Ninguém quer largar o osso

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Nicolas Maduro assumiu a presidência da República na Venezuela em 2012, ao substituir Hugo Chaves, afastado para se tratar de um câncer, em Cuba. A partir daí jamais deixou o poder, chegando aos extremos de mudar a constituição venezuelana para continuar se reelegendo. A Venezuela mergulhou numa das maiores crises financeiras de que se tem notícia e nem assim ele está disposto a reconhecer a desgraça que trouxe para seu país.

O russo Vladimir Putin, iniciou seu mandato em maio de 2000 e é outro que tenta se eternizar no poder, mudando a legislação eleitoral a seu bel prazer e tentando aniquilar a oposição, manobra típica dos governos ditatoriais. As eleições presidenciais russas se aproximam e ele, com medo de perder o poder, faz de tudo para calar seus opositores e partir para mais um escrutínio do tipo: “Sim, queremos que ele fique”; “não, não queremos que ele saia”.

Entre nós, o mesmo fenômeno ocorre. Desde de 2002 o PT e o PMDB governam o Brasil, mesmo após a constatação de que deixaram o país prostrado, quase nocauteado, com a maior crise financeira, institucional e moral de que se tem notícia. Estamos diante da falência das instituições, quando a defesa da normalidade e da legislação é substituída pelo casuísmo. O próprio STF, após chancelar a prisão de condenados na segunda instância, para evitar que os endinheirados, através de manobras processuais postergassem indefinidamente sua prisão, pensa em mudar as regras do jogo. Tudo isso para tentar salvar a pele de Luís Inácio e outros implicados na operação Lava-Jato.

A condenação de Lula foi mantida pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região, com sede em Porto Alegre-RS, em segunda instância. Esgotado o recurso que lhe cabe, nesse mesmo tribunal, sua ex-excelência pode ser recolhida “aos costumes”. Uma das alegações de um membro do STF é que um possível erro da primeira instância poderia ser cometido, também, na segunda. Mas, nessa linha de raciocínio, todas as instâncias subsequentes poderiam estar erradas e o criminoso jamais seria preso. O pior é que a maioria dos membros do STF, sete entre os 11, foram indicados por Luís Inácio ou pela sua sucessora, Dilma Rousseff. Para mim tem algo de podre no reino da Dinamarca. E supor que dois tribunais possam errar, sistematicamente, é querer tripudiar sobre a inteligência da população.

No entanto, grave é o fato de dois senadores, Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias, pessoas que deveriam, pelo próprio cargo que ocupam, pregarem a ordem e o respeito às leis, virem a público incitar a desordem, a violência; o próprio Stedile, presidente do MST, um movimento que prega invasões, agressões, composto na maioria por desocupados pagos para protestarem, ameaça por o Exército (que Exército?) na rua para defender seu líder maior. Só se for o exército de Brancaleone. Aliás, todos três, fossemos nós um país sério, deveriam ser processados pelo Ministério Público, por incitação à ordem pública e à violência.

Mas vejam só, defender Luís Inácio, um aproveitador inteligente, como a maioria dessa espécie o é, cuja liderança, como hoje está provado, foi comprada a peso de ouro, quebrando o país e jogando-o numa das mais sérias crises de que se tem notícia, parece brincadeira de mau gosto. Nosso desemprego bate os 12 milhões de cidadãos, muitos deles acreditaram no conto do vigário que lhes contaram o ex-presidente e sua trupe e o mantiveram no poder por quase 15 anos. Nossas estradas federais são uma calamidade, a saúde pública, simplesmente não existe e o brasileiro amarga falta de medicamentos de alto custo, diminuição dos leitos hospitalares e hospitais públicos sucateados. Nossas instituições são uma lástima e nossas autoridades desmoralizadas, haja visto o ministro Gilmar Mendes ser ofendido e vaiado num voo de carreira. O que é pior, sua posição de nada valeu, pois como dar voz de prisão para todos os passageiros? Mas será que o rei dos habeas corpus teria moral para isso?

 O pior, é que muitos ainda defendem Luís Inácio, seja por medo de perderem a mamata, seja por ideologia doentia, seja por burrice mesmo. Será que na cadeia, aonde é o seu lugar, ele seria mesmo uma ameaça à paz social? Não acredito, não creio que o cidadão de bem coloque sua integridade à prova, para defender mal condenados pela justiça, ainda mais aqueles que têm sua pena aumentada em 30%. Na verdade Luís Inácio perdeu a oportunidade de inscrever seu nome na história para anotá-lo na crônica policial.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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