampo. Aliás, ele foi estendido a outros países da América do Sul.

No entanto, corremos o risco da perda desse certificado, pois sua manutenção é baseada na não incidência de casos confirmados, do mesmo vírus, durante 12 meses. Isso ocorre porque a partir de 2017, com a derrocada do governo venezuelano, entraram no Brasil cerca de 30 mil imigrantes e em 2018, mais dez mil, fugindo da fome e das mazelas impostas pelo ditador Maduro, ao povo venezuelano, entre elas a eliminação dos programas de vacinação em massa da população, principalmente das crianças.

 Com isso, em 2018 de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil foram registrados 10.274 casos de sarampo, e segundo a OMS, o primeiro caso foi registrado em 19 de fevereiro de 2018. Se ainda tivermos casos registrados e confirmados em 2019, haverá a criação de um comitê de especialistas dentro da organização para avaliar a situação em nosso território. O problema é que, já foram notificados 123 novos casos, assim distribuídos: Amazonas, 4; Roraima, 1; Pará, 53; São Paulo, 51; Santa Catarina 3; Rio de Janeiro, 7; Minas Gerais, 4, e o que é pior, há 348 casos notificados de sarampo sendo investigados no país, ou seja, sem confirmação por enquanto. Essa comunicação é obrigatória, exatamente para que o governo tome as providências necessárias para evitar uma epidemia.

Aliás, esse é o grande problema que envolve a acolhida de imigrantes em massa, seja por que motivo for (perseguição política, fome, guerra civil etc.). A solidariedade deve existir sempre, pois em princípio, ela é um predicado do ser humano. Mas, partindo-se do princípio de que a qualidade de vida de um povo está acima de qualquer coisa, alguns critérios deveriam ser exigidos antes da admissão dos imigrantes. Talvez, por isso, no final do século 19 e nos primórdios do século 20, existisse o famoso período de quarentena, quando os estrangeiros eram colocados em locais afastados do contato com a população, para evitar possíveis epidemias caso alguns já chegassem com um vírus ou uma bactéria no período de incubação.

Como o Brasil mantém um programa importante de vacinação voltado para a população, esses novos casos de doenças erradicadas aqui, são importados ou secundários a importados.  A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. Ela é muito contagiosa, sendo que 90% das pessoas suscetíveis adquirem-na ao entrar em contato com alguém contaminado. Ela dá imunidade definitiva, pois só se tem sarampo uma vez. A fase de contágio se dá dois dias antes de o exantema surgir e até cinco dias depois.

E quais são os sintomas dessa virose? Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular, coriza e congestão nasal e mal estar intenso. Após estes sintomas, há o aparecimento de manchas avermelhada (exantemas) no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias. São comuns lesões muito dolorosas na boca. A doença pode ser grave, com acometimento do sistema nervoso central e pode complicar com infecções secundárias como pneumonia, podendo levar à morte. As complicações atingem mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e as pessoas portadoras de imunodeficiências.

Não existe tratamento específico para o sarampo. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. Para os casos sem complicação é importante manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. As complicações como diarreia, pneumonia e otite média, podem requerer internação, segundo critério médico.

Mas, o mais importante é a prevenção e essa só é obtida com a vacinação em massa.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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