Glaucoma leva à cegueira, quando não tratado

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Acho que é dever do jornalista informar os leitores sobre as ocorrências no dia a dia; quando esse jornalista também é médico, a informação sobre determinadas doenças que podem comprometer irremediavelmente a qualidade de vida do cidadão torna-se uma necessidade. Daí, hoje, abordar uma doença que põe em risco um dos sentidos mais importantes do ser humano, ou seja, a visão. Vou falar do glaucoma.

É uma doença crônica do olho, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular e que compromete o nervo ótico, levando a uma perda progressiva da visão e eventualmente à cegueira. Não tem cura e o que é pior, o seu início não apresenta sinais ou sintomas que nos façam suspeitar da sua presença. Ele pode ser controlado, mas não curado e é a segunda causa mais importante de perda da visão, ficando atrás apenas da catarata,

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram existir cerca de sete milhões e seiscentas mil pessoas no mundo cegas bilateralmente por tal patologia. Infelizmente não existem dados estatísticos sobre a incidência da doença no Brasil, principalmente porque nos países em desenvolvimento, aproximadamente noventa por cento das pessoas não sabem que têm glaucoma e o diagnóstico é feito tardiamente. Ele afeta mais os indivíduos negros do que brancos, e como somos um país multirracial, a nossa incidência deve ser tão alta quanto nos Estados Unidos, um país tão plurirracial como o nosso. O Medical News Today calcula que dois milhões de americanos tenham a doença.

A PIO (pressão intraocular) normal varia entre 12 a 23 mmHg (milímetros de mercúrio), com média de 16; no entanto, um valor acima de 21 já é considerado alto, requerendo o início imediato do tratamento. O aumento da PIO vai acarretar lesões nas fibras nervosas que constituem a retina, de onde emerge o nervo ótico. Esse nervo tem como função transmitir ao cérebro, as imagens que se formam na retina e que, em suma, nos permitem ver.

Pode ser crônico ou agudo. Quando crônico é caracterizado pela perda da visão periférica (visão que permite perceber objetos ao nosso redor). Quando agudo, se dá porque a pressão interna do olho torna-se extremamente alta e causa perda súbita e grave da visão. Normalmente o risco de contrai-la aumenta com a idade, sendo sua incidência maior a partir dos quarenta anos. Existe ainda o glaucoma congênito, uma forma rara e que ocorre em crianças pequenas e a forma secundária, que surge como consequência de doenças oftalmológicas, das cirurgias oftalmológicas, do uso de corticoides e de outros medicamentos.    

 Por ser assintomática, a melhor maneira de sabermos se somos portadores ou não da doença é o exame anual de vista, que todos devemos fazer, principalmente aqueles que completaram quarenta anos. O exame não é demorado e é indolor.

O tratamento deve começar tão logo se constate uma PIO (pressão intraocular) elevada, pois esta é a única maneira de se preservar a visão. Como toda doença crônica, a aderência às medidas propostas pelo médico é uma garantia de que a visão será conservada. Na maioria das vezes usa-se colírios cuja função é normalizar a PIO e nos casos de difícil controle, recorre-se à cirurgia para tentar manter a pressão intraocular em níveis normais.

Abaixo alguns conselhos úteis com o intuito de preservar a visão daqueles que sofrem da doença: após os 45 anos faça um exame de vista com regularidade; se algum membro da sua família tem glaucoma, consulte um oftalmologista antes de completar quarenta anos; após a primeira consulta você deve repeti-la todos os anos; e importante seguir o tratamento prescrito pelo seu médico e respeitar os horários recomendados por ele no uso da medicação; respeite o número de instilações de colírio indicado na sua receita; evite o fumo, pois ele agrava o risco de evolução para a cegueira; e converse com seu médico sobre a sua limitação visual e os riscos que possam existir para dirigir.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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