Governo prepara assalto aos bolsos do funcionalismo público

quarta-feira, 08 de novembro de 2017

Não satisfeito em assaltar a população brasileira com impostos abusivos, o governo federal se prepara, agora, para roubar categorias específicas da população produtiva desse país abandonado por Deus. Foi encaminhada ao Congresso Nacional uma MP (medida provisória) que suspende o aumento dos salários dos funcionários públicos previsto para 2018. A MP excluiu funcionários do Judiciário, principalmente juízes e promotores, pois alguns deles são a garantia da impunidade para membros do Executivo e Legislativo.

Essa medida também vai aumentar a contribuição previdenciária da categoria de 11% para 14%, mas só será válida para aqueles que ganham mais de cinco salários, usando outra vez da descriminação típica que se iniciou no governo do PT, em que para os menos favorecidos tudo e para os demais, nada. Talvez, aqueles que ganham menos sejam mais fáceis de serem enganados, e continuem elegendo uma classe política corrompida e desconectada com a realidade do país. É uma maneira descarada de diminuir os salários dos funcionários públicos.

Mais uma vez, o socialismo moreno parte do princípio de que é a classe média que tem de pagar por todos esses anos de roubalheira, verdadeiro assalto à mão armada, perpetrado pela classe política nacional, incluindo presidentes, ministros, governadores e prefeitos. Mas, para tentar dourar a pílula, o Ministério do Planejamento arquitetou duas explicações. A primeira é que a inflação para 2017 será de 2,5% e o aumento previsto para os funcionários públicos seria de 6%; esqueceram que durante muitos anos tal reajuste anual foi inferior à inflação calculada pelo governo. A outra, risível e de um cinismo incrível, é apelar para o patriotismo desse mesmo funcionário, nesse momento difícil que o Brasil atravessa.

Abrindo mão do aumento salarial de um lado e aplaudindo o aumento da contribuição previdenciária de outro, o famoso barnabé se encheria de brios por ter contribuído com a recuperação nacional e continuaria a sustentar todos esses parasitas que vivem às custas do Brasil. No entanto, se o presidente, ministros, deputados federais, senadores e juízes, principalmente os do STF, também tivessem seus salários diminuídos, as gratificações indecorosas inerentes ao cargo como auxílio moradia, carro e combustível de graça, planos de saúde, bolsa escola para os filhos até os 21 anos, e outros mais, suprimidos, poderíamos apelar para o tal patriotismo. Infelizmente, esse não é o caso, pois tal amor à pátria só é imposto a uma parcela da população; aqueles que assaltam e denigrem essa mesma pátria, estão excluídos de tal sacrifício.

A trupe governante esquece que o cidadão nem sempre é desmemoriado, principalmente aquela parcela que se mantem informada e antenada com o que aqui acontece. Em todos os seus discursos a nível nacional e internacional, o presidente Temer faz questão de dizer que o pior já passou, que a taxa de desemprego está em queda, que a produção industrial voltou a crescer e o PIB brasileiro dá sinais de recuperação. No entanto, o dólar nunca atingiu valores tão elevados, o que atesta a desvalorização do real; aliás, a queda da inflação se deve muito mais a uma diminuição do consumo da população do que a uma recuperação econômica propriamente dita.

Em 2016, o governo da presidente Dilma Roussef tentou uma manobra semelhante (ou seja, Temer adota as mesmas estratégias de quem ele sucedeu) e foi abortada pelo STF. Entre as várias medidas que os sindicatos que representam o funcionalismo público estão articulando está uma ação impetrada junto à mais alta corte do país, buscando que ela julgue a inconstitucionalidade de tais medidas como já o fez no passado. Será que o STF manterá a mesma decisão ou adotará o famoso dois pesos duas medidas? A ação é a mesma e a crise apenas trocou de sigla.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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