Há coisas que só acontecem ao Botafogo: Derrotado pelo VAR

quarta-feira, 29 de maio de 2019

No último sábado, 25, jogaram em Brasília, pelo campeonato Brasileiro, as equipes do Palmeiras e do Botafogo. Como o mando de campo era do time da estrela solitária, ele preferiu vender o jogo para patrocinadores, obtendo assim uma receita maior e fixa. Na realidade temia um público menor que o da capital federal, em seu próprio estádio no Rio de janeiro. Sabia também, que sua torcida lá é muito grande, o que certamente aumentaria sua receita.

A disparidade de elencos entre o time de São Paulo e o do Rio de Janeiro é muito grande e, se por um lado a posse de bola dos cariocas era maior, os paulistas demonstravam mais objetividade com a bola nos pés. Mesmo assim, Palmeiras e Botafogo fizeram um primeiro tempo equilibrado e com poucas chances de gols e, tecnicamente, ruim. Muita marcação, meios congestionados, pouco espaço, nada de gols. Esperava-se mais para dois times com boas campanhas e atuações neste início de competição, o alviverde na ponta da tabela e o alvinegro, o quinto colocado.

Os dois times foram para os vestiários amargando um 0 a 0, placar esse que, provavelmente permaneceria até o fim, não fosse a lambança do VAR (do inglês árbitro assistente de vídeo), uma parafernália eletrônica para auxiliar o juiz, quando de lances com interpretação duvidosa, mas que está gerando muita insatisfação. É uma tecnologia que deveria ser aprimorada entre nós, antes de ser adotada pela CBF, já que tem tanto poder decisório.

Eram decorridos 11 minutos do segundo tempo, quando veio um cruzamento da direita sobre a área botafoguense, que resultou num chute em direção ao goleiro Gatito Fernandes. Ele, na realidade, saiu mal do gol. A bola escapuliu de suas mãos e ia em direção a Deyverson, atacante palmeirense. Num contato com Gabriel, defensor botafoguense, ele se projetou ao solo, o que dentro da área seria pênalti.

Paulo Roberto Alves Júnior, árbitro do jogo, ignorou o lance e mostrou cartão amarelo por simulação ao atleta palmeirense. Antes da reposição da bola em jogo, o VAR acionou o juiz e esse ao rever o lance, em câmera lenta, não só anulou o cartão amarelo, como marcou o pênalti, na realidade inexistente.

Tanto o juiz tinha convicção da não existência da penalidade que não hesitou em punir o atleta com o cartão amarelo. Aliás, com exceção de Deyverson nem os demais jogadores palmeirenses reclamaram a penalidade. A filmagem em câmara lenta dá uma ideia completamente diferente do lance real, que acontece em velocidade normal e, o que é mais grave, o VAR não é indutor de decisões, pois quem decide no final das contas é o árbitro do jogo. Mas, na realidade acaba sendo induzido.

Como em todas as decisões desse tipo não existe unanimidade, alguns repórteres que assistiam ao jogo disseram que a penalidade não existiu e outros juraram de mãos e pés juntos, que o defensor do Botafogo calçou o atacante palmeirense. Aliás, a equipe de São Paulo assinou recentemente um contrato com a Rede Globo, para a transmissão  de seus jogos, novela que se arrastava desde janeiro; como o alviverde paulistano é um forte candidato ao título do brasileirão desse ano e como sua torcida é muito grande, o que é interessante em termos de marketing, Paulo Roberto pode ter sido coagido, pois num país como o Brasil, tudo é possível.

No dia seguinte, no jogo entre o Flamengo e o Atlético Paranaense, houve um lance semelhante, em que o atacante Gabigol, do rubro-negro da Gávea, se projetou na área paranaense, num lance típico de simulação, e o VAR confirmou o pênalti. Mas, aqui, tratava-se do xodó da Globo e com retorno de marketing muito maior.

O Palmeiras converteu seu pênalti ganho de bandeja, ganhou o jogo por 1 a 0 e o Fogão foi derrotado pelo VAR. Realmente, existem coisas que só acontecem ao Botafogo.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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