Carta aberta ao presidente do Brasil

quarta-feira, 13 de março de 2019

Exmo. Sr. Jair Messias Bolsonaro, não fui seu eleitor por uma questão de logística, uma vez que estava fora do país quando das eleições presidenciais. Mas, desde o início, abracei sua candidatura e fui um dos que se colocou na trincheira para defendê-lo e tornar realidade uma mudança na bolorenta política brasileira. Foi assim que um candidato com parcos recursos financeiros, se comparados aos mamutes PSDB, PT e PMDB, conseguiu subverter a ordem e sair vitorioso das eleições de outubro de 2018. Aliás, isso incomodou em muito esses políticos venais, que temos em abundância, pois o dinheiro até pode tudo comprar, mas chega um momento que a consciência das pessoas fala mais alto. A falácia dos de má índole cai por terra e sobressai a máxima de que há um limite para tudo.

O senhor tem pouco mais de 60 dias de empossado e não se passa um dia sem que seus inimigos, pois já não os encaro como adversários, não o ataquem. Por isso, transcrevo um trecho de um artigo que recebi, de autor desconhecido, que mostra o quanto tudo isso é desconfortável: “Já sobrevivi a oito eleições presidenciais, antes dessa que elegeu Bolsonaro. Em toda a minha vida, nunca vi ou ouvi falar de um presidente sendo examinado sobre cada palavra que fala, humilhado pela mídia até a desgraça, caluniado, ridicularizado, insultado, ameaçado de morte; sem falar na tentativa de denegrir a imagem da primeira dama e ter seus filhos, também, insultados e humilhados. Estou verdadeiramente envergonhado com a mídia do meu país; tenho vergonha dos insuportáveis inimigos de Bolsonaro, que não têm ética, valores ou moral. Tenho vergonha da irresponsabilidade dos repórteres ao acharem-se no direito de opinar pessoalmente, apenas para influenciar suas audiências em uma direção negativa, mesmo que não sejam verdadeiras...” .

O Brasil dos últimos 25 anos passou pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso, um lobo na pele de carneiro, por Luís Inácio e Dilma Rousseff, duas hienas sem disfarce. Abro aspas para citar o melhor deles todos, responsável pelo plano Real, e que após sua morte foi relegado ao ostracismo, Itamar Franco. Nenhum deles, no início de seus respectivos mandatos foi tão aviltado como o senhor; mas, verdade seja dita, nenhum durante a campanha eleitoral ameaçou o status quo vigente, como o fez nosso atual presidente. Diga-se de passagem, que seu discurso, muito provavelmente, vai cair no esquecimento, uma vez que o ranço, a falta de pudor, de patriotismo desses congressistas atuais, suplanta a falta de vergonha do mais empedernido dos pilantras. Veja bem, presidente Bolsonaro, o dito centrão condiciona a sua participação na escolha dos componentes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) à indicação de apadrinhados para cargos de segundo e terceiro escalões e à liberação de verbas para obras em suas bases eleitorais. Diga-se de passagem, que se a sua postagem carnavalesca fosse substituída pela imposição desses sujeitos, o efeito pornográfico teria sido muito maior. Ou seja, se não se voltar à política bolorenta de antão, a reforma da Previdência será muito mais difícil. Mas, seus adversários já caíram como abutres em cima da carniça, ao ouvirem que o pleito desses congressistas seria atendido.

Para finalizar fica aqui um conselho de quem é jornalista formado, não apadrinhado pelos decretos do STF, que cassou a obrigatoriedade do diploma de jornalista, para exercer a profissão. Quando o senhor for entrevistado ao vivo ou em gravação não fale, jamais, pausadamente muito pelo contrário, fale o mais rápido que puder, tipo uma metralhadora giratória. Com esse subterfúgio evita-se o nefasto poder das mesas de edição, capazes de deturpar completamente a fala do entrevistado. Ou faça como o “impoluto” Delfim Neto, que nunca concedeu entrevista ao vivo. Todas passaram pelo crivo de seus assessores, antes de irem ao ar.

Que ao final do seu mandato consigamos calar a boca de seus inimigos e que o Brasil possa ter um AB e DB (antes de Bolsonaro e depois de Bolsonaro).

TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.